Hoje vou responder mais essa pergunta: quando devemos cortar o freio da língua do bebê?
Mas, antes de tudo, vale destacar que essa é uma questão MUITO polêmica!
Em 2014, uma lei Federal foi sancionada, a Lei nº 13.002/2014, que oficializou o “Protocolo de Avaliação do Frênulo da Língua em Bebês”(o famoso Teste da Linguinha).
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), imediatamente publicou uma Nota de Esclarecimento em repúdio à expedição da lei. Dentre os motivos para a Nota:
E principal: a SBP não foi consultada em nenhum momento. Desde a elaboração do projeto de lei até a sua promulgação.
A avaliação da língua já era um procedimento realizado de rotina pelos pediatras.
O estudo utilizado para a elaboração do projeto era um estudo brasileiro que avaliou -pasmem- APENAS 10 BEBÊS.
Não havia um protocolo mundial ou consenso para a indicação da cirurgia (frenectomia ou frenotomia).
Para quem quiser ler a nota a fundo, deixo o link ao final do texto.
Muita água rolou e em 2019, a SBP encaminhou um ofício ao Ministério da Saúde solicitando a revogação da Lei nº 13.002, de 20 de junho de 2014.
Dentre os argumentos utilizados, destaco:
“O protocolo brasileiro inicialmente proposto pela lei aponta as maiores prevalências de anquiloglossia relatadas em todo o mundo, causando preocupação quanto a um provável superdiagnóstico. Vale ressaltar, também, que os estudos apontam a importância do seguimento nas primeiras semanas para os recém-nascidos com anquiloglossia que apresentarem dificuldades de amamentação. E este seguimento deve ser sempre realizado pelo pediatra”.
Para esclarecer, anquiloglossia seria a língua-presa “de verdade”. A sua incidência real na população é baixíssima e de fácil diagnóstico.
Mais do que isso, apesar de ser de fácil diagnóstico ele NÃO INDICA CIRURGIA!
Nenhuma ferramenta diagnóstica ou protocolo de triagem para a “língua presa” já criado é apropriado para o corte do freio da língua (frenectomia).
É indispensável a avaliação da mamada na Maternidade e após, ambulatorialmente, no consultório para uma possível indicação cirúrgica.
“E parecia que a Sociedade de Pediatria já estava prevendo o que estava por vir…”
Em 2018 e 2021, o Ministério da Saúde lançou notas técnicas para a orientação dos profissionais de saúde.
Nelas, o indicado seria a realização do Protocolo Bristol de Avaliação da Língua (BTAT) nos recém-nascidos nos primeiros dias de vida. Uma pontuação de 0-2 para 4 critérios seria dada ao paciente, sendo que, quanto menor a nota mais provável a chance de anquiloglossia grave (língua presa).
Veja abaixo:
***IMPORTANTE: Ainda assim, o Protocolo NÃO INDICA A CIRURGIA PARA CORTAR O FREIO LINGUAL!!! A avaliação da mamada ambulatorialmente continua sendo o PADRÃO-OURO.
Por fim, sim… prometo estou terminando.
No ano de 2022, a Sociedade de Cirurgia Pediátrica também se manifestou sobre o enorme aumento do número de frenectomias e frenotomias.
Destaco:
Ou seja, o procedimento NÃO é simples!
NÃO é só um “piquezinho”. NÃO é só um pontinho.
Pode trazer consequências seríssimas, lesões de glândulas e até de musculatura- eu infelizmente conheço e já presencieis alguns casos…
E sim, é necessário um profissional qualificado para realizá-lo.
Mais do que isso, é necessário um profissional qualificado para INDICÁ-LO!
Como havia dito, parece que a SBP já pressentia o que ia acontecer…
Em algumas partes do mundo, houve o aumento de mais de 800% do número de procedimentos cirúrgicos!!!
Uma lástima…
Espero que tenha respondido mais essa!
Nos vemos em breve.
Até lá!
Dr. Vinícius F. Z. Gonçalves
Pediatra e Neonatologista
CLÍNICA GONÇALVES- Deixa a nossa família cuidar da sua
Hoje, no Brasil, cerca de 10% dos bebês nascidos são prematuros, cerca de 300 mil bebês/ano.
E, temos MUITO o que comemorar!
No dia 21/10/2022 foi aprovado por UNANIMIDADE a extensão da licença-maternidade para as mães de bebês nascidos prematuros.
Este assunto já vinha sendo discutido desde 2020, mas ainda em caráter provisório…
Há uma semana, a lei foi sancionada pelo Superior Tribunal de Justiça (STF) e diz que: “o início da licença-maternidade começa após alta hospitalar da mãe ou do recém-nascido, o que ocorrer por último.”
O entendimento vale para internações longas, acima do período de duas semanas, e obviamente, engloba os casos de bebê prematuros.
1) Mas qual era a regra antiga?
O afastamento da gestante poderia ocorrer entre o 28° dia antes do parto e a data de nascimento do bebê. Pela legislação anterior, a licença-maternidade tem duração de 120 dias, período no qual a mulher tem direito ao salário-maternidade, cujos custos devem ser arcados pela Previdência Social.
2) E o que mudou?
Atualmente nos casos em que se a exija internação prolongada da mãe ou da criança, bebês prematuros ou quando houver complicação decorrente do parto e se exija a permanência por mais de 14 dias, internado, esse período não será considerado na contagem dos 120 dias de afastamento remunerado ao qual a gestante tem direito.
3) Mas a partir de quando o tempo de licença-maternidade é contado?
O início determinado é a partir da alta hospitalar da mãe ou do recém-nascido, o que ocorrer por último.
4) E se houver uma nova internação? O prazo será extendido?
Não. Se porventura aconteça uma internação posterior à alta, o período de internação não será considerado para fins de prorrogação do benefício.
Se restar dúvida, deixo abaixo o link da Portaria Conjunta de N°28, de 19 de março de 2021.
5) Tá certo. Mas o porquê de tanta comemoração?
Hoje, infelizmente, uma minoria das mães conseguem amamentar os seus bebês.
Seja por dificuldades em relação ao parto, à própria amamentação ou devido à pressão externa da família ou amigos…
As famosas frases:
” Seu leite é fraco”
” Seu leite não sustenta”
” É por isso que ele não dorme”
” Dá uma mamadeira para ele que você vai ver como ele passa a noite toda”
” Na minha época, você já estava comendo caldinho de feijão com 2-3 meses”
Enfim, além dessa enormidade de baboseiras, soma-se a necessidade da volta ao trabalho.
Atualmente, no Brasil, a amamentação exclusiva alcança 45,8% dos bebês com até seis meses.
Muitas mulheres têm que ou são estimulas a interromper a amamentação para voltar ao trabalho.
Além das enormes perdas, referentes à nutrição, imunidade, desenvolvimento cognitivo… Temos também a perda do vínculo mãe-bebê.
Em especial, àquelas que já tem a sua maternidade e o seu puerpério interrompidos pelo nascimento prematuro e pela internação prolongada em UTI.
Deixo aqui as palavras Dr. Clóvis Francisco Constantino, Presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP):
“Essa é uma decisão histórica, que vem ao encontro de todos os pleitos que temos feito nos últimos anos no que tange a proteção, promoção e apoio ao aleitamento materno. Todos nós sabemos, e já está mais que comprovado cientificamente, os benefícios do leite materno para as crianças e para as mães que amamentam.”
VAMOS COMEMORAR! TEMOS MUITO O QUE COMEMORAR!!!
Saiba e exija os seus direitos.
Todos a favor da amamentação!!!
Até a próxima.
Dr Vinícius F. Z. Gonçalves- Pediatra e Neonatologista
CLÍNICA GONÇALVES- Deixe a nossa família cuidar da sua.
Cá estou novamente para responder a mais essa pergunta.
Antes disso, gostaria de falar sobre a Consulta Pré-Natal com o Pediatra e/ou Neonatologista.
Muito recorrente em alguns centros, mas pouco conhecida ou falada aqui, no local em que trabalho e resido.
É incrível que muitas pessoas não sabem que existe ou deveria existir alguém para receber o seu bebê após o nascimento. E que, conhecê-lo antes do parto, poderia ser mágico.
Todas as suas dúvidas e anseios poderiam ser respondidos e discutidos, como por exemplo: “qual é o tempo certo para clampear o cordão umbilical do seu bebê”.
É importante pontuar que para entrarmos a fundo na questão, é imprescindível que dividamos os bebês em dois grupos: Prematuros (menores que 34 semanas) dos Prematuros tardios (maiores que 34 semanas) e Recém-nascidos Termo.
Prematuros (menores que 34 semanas)
“…o clampeamento tardio do cordão umbilical (com mais de 30 segundos)…demonstrou redução da mortalidade, redução das taxas de hemorragia intracraniana, melhor estabilização da pressão arterial e menor necessidade de transfusões…”
No caso dos prematuros nascidos em boas condições, com choro forte e bom tônus, o tempo mínimo de clampeamento deveria ser de 30 segundos até a 60 segundos (1 minuto).
Um estudo de revisão da Cochrane, que incluiu mais de 4.000 prematuros e que, comparou os recém-nascidos que tiveram o clampeamento tardio do cordão umbilical (com mais de 30 segundos) com aqueles que não tiveram essa oportunidade, demonstrou redução da mortalidade, redução das taxas de hemorragia intracraniana, melhor estabilização da pressão arterial e menor necessidade de transfusões durante a internação naqueles incluídos no primeiro grupo.
E a ordenha do cordão umbilical?
Não há estudos com boa metodologia, até o momento, comparando o clampeamento precoce com a ordenha do cordão (manobra para tentar deslocar mais sangue do cordão para o bebê) para se dizer qual seria a melhor alternativa neste cenário, entretanto já existem estudos demonstrando o aumento de hemorragia intracraniana em bebês prematuros extremos (com menos de 28 semanas) que foram submetidos a manobra de ordenha ao nascer.
Prematuros tardios (maiores que 34 semanas) e Recém-nascidos termo
“…se o bebê termo apresentou um clampeamento precoce (com menos de um minuto de vida), a reposição de ferro deveria começar já nos 3 primeiros meses de vida e que aquilo seria um fator de risco para anemia futuramente.”
Semelhante ao primeiro grupo, este aqui num cenário de nascimento em boas condições (choro forte e bom tônus), deveria-se realizar o clampeamento do cordão umbilical entre 1 a 3 minutos.
Apenas isso, pode afetar na hemoglobina do recém-nascido já nas primeiras horas de vida e garantir um nível de ferritina (estoque de ferro) adequado para os próximos 3-6 meses.
Neste ponto, gostaria também de realizar uma pausa…
A atualização do Consenso de Anemia Ferropriva em Pediatria, em Agosto de 2021, pela Sociedade de Pediatria (SBP) incluiu o tempo de clampeamento do cordão umbilical como fator de risco para anemia.
Nele é pontuado que, se o bebê termo apresentou um clampeamento precoce (com menos de um minuto de vida), a reposição de ferro deveria começar já nos 3 primeiros meses de vida e que aquilo seria um fator de risco para anemia futuramente.
Veja como, o simples ato de aguardar um minuto, pode afetar o seu bebê nos próximos meses e como discutir isso com o seu Pediatra pode ser benéfico.
No entanto, como nem tudo são flores, bebês com mais hemoglobina também tem mais risco de icterícia (amarelão) e devem ser acompanhados de perto durante os primeiros dias de vida.
No que tange a ordenha do cordão umbilical, neste grupo de bebês, as evidências são insuficientes para tal recomendação, independentemente das condições de nascimento.
Para os bebês que não choram ao nascer, a recomendação é que seja feito o estímulo tátil no dorso (costas do bebê) em até duas ocasiões e caso não haja resposta, que seja feito o clampeamento precoce para o início das manobras de reanimação e estabilização pelo Pediatra.
Tudo que está descrito aqui acima foi baseado em uma Diretriz realizada em conjunto pela SBP e pela FEBRASGO (Federação Brasileira de Associações de Ginecologia e Obstetrícia) e publicada em Março deste ano, deixo o link abaixo.
Mais do que conhecer as recomendações é imprescindível que você as discuta (no bom sentido) com a equipe que fará o seu parto antes dele acontecer.
Todos sairão ganhando com isso, mas, principalmente, o seu bebê!
Espero ter respondido a mais essa.
Dúvidas ou sugestões? É só deixá-las abaixo.
Nos vemos em breve.
Até lá!
Dr Vinícius F. Z. Gonçalves- Pediatra e Neonatologista
CLÍNICA GONÇALVES- Deixe a nossa família cuidar da sua
O ato de doar e ajudar o próximo é o um dos mais belos que o ser humano pode realizar.
Estamos acostumados a ouvir sobre doação de sangue e de órgãos, mas muito pouco se sabe sobre doação de leite e agora, no dia 19 de Maio, comemoramos o “Dia de doação de leite humano”.
Não há data melhor para informar, conscientizar e orientar as mães sobre a doação de leite.
O leite materno contém vários macro e micronutrientes, elementos bioativos, anticorpos, células de defesa e bactérias necessárias para a formação e maturação do intestino do bebê (microbioma) e do seu sistema imune.
Indiscutivelmente, ele é a melhor opção para a nutrição da crianças, exclusivamente, até o sexto mês de vida e de forma complementar, ao menos até o segundo ano de vida.
No entanto, é notório o número crescente de mães que não podem amamentar ou que possuem baixa produção láctea, principalmente quando falamos de mães de prematuros que estão internados em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal.
Apesar da possibilidade de complementação com fórmula adequada para a idade, nesses casos, o leite materno é a melhor opção para esses bebês que possuem uma enorme emergência nutricional e imune.
Quando falamos de doação de leite, é importante deixar claro que NÃO estamos falando ou incentivando a amamentação cruzada, ou seja, o ato de uma mãe que possui grande quantidade de leite passar a amamentar o filho de outra mãe com baixa ou nula produção. Isso é perigosíssimo e CONTRA-INDICADO, pelo risco de transmissão de doenças.
Estamos falando da doação a partir dos Bancos de Leite Humano.
Hoje o Brasil dispõe de 223 Bancos de Leite Humano e de 220 Postos de Coleta, que não representam apenas unidades de captação de leite. São locais que fornecem ajuda, esclarecimento e incentivo para as mães continuarem amamentando, sendo elas doadoras ou não.
O leite doado passa por um processo de pasteurização, impedindo a possibilidade de transmissão de doenças, a qual a amamentação cruzada poderia resultar.
Entretanto, nesse processo, algumas das propriedades do leite são perdidas, como fatores que estimulam a imunidade e que diminuem a atividade bacteriana.
O mesmo não se pode dizer dos fatores imunomoduladores, que ao contrário, são curiosamente aumentados e que protegem os prematuros de doenças como a displasia broncopulmonar, retinopatia, sepse e enterocolite. Bem como, os componentes nutricionais, que são mantidos como no leite cru.
Em 2020, apesar da pandemia e da redução do número de doações, foram realizados mais de UM MILHÃO de atendimentos nos Bancos de Leite e foram doados cerca de 200.000 litros de leite humano, o que beneficiou exatos 180.763 neonatos.
PARABÉNS A TODAS MAMÃES ENVOLVIDAS!!!
Você é lactante e quer ajudar?
Deixo abaixo os locais aqui na nossa região que aceitam a Doação do Leite Humano:
Banco de Leite Humano do Conjunto Hospitalar de Sorocaba
Se você não for dessa região e quer saber qual o banco de leite mais próximo, ligue para o Disque-Saúde: 136.
Vamos fazer essa corrente de bem e amor!
Até a próxima.
Dr Vinícius F. Z. Gonçalves- Pediatra e Neonatologista
CLÍNICA GONÇALVES- Deixe a nossa família cuidar da sua.
Fontes:
Nota de Destaque: 19 de maio – Dia de doação de leite humano- “Aumentando a conscientização sobre a doação de leite humano”- Sociedade Brasileira de Pediatra- 14 de Maio de 2021
Hoje falaremos sobre “Os 10 Maiores Mitos em Pediatria”.
E desmistificaremos todos eles!!!
Bora lá?
Bebê precisa tomar água.
Mentira!
Os bebês, até a introdução alimentar, devem receber leite materno preferencialmente ou fórmula láctea adequada para a idade EXCLUSIVAMENTE.
NÃO é adequado e nem necessário dar qualquer outro tipo de líquido como água, chás ou sucos.
A oferta de outros líquidos pode fazer o bebê mamar menos e é um fator de risco para infecções gastrointestinais e cólicas.
Acredite, o leite materno tem TUDO aquilo que seu bebê precisa, inclusive líquido.
E caso você não consiga amamentar exclusivamente, a fórmula também já tem a quantidade de líquido exata para seu bebê.
Então tire da cabeça a ideia de dar água para ele no começo da vida.
2. Chá de picão e banho de sol reduzem o amarelão (icterícia).
Mentira!
Não há nenhuma comprovação científica de que o chá de picão possa reduzir a icterícia dos bebês.
No entanto, também não há indícios de que o banho de imersão com a erva possa trazer qualquer malefício ao bebê.
Bem como, não há nenhuma recomendação formal ao banho de sol como forma de redução do amarelão.
Ainda, essa exposição solar direta e por longos períodos pode ser prejudicial ao bebê.
Guia de Fotoproteção da Criança e Adolescente- Sociedade Brasileira de Pediatria
3. Funchicórea é eficaz contra a cólica.
Quando o tema é a cólica do lactente, nenhuma medicação foi comprovadamente eficaz para combatê-la.
A Funchicórea foi retirada do mercado, há alguns anos, pois a Anvisa desconfiou sobre a variação da quantidade de um dos componentes da formulação, o ruibarbo.
Apesar de ser um fitoterápico, o excesso da medicação pode provocar efeitos adversos graves aos recém-nascidos, como sonolência e sedação.
Além disso, uma das formas de ofertá-la aos bebês é adicionando-a na chupeta, o que além de promover o desmame precoce, pode provocar pneumonias aspirativas devido ao pó inalado.
Se não bastasse, um dos motivos de deixar o bebê mais calmo é a presença de sacarina, ou em outras palavras, açúcar.
Bula da Funchicórea
Portanto, além da eficácia controversa, pode trazer efeitos indesejáveis ao bebê.
Contra-indico.
4. Nenê Dent ou similares melhoram a dor relacionada ao surgimento dos dentes nos bebês.
Alguns países já retiraram esses produtos de mercado.
O Brasil ainda não, mas a Sociedade de Pediatria Brasileira (SBP) contra-indica o seu uso.
O motivo?
Eles geralmente contém Lidocaína, que é um anestésico tópico. Em doses altas, ele já foi responsável pela morte e intoxicação de crianças em todo mundo.
E adivinha o que mais tem na composição?
Bula do Nenê Dent
Isso mesmo! Mais açúcar. O que já configuraria um fator de risco para cáries nos bebês.
Mais uma mentira! Não indico.
5. Introdução alimentar deve ser feita com frutas e sucos.
Apesar de ser prática ainda comum. A introdução alimentar não precisa ser feita exclusivamente com frutas.
Sabe o famoso suquinho de laranja lima que a vovó adora recomendar assim que seu pequeno começa a comer?
Então, caiu por terra!
A SBP não recomenda a introdução de sucos antes do primeiro ano de vida. E, sim, estou falando dos naturais mesmo.
Por quê?
Porque este fato está intimamente relacionado ao sobrepeso e à obesidade infantil.
Manual de Alimentação da Infância À Adolescência- Departamento de Nutrologia
6. A melhor posição para dormir é de lado, correto?
Errado!
A melhor posição para dormir é de BARRIGA PARA CIMA!
Esta posição pode prevenir a morte súbita em até 70%.
Os bebês, no início da vida, tem uma respiração exclusivamente nasal. Então temos que evitar que qualquer objeto cause obstrução do narizinho e a asfixia. Cobertores, bichinhos de pelúcia e outros objetos fofos para fora do berço!
Além disso, o bebê possui um reflexo de defesa próprio, caso regurgite e ele naturalmente inclinará a cabeça para um dos ombros.
A via aérea também fica anatomicamente mais protegida quando o bebê está de barriga para cima.
De barriga para baixo, o caminho natural do leite, caso regurgitado, seria para a traqueia (pulmões). Observe como de barriga para cima o bebê fica mais protegido.
7. Não devo dar ovos ou peixe no início da introdução alimentar.
Mentira.
Assim como a introdução alimentar precoce, antes do quarto mês de vida, pode acarretar alergias e obesidade/sobrepeso; retardar a introdução de alimentos como o peixe e o ovo, pode ser fator de risco para alergia alimentar futura.
Por exemplo, não introduzir o ovo até o nono mês de vida pode aumentar o risco de alergia em 1,5 vezes. E não introduzi-lo até o primeiro ano de vida aumento o risco de alergia em 3 vezes.
A criança deve aproveitar a Janela Imunológica e ser apresentada a TUDO o que for natural até os 9 meses, extendendo no máximo até o primeiro ano de vida.
Guia de Alimentação da Criança ao Adolescente- Departamento de Nutrologia
8. Se o bebê ficar alguns dias sem fazer cocô devo ficar preocupada e fazer uso de supositório o quanto antes.
Os recém-nascidos possuem um reflexo chamado “reflexo gastrocólico”. Assim que o alimento cai no estômago, o intestino começa a fazer movimentos peristálticos e, em pouco tempo, ele elimina gases e fezes.
Entretanto, por volta do primeiro mês de vida, o bebê pode passar mais dias sem fazer cocô e isso pode ser perfeitamente normal.
Muitos bebês podem chegar a ficar quase uma semana sem evacuar, fazerem muita força para fazer cocô, ficarem vermelhos e isso não chega a ser configurado como constipação ou intestino preso.
Isto, inclusive tem nome: “Disquesia”.
Site da Sociedade Brasileira de Pediatria
Não estimule com cotonete. Não faça uso de supositórios.
Se seu bebê estiver bem, realize apenas massagens na barriguinha e movimentos com as perninhas.
Este é um processo normal de aprendizagem de como ele deve fazer a força correta para fazer cocô. Deixe seu bebê aprender mais essa!
9. Meu filho tem fimose. Devo fazer massagens e estourá-la o quanto antes para que ele não tenha que fazer cirurgia no futuro.
Mentira. Mentira. Mentira. M-E-N-T-I-R-A!
Quase a totalidade dos meninos nascem com fimose. A chamada “fimose fisiológica”, ou seja, normal.
E cerca de 90% deles terão resolução total até os 3 anos de idade.
A recomendação de fazer massagens e “estourar” a fimose não é verdadeira. Deve-se fazer movimentos suaves durante o banho ou limpeza para retirar o excesso de secreção apenas.
Estas manobras mais bruscas podem causar traumas psicológicos e físicos, gerando tecido cicatricial secundário que só poderá ser resolvido com cirurgia.
Portanto não os faça. Tenha tranquilidade!
10. Apesar de colocar meu bebê de pé após a mamada, nem sempre ele arrota. Pior ainda, ele quase sempre regurgita ou vomita. Acho que ele tem refluxo. Vou começar a dar uma medicação que uma amiga minha dá para o filho dela que também tem refluxo.
Recomendamos que após a mamada, o bebê sempre seja colocado em posição vertical por 20 a 30 minutos, porque isso pode ajudar a evitar que ele regurgite.
Entretanto, NÃO ele não precisa arrotar após todas as mamadas. Nem todos bebês arrotam.
Por outro lado, mais de 70% dos bebês regurgitam. E, se o seu bebê está com bom ganho de peso, altura, evoluindo bem, sem mais nenhum sintoma de gravidade… Tenha tranquilidade!
O pico do refluxo fisiológico acontece com 4 meses. Após isso e, principalmente, quando ele estiver sentando e iniciando a introdução alimentar, o refluxo deve reduzir naturalmente.
Além do que, mesmo para a Doença do Refluxo Gastroesofágico, grande parte das medicações caiu por terra. A Ranitidina (Label), que era comumente prescrita, saiu de mercado em 2020 pois havia um componente- a nitrosamina- que se ingerida por longo período de tempo estava relacionada ao surgimento de cânceres.
Todo cuidado com qualquer medicação dada ao seu bebê.
Sempre siga as recomendações do seu médico.
PERGUNTA BÔNUS
O SURGIMENTO DOS DENTES CAUSA FEBRE?
Essa resposta vou deixar com a publicação passada.
Dúvidas ou sugestões? É só deixar aí abaixo ou no campo “Dúvidas” do Site.
Nos vemos em breve.
Até lá!
Dr Vinícius F. Z. Gonçalves- Pediatra e Neonatologista
CLÍNICA GONÇALVES- Deixe a nossa família cuidar da sua.
Fontes:
Manual de Alimentação da Sociedade de Pediatria (Água para o recém-nascido) -https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/publicacoes/14617a-pdmanualnutrologia-alimentacao.pdf
Hoje responderemos a mais esta questão: “Febre do dente: Verdade ou Mito?”
Mas antes de falar sobre isso, se você tem dúvidas de como é o nascimento dos dentes dos bebês e quando ele deveria ocorrer, recomendo que veja esta publicação do site:
Para responder a esta questão, usei como base um dos maiores estudos já feito sobre o assunto, uma Meta-análise, que é um conjunto de vários estudos, publicado na Revista Pediatrics em Março de 2016: “Sinais e sintomas da erupção primária dos dentes: uma meta-análise” (link no final deste artigo).
Nele, é pontuado que junto com o surgimento dos dentes os pais citam como sintomas:
Inflamação da gengiva
Vermelhidão
Redução do apetite
Aumento da salivação
Problemas com o sono
Diarreia
Vômitos
FEBRE
Bem, e no estudo eles foram medir a temperatura destas crianças que estavam em pleno período de erupção dos dentes e descobriram que:
Na imensa maioria dos estudos, a temperatura dos bebês, nos dias que antecediam o nascimento dos dentes, oscilava entre 36,3 a 36,9°C e, no dia exato da erupção dos dentes, entre 36,2 a 37°C.
Portanto, a resposta para a nossa pergunta é: NÃO!
O nascimento dos dentes NÃO provoca febre.
Ele pode provocar elevação da temperatura do corpo, mas não a febre propriamente dita.
Mas doutor, eu juro que quando os dentes do meu bebê estão para nascer, ele tem febre, saliva mais, tem diarreia, tosse e escorre o nariz. O que pode estar acontecendo então?
O estudo também explica isso, assim como a Sociedade de Pediatria (link abaixo).
Justamente, no período em que os dentes vão nascer, as crianças estão em plena fase oral.
Levando objetos à boca, descobrindo o mundo com a boca. E não devemos barrar este processo importantíssimo.
Além disso, esta fase costuma coincidir com a introdução alimentar e com a maior exposição dos bebês a outras crianças/início da creche.
E, é justamente por isso, que ocorre o aumento das infecções respiratórias e gastrointestinais, que cursam com febre, vômitos, diarreias, coriza e tosse.
Ainda, por volta dos 5 ou 6 meses, as glândulas salivares aumentam a sua produção e tornam as suas secreções mais volumosas e espessas, o que justifica aquela “babação” característica da fase.
Por fim, assim que surgirem os dentes, já se recomenda o acompanhamento com o Odontologista Pediátrico, para o início das orientações, cuidados com os dentinhos e até mesmo para a criança já se acostumar com o ambiente do consultório do dentista.
Por hoje é só!
Espero que tenha elucidado mais esta questão.
Nos vemos, em breve.
Até a próxima!
Dr Vinícius F. Z. Gonçalves- Pediatra e Neonatologista
CLÍNICA GONÇALVES- Deixe a nossa família cuidar da sua.
Depois de algum tempo eu retorno. E não poderia deixar de falar sobre o Novembro Roxo, o mês da prematuridade.
Em Março falei um pouco sobre o tema e a importância do Neonatologista, na recepção em sala de parto do prematuro, no cuidado durante a internação e no acompanhamento pós-natal.
Hoje , no entanto, gostaria de destacar a oportunidade e o imenso prazer que tive em ministrar a aula sobre a Neuropreservação e Seus Cuidados, na Semana da Prematuridade do Hospital Unimed São Roque.
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Nesta aula, pude destacar que os cuidados com o recém-nascido prematuro já se iniciam no pré-natal, na boa assistência à saúde da mulher, sobretudo; e do papel preponderante na assistência peri e pós-natal realizada pelo Neonatologista.
No entanto, mais do que isso, hoje gostaria de destacar “os meus prematuros”- neste mês a comemoração é deles.
E quando digo “os meus prematuros”, me refiro àqueles que o destino me presenteou.
Alguns deles pude cuidar desde o início, na Unidade de Terapia Intensiva. Outros conheci na maternidade ou apenas no consultório. Mas agradeço imensamente à confiança dos papais e me alegro em ver a boa evolução de todos. Gostaria de dividir alguns casos com vocês:
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Parabéns a todos vocês!!!
Agradeço pelo privilégio de poder acompanhá-los, desde o chorinho à primeira palavra.
Muito obrigado.
Dr Vinícius F. Z. Gonçalves- Pediatra e Neonatologista
Chegou o Março Lilás! Mês de atenção ao cuidado do bebê prematuro!
Atualmente no Brasil, nascem cerca de 3 milhões de crianças por ano, sendo que ao redor de 11% delas são prematuras.
Em São Paulo, nascem por volta de 600 mil crianças anualmente e a proporção de prematuros é idêntica.
Inclusive já temos um dia próprio e específico só para o prematuro que é o dia 17 de Novembro, Dia Mundial do Prematuro e o Novembro Roxo, mês da prematuridade.
Além disso, em 2009 foi aprovado o Projeto de lei nº 146, que instituiu o Dia da Atenção ao Cuidado do Bebê Prematuro, comemorado todo o dia 14 de março, no âmbito do Estado de São Paulo.
Mas por que toda essa preocupação???
Além do aumento do número de prematuros em todo o país- crianças que nascem com menos de 37 semanas de idade gestacional- é necessário um cuidado especial com esta população.
O bebê prematuro necessita de uma equipe treinada e bem capacitada para a sua recepção na sala de parto, após o nascimento, estabilização e encaminhamento à Unidade de Terapia Intensiva (UTI), para a redução da mortalidade e das morbidades inerentes à sua condição.
Quem é o Neonatologista? O que ele faz?
O Neonatologista é o médico formado em Pediatria e que fez a sua especialização em Neonatologia, área da pediatria que visa ao cuidado das crianças prematuras.
É o Neonatologista o profissional mais capacitado para realizar os primeiros cuidados do bebê logo após o nascimento na sala de parto, na UTI e o seu seguimento após a alta hospitalar.
O bebê prematuro possui uma série de particularidades que devem ser supervisionadas: o crescimento, o desenvolvimento psico-motor, a sua vacinação específica, o desenvolvimento visual, o controle de seu metabolismo ósseo e da anemia… dentre muitas outras características.
Ainda, estas são crianças com fator de risco aumentado para a obesidade, dislipidemia, hipertensão, diabetes e síndrome metabólica.
É preciso do cuidado rigoroso e pormenorizado para que se tornem adultos saudáveis.
Qual objetivo da campanha?
No período da campanha, deve-se intensificar a capacitação das equipes multiprofissionais, constituídas por neonatologistas, enfermeiros, fisioterapeutas, fonoterapeutas, psicólogos, nutricionistas e assistentes sociais, na prestação dos cuidados especializados que o bebê prematuro e sua família necessitam, não só durante a internação, mas também durante o acompanhamento após a alta hospitalar.
Temos que alertar não só os profissionais que cuidam deste bebês, mas também toda a sociedade sobe a importância e a necessidade deste cuidado específico feito pelo Neonatologista.
Feliz 14 de Março! Parabéns a todos bebês prematuros e aos papais e mamães que cuidam deles!
Dr. Vinicius F.Z. Gonçalves- Pediatra e Neonatologista
Hoje falarei sobre o Sono das crianças. Abordarei as possíveis causas de anormalidades e darei dicas sobre a Higiene do Sono. Vamos lá?
Mas o que viria ser a Higiene do Sono? Ela nada mais é do que uma associação de fatores comportamentais, ambientais, sociais, culturais, dentre outros que podem afetar o início ou a duração do sono.
Mas como posso realizar uma boa Higiene do Sono para meu filho? Veja algumas dicas na tabela abaixo:
No entanto, a Higiene de Sono não é fixa e igual a todas crianças, visto que possuímos hábitos e padrões diferentes em cada família/cultura.
O importante é tentar criar uma rotina de sono desde pequeno. O bebê, devido a sua imaturidade neurológica e social, necessita da segurança e da ajuda dos pais para conseguir, desde os primeiros dias de vida, dormir sozinho.
Somente após os dois meses de idade é que o bebê passa a criar uma rotina de sono, apresentando um ciclo de sono/vigília mais ordenado, necessitando cada vez menos dos cochilos durante o período diurno- característica esta que se estende até os cinco anos de idade, em média.
1.Ritual do Sono
Desde pequenas, as crianças devem ser estimuladas a perceber que está chegando o momento de dormir- o chamado ritual do sono.
Próximo ao momento de dormir, evite sons altos, ruídos bruscos, abaixe a intensidade da luz e evite alimentos ou medicações estimulantes. Quando a criança já for maior, peça a ela que guarde os seus brinquedos, coloque os pijamas, escove os dentes e que vá para a cama- uma música calma ou historinha antes de dormir, com a criança já na cama, também ajuda bastante.
A hora de dormir pode significar o momento de separação dos pais, o que pode causar angústia e medo. Mas devemos encorajar as crianças a ficarem sozinhas e que caso aconteça qualquer coisa durante o sono, digam a elas que estarão próximos para ajudá-las.
Este ritual do sono não deve se estender mais do que 30 minutos. As crianças gostam de barganhar bastante, portanto, sejam firmes e imponham limites para uma nova historinha antes de dormir, por exemplo.
Outra coisa muito comum são os despertares noturnos. Caso a criança acorde, ela deve estar apta a voltar a dormir sozinha. Caso necessite da ajuda dos pais, evite acender a luz, fale baixo e , se possível, não retire a criança do berço ou da cama.
O hábito de dormir com a criança no colo, embalando, na cama dos pais ou na frente da televisão ou tablet/celular cria uma dependência na criança e deve ser desencorajado.
Quando ocorre um despertar noturno e a criança se vê em outro lugar que não aquele o qual ela adormeceu cria-se o medo e a apreensão, além do fato dela estar sozinha. Por este motivo, ao perceber sinais de sono, como o bocejar ou coçar os olhos, a criança deve ser levada ao berço ou à cama e assim, dormir em seu próprio ambiente.
Os pais podem e devem ficar próximos até o adormecer, mas devem deixar claro que não dormirão próximos da criança- isto vale a partir dos 4 meses de idade, antes disso, a criança deve dormir no quarto dos pais.
Mesmo que seja difícil, inclusive para os pais, é de extrema importância a existência destes limites. O fato de ceder, que seja por uma única vez, mesmo que por manha pode reforçar o comportamento na criança.
Caso a criança crie o hábito de dormir no colo ou cama dos pais, diante de televisão, tablet/celular, ao ocorrer um despertar noturno, ela necessitará dos mesmos artifícios para voltar a dormir e isto prejudicará a rotina da casa e a própria rotina do sono.
Evite filmes de terror ou histórias assustadoras antes de dormir. Caso a criança acorde e não consiga voltar a dormir, vá até o quarto e tente acalmá-la sem tirá-la da cama ou berço, mostrando-se sempre de forma acolhedora. Viagens, doenças, preocupações- como o nascimento de um irmãozinho, medo do escuro ou do “bicho-papão” podem fazer com que a criança acorde e não consiga voltar a dormir. Tente conversar com ela sobre assuntos agradáveis, como o que ela fez no dia ou sobre alguma atividade futura que ela irá fazer, retirando assim os pensamentos ruins da cabeça.
Em casos mais graves, como separação dos pais, óbitos de familiares ou conhecidos, ou em ambientes em que há muitas brigas e discussões (que não devem ocorrer na frente da criança) um profissional, como o psicólogo ou psiquiatra, pode ser de grande valia.
2. Rotina do Sono
É imprescindível que se crie uma rotina para o sono, incluindo os finais de semana e feriados.
Como dito acima, viagens ou doenças/internação hospitalar podem desestruturar uma rotina já criada e que, assim que possível, deve ser restaurada.
O sono regular libera melatonina, hormônio indispensável para o ciclo circadiano, ou seja, para o corpo entender que é dia e que precisará de mobilizar toda a sua energia naquele período até a noite. Crianças que não tem uma rotina de sono adequada apresentam sonolência durante o dia e baixo aproveitamento escolar, além de dificuldade de concentração e memória.
Além disso, é durante o sono que é liberado o hormônio de crescimento também.
Os bebês em especial, necessitam de vários cochilos diurnos e eles devem ser encorajados. Não devemos limitar esses períodos de descanso. Já, crianças maiores e até mesmo adolescentes, podem realizar cochilos no período vespertino, no entanto, estes não devem ultrapassar mais do que 30 minutos.
3. Alimentação
A criança deve estar bem alimentada e também ter uma rotina de alimentação. Não deve ter fome e nem estar superalimentada.
O jantar deve ser mais cedo, podendo haver uma ceia próxima do horário de dormir, evitando assim uma alimentação copiosa próximo dele.
Evite também o café, chá preto ou mate, chocolate, refrigerantes, pois estes alimentos contém cafeína.
Dê preferência a um lanche leve, acompanhado de leite, pão e queijo branco.
Os bebês podem dormir durante a amamentação ou acordar durante a noite para mamar. Este é um hábito comum nos primeiros meses de vida, mas que deve ser desencorajado conforme a criança cresce.
Não é incomum escutarmos que o bebê acorda durante a noite e os pais, ao ofertar a mamadeira ou o seio materno, percebem que ele adormece em poucos minutos… Será que o motivo que fez o bebê acordar foi realmente fome ou será que criamos essa rotina de sono?
4. Hábitos
Dormir com uma pequena luz acesa ou com um objeto transicional como um ursinho, “naninha” ou paninho não configura um problema.
Este tipo de objeto ajuda na separação dos pais no horário de dormir, mas não deve se tornar indispensável ao sono com o tempo.
Dormir com os pais na cama, ocasionalmente, pode ser prazeroso, mas não deve se tornar um hábito. O bebê , como dito, deve dormir em berço próprio e de barriga para cima, pois esta posição evita a morte súbita do lactente:
5. Atividade Física
Evite realizar atividade física até três horas antes do horário de dormir, pois isto pode prejudicar o sono.
Evite que a criança brinque de correr ou pular antes do sono. Como já citado, prepare o ambiente de dormir, reduzindo a atividade física, os ruídos e a luz.
Espero que com essas dicas a hora do sono se torne mais prazerosa aos pequenos e a vocês!
Por hoje é só.
Dúvidas ou sugestões? É só deixá-las abaixo ou na página de Facebook da Clínica Gonçalves.
Até a próxima.
Dr. Vinícius F.Z. Gonçalves- Pediatra e Neonatologista
Baseado em: Higiene do Sono- Sociedade Brasileira de Pediatria- Setembro de 2017.
Olá! O assunto da semana de hoje será a “Cólica do Lactente”, distúrbio que deixa mães e bebês de cabelo em pé.
Vamos entender um pouco mais sobre ele?
1) O que é “Cólica do Lactente”?
Costumo frisar sempre para os pais que a “Cólica do Lactente” é um distúrbio BENIGNO e TEMPORÁRIO que costuma afetar bebês a partir dos 15 dias de vida até os 3 meses de idade.
2) Porque ele acontece?
O motivo é multifatorial, mas costumo destacar 3 grandes causas: os gases e a dificuldade em digerir o leite, a microbiota intestinal em formação e a dismotilidade intestinal. Esse tripé de causas será a base do tratamento das cólicas.
3) Como sei que o meu bebê tem “Cólica do Lactente”? Como faço o diagnóstico?
O diagnóstico é CLÍNICO. Devemos antes excluir outros motivos de choro:
Ou seja, será que o bebê não está com fome, com gases, irritado, com sono, com a fralda cheia, com os dentes em erupção, solto física ou emocionalmente? Antes de dizer que é cólica, devemos excluir isso tudo.
Veja o vídeo a seguir, que mostra um “truque” para tentar acalmar seu bebê, se o caso dele não for de cólica:
Excluídas outras causas de choro, a “Cólica do Lactente” é provável e deve seguir a famosa regra dos 3:
3 horas de choro diários
Por , pelo menos, 3 vezes na semana
Durante 3 semanas
4) Tá certo, meu bebê tem a famigerada “Cólica do Lactente” . Como eu consigo tratá-la?
Insisto em dizer que a “Cólica do Lactente” é um distúrbio BENIGNO e TEMPORÁRIO, visto que, nenhum tratamento é 100% eficaz e que a única coisa que parece findá-lo é justamente o tempo- ou seja, o passar dos 3 meses.
Ainda, que cada criança responde de um jeito diferente e parece “preferir” um tratamento ao outro.
Além do que, costumo dizer que as próprias mães e os pais vão começar a entender melhor o seu bebê após 3 a 4 semanas de vida; diferenciando cada choro para cada exigência dele.
Como havia citado quando falei das causas, o tratamento baseia-se naquele tripé :
Dismotilidade
Parece que até o quarto mês de vida, o bebê; em especial o prematuro, possui um certo grau de dismotilidade intestinal.
O que isso quer dizer? Parece que ele não sabe conduzir bem seus gases e fezes num único sentido; sendo assim, eles ficam indo e voltando, de lá para cá, o que pode gerar tanto a cólica quanto um certo grau de refluxo gastroesofágico.
Sendo assim, uma coisa fácil e barata que pode ajudar nas cólicas são as massagens e o aquecimento da barriga do bebê.
E não, você não precisa ser massoterapeuta ou especialista em Shantala!!! Segue um vídeo e um link ensinando técnicas básicas de massagens:
O aquecimento pode ser feito com compressas mornas, bolsas de água quente (existem algumas no mercado com cheirinho de ervas e que acalmam o bebê), banho morno ou ofurô.
Gases e dificuldade em digerir o leite
O leite não é um alimento de fácil digestão, definitivamente. As fórmulas, ainda mais que o leite materno.
Além disso, o bebê parece apresentar um certo grau de intolerância ao leite, como se as enzimas necessárias para sua digestão ainda não estivessem totalmente formadas ou efetivas.
Desta forma, pode ocorrer a digestão incompleta/ fermentação do leite, gerando a formação de gases e desconforto.
Já existem formulações com enzimas que ajudam na digestão do leite e medicamentos para ajudar na eliminação dos gases, além das massagens explicadas acima.
Microbiota Intestinal
O bebê nasce com o intestino sem nenhuma Flora ou Microbiota intestinal e ele começa a ser colonizado a partir do momento que nasce.
A nossa Flora ajuda na digestão do alimento e é indispensável para o bebê.
Sendo assim, muitos bebês apresentam cólica por não conseguirem digerir o leite completamente, parecido com o que foi explicado acima.
Já temos também medicações que ajudam na formação desta Microbiota e que podem ajudar a combater a cólica, reduzindo o tempo do choro – em especial, as crianças que recebem seio materno exclusivo.
5) E os chás e a Funcho-chicoria? Minha Vó usava e dizia que era muito bom!
Pois é, nem tudo que usávamos e fazíamos antes, nós usamos e fazemos hoje- que bom!!!
Como preconizado pela Sociedade Brasileira de Pediatria, a criança deve receber exclusivamente Leite Materno ou Fórmula Láctea específica até os 6 meses de vida.
Os chás podem fazer com que a criança diminua a quantidade de leite ingerido e assim, perca peso. Além do que, não devemos dar açúcares ou adoçantes para crianças, nesta idade.
A Funcho-chicoria (extrato de erva-doce e chicoria) foi retirada do mercado em 2012 pela ANVISA. E apesar de ser um medicamento fitoterápico, não existem doses seguras recomendadas em bula (nem pelo fabricante).
Ela vem em pó e muitos pais dissolvem-na no leite ou na água (o que pode resultar no mesmo problema do chá) e ofertam para as crianças.
Outros, molham a chupeta no pó e ofertam para os bebês, o que pode acarretar em microaspirações, pneumonias aspirativas e problemas respiratórios futuros.
Infelizmente, a empresa que produz a funcho-chicoria conseguiu vencer a liminar que retirou a medicação das prateleiras e hoje vemos ela sendo vendida, sem bula e sem nada, em todas as farmácias…
Eu formalmente CONTRA-INDICO o seu uso.
Por outro lado, temos outros extratos de plantas , que também contém a funcho-chicoria, que são aprovados pela FDA (órgão americano que fiscaliza alimentos e medicações) e que são vendidos pela internet. Contém a inconveniência do preço e da necessidade de importação.
6) E a alimentação da mãe, pode causar e/ou piorar a cólica?
A resposta é…. SIM!
De certa forma, parte daquilo que a mãe ingere pode passar ao leite materno e, assim, para o bebê.
Já temos alguns vilões conhecidos, que são basicamente os mesmos alimentos que causam o refluxo gastroesofágico no adulto: café, chá preto, refrigerantes, energéticos, embutidos e alimentos processados, frituras, molho de tomate, pimenta ou molhos condimentados, chocolate…
Dica básica? É só a mãe comer o mais naturalmente possível e sempre que for sair da dieta, não exagerar nas besteiras.
Ainda assim ,segue uma lista abaixo dos alimentos associados à colica:
7) O que fazer então?
Por fim, como sempre digo, toda doença que possui inúmeros tratamentos é porque nenhum deles é realmente efetivo.
Na minha vivência, observo que cada caso é um caso.
Que cada bebê responde de uma forma aos diversos tratamentos e medicações.
O que vale sempre a pena é os pais tentarem entender se aquele desconforto do bebê é realmente cólica. Se sim, qual parte do tripé deve ser o causador do desconforto? Gases, dismotilidade ou microbiota? E só então tentar tratá-lo.
Meu único e último alento é que a cólica VAI PASSAR! E o seu pediatra sempre estará ao lado para tentar ajudá-los nesta fase.
Hoje vou ficando por aqui.
Uma ótima semana a todos e até a próxima.
Dr. Vinícius F.Z. Gonçalves- Pediatra e Neonatologista