Assistir TV faz mal para o bebê?

Olá! Tudo bem com vocês? Eu espero que sim!

E aí? Será que faz mal para o bebê assistir TV, usar tablets ou smartphones?

A resposta é SIM!

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda ZERO horas de tela para crianças com menos de 2 anos.

O excesso de telas pode predispor a alterações de sono, a problemas visuais e à obesidade.

Falei sobre isso numa postagem anterior.

Confira aqui: https://clinicagoncalves.com/2020/03/01/obesidade-infantil-a-epidemia-parte-2/

Além disso, pode causar distúrbios de atenção e irritabilidade, a chamada Síndrome Visual do Computador.

Por acaso, você não percebeu que algo mudou nas crianças pós-pandemia?

Pois é, as telas podem ser a chave de muitas respostas.

Mas hoje vamos nos ater aos problemas visuais. E os principais são:

1) Efeitos na acomodação

A acomodação é o efeito que os músculos dos olhos (ciliares) fazem no cristalino para que consigamos focar um objeto, principalmente de perto.

Após 2 horas de telas, já pode haver o comprometimento de 20% da acomodação visual.

E isso pode causar visão embaçada, dor de cabeça, olhos vermelhos e até mesmo problemas de convergência (estrabismo).

2) Efeitos na Superfície Ocular

Crianças que ficam nas telas piscam menos e de forma menos efetiva.

Ao piscar, distribuímos o filme lacrimal de forma uniforme.

A exposição prolongada a telas pode provocar queimação nos olhos, sensação de areia, vermelhidão e secura.

Sabe aquela criança que não para de piscar e que parece ter um tique? Pois bem, isso pode ser um efeito resposta para a tentativa de melhorar a hidratação.

Por bem, apenas com um mês de redução do uso de telas já vemos uma melhora nesses sintomas.

3) Efeitos na motilidade ocular

Temos visto um aumento no número de crianças que apresentavam a visão normal e desenvolveram estrabismo, nos últimos anos.

Em alguns desses casos, os pais referem que as crianças muitas vezes fechavam um dos olhos para melhorar a visão, que se apresentava dupla, principalmente ao longe.

O abuso das telas pode “forçar” os músculos retos mediais dos olhos e ser um fator de risco para o estrabismo adquirido (“olho vesgo”).

Ficar em frente aos smartphones por mais de 5 horas por dia demonstrou ser um fator de risco elevado para a condição.

4) Incidência e progressão da Miopia

Tem se notado um aumento no números de Míopes no mundo.

Estima-se que até 2050, metade das pessoas do mundo serão Míopes.

E credita-se a essa tendência ao aumento do uso de telas e ao menor tempo gasto ao ar livre.

Após a COVID, um estudo notou um aumento de quase 3x na incidência de Miopia em crianças de 6-8 anos.

Na Ásia, 90% dos adolescentes e adultos são míopes.

Estima-se que até 2050, 50% das pessoas do mundo serão Míopes.


MEU DEUS!!!!

Então o que fazer?!?

1) Primeiro e óbvio

Reduzir o tempo de tela e expor os pequenos ao ar livre.

Expor as crianças de 11-14h semanais ao ar livre e à luz solar mostrou ser um fator de proteção para o desenvolvimento de miopia.

2) Distância

Uma distância de um braço da tela e a um ângulo abaixo do rosto seriam as ideais.

Ajuste o brilho e o contraste.

Evite a utilização da tela ao ar livre ou em ambientes muito iluminados e com reflexo.

3) Piscar

Conhecem a regra 20-20-20?

Simples (não tanto…).

A cada 20 minutos de tela, PARE!

Olhe para um objeto a 20 pés de distância (6 metros).

Por 20 segundos e PISQUE. Aproveite e relaxe o braço e os ombros.

Isso pode ajudar a lubrificação dos olhos.

O mesmo efeito pode ser efeito ao olhar para mais longe, em ambientes com luz natural e em intervalos maiores.

Para pessoas (adultos) que trabalham com telas, o uso de colírios lubrificantes também podem ajudar.


Como disse acima o mais importante seria limitar a tela, por mais difícil que isso possa parecer.

Incluir atividades ao ar livre, aproximará você e os seus filhos.

Além de ser um ótimo incentivo para a prática de exercícios e atividades físicas!

Termino o texto e deixo vocês com esse triste dado:

Vamos mudar isso!!! 😉

Nos vemos na próxima postagem.

Espero vocês lá!

Dr. Vinícius F. Z. Gonçalves– Pediatra e Neonatologista

CLÍNICA GONÇALVES- Deixe a nossa família cuidar da sua

Fontes:

– Documento Científico: Grupo de Trabalho Oftalmologia Pediátrica (gestão 2022-2024)
No 67, 12 de Maio de 2023. Sociedade Brasileira de Pediatria.

Aberta a temporada dos Resfriados

Olá! Tudo bem com vocês? Espero que sim!

E que estejam sobrevivendo ao começo do Outono também…

Sim, está aberta a temporada dos Resfriados!

São as águas de Março fechando o verão, já diriam Tom e Elis… E o clima seco, sem chuvas e frio é EXCELENTE e propício para o surgimento de doenças respiratórias. Além do que, é justamente agora aqui no Sudeste, que ocorre o maior pico (sazonalidade) da circulação de vírus causadores de resfriados.

Há alguns anos, já falei sobre a Bronquiolite aqui na página.

Deixo o link a seguir e o convite para que leia antes de prosseguir: https://clinicagoncalves.com/2018/02/15/416/

Mas então, hoje sugiro ir além, e fazermos o famoso bate-bola, nosso jogo de perguntas e respostas sobre os Resfriados- também conhecidos como IVAS (infecção de via aérea superior)-, Bronquiolite, Gripe e afins. Bora lá?

1) Existe algum jeito do meu filho não pegar resfriado?

A resposta é SIM e também NÃO.

Como assim?

Bom, vimos que o isolamento social nos anos pandêmicos trouxe uma certa calmaria para as crianças, e porque não dizer, para os pais no quesito Resfriados e infecções respiratórias em geral.

Portanto, obviamente que “isolar” crianças pequenas principalmente é um fator de proteção.

Ter cuidado com a lavagem de mãos, utilizar álcool em gel, evitar aglomerações (principalmente, quando falamos em menores de 3 meses de idade), evitar o tabagismo passivo, evitar que pessoas doentes (resfriadas) tenham contato com uma criança pequena PODEM sim e com toda certeza prevenir uma infecção!

No entanto, evitar que crianças maiores vão à escola não parece uma escolha muita sábia.

Vimos ao vivo o efeito do isolamento social de crianças de 2-3 anos, que agora com seus 4-5 anos continuam apresentando vários quadros de resfriados.

O sistema imune necessita ser exercitado. Você só tem imunidade se tiver contato com vírus e bactérias ao longo da sua vida.

E por mais difícil que isso seja, num primeiro momento, é uma fase temporária até a criação de células de defesa.

O sistema imune naive (literalmente “virgem” traduzido do inglês), precisa do contato com agentes infecciosos para se especializar.

É por isso que populações carcerárias e povos indígenas são grupos prioritários em toda campanha de vacinação.

Colocar seu filho numa bolha- acho que fui claro quando disse numa idade mais avançada- só irá postergar uma situação que ele viverá assim que entrar na escola.

Isso sem contar toda a perda de contato social e educativa que a falta da escola traz.

Novamente, vemos na nossa geração de crianças pós-pandemia um aumento da incidência de atraso de fala, de problemas de relações sociais, do abuso de tela e por aí vai…

2) Não faço lavagem nasal. Tem problema?

Novamente, sim e não.

Como disse, o clima frio, seco e com vários vírus circulando é um prato cheio para infecções.

A lavagem nasal deveria ser feita desde bebê, como uma medida de higiene comum. E não apenas quando a criança, e porque não nós mesmos, estamos doentes.

Se você acostumar seu filho desde pequeno, ele não se incomodará em fazer e intensificar a lavagem nasal quando estiver doente.

Ainda mais, se ele o vir também fazer, vai entender que a lavagem é algo natural, como escovar os dentes.

Então, o problema de não fazer lavagem, infelizmente será apenas seu, num primeiro momento e, em seguida, do seu filho também.

Mas….

PAUSA

Não é necessário e nem recomendado fazer da lavagem uma torneira.

Lavagem com seringa com grandes volumes e pressões ou com dispositivos de alto fluxo, principalmente em crianças pequenas, é um fator de risco para otites!

Então, muito cuidado com os vídeos de internet. 😉

Para finalizar, esse é e será o primeiro e crucial tratamento para qualquer doença respiratória. Alérgica ou infecciosa!

Pode perguntar para o seu otorrino, alergologista ou pediatra.

3) E inalação precisa? Só consigo fazer com meu filho dormindo e de chupeta, tem problema?

Acho que tudo o que disse acima, pode ser copiado aqui para baixo.

O soro fisiológico ajuda a retirar as secreções. Então, SIM! A inalação ajuda a remover aquela secreção parada nas seios da face, via aérea e pulmões.

Quando você realiza com a criança com a boca fechada ou com chupeta, obviamente que ocorre redução da efetividade.

Mas o que sempre digo, melhor realizar do que não realizar…

E, ainda mais, o melhor é aquilo que você consegue fazer! Se culpe menos!

4) Tenho a impressão que quando meu filho faz inalação ele tosse mais. Será que a inalação não está fazendo mal?

Não, não e NÃO!!!

A inalação é uma forma de ajudar na expectoração (lembra daqueles comerciais de xarope???). Então é justamente isso que o corpo está fazendo.

A tosse é um mecanismo de defesa do corpo. Quando tossimos estamos eliminando secreções e agentes infecciosos.

5) Mas não tem um xarope que faz o mesmo efeito, ou melhor, que corta a tosse?

A grande maioria dos xaropes são expectorantes e mucolíticos, ou sejam, fazem a secreção ficar mais fluida e você tossir.

Entenda, o grande mal, na verdade, é você ou seu filho não tossir e a partir daí ocorrer alguma complicação de um Resfriado como uma Otite Média, Sinusite Bacteriana ou Pneumonia.

Quem já teve o desprazer de ter um filho internado deve ter presenciado a prescrição de MUITA lavagem nasal, inalação e fisioterapia respiratória para a remoção do muco.

Os xaropes, na sua grande maioria, são destinados para crianças maiores de 2 anos (mesmo os caseiros muitas vezes por conter açúcar ou mel).

Então acreditem na lavagem nasal e na inalação com soro.🙏

Eles serão seus aliados em QUALQUER tipo de infecção de via aérea superior.

Raramente- leia-se nunca– prescrevemos xaropes anti-tussígenos (para cortar a tosse) em infecções agudas.

6) Certo! Mas meu filho está há um mês tossindo, isso é normal?

Depende.

Resfriados cursam com quadros que geram sintomas de 1-2 semanas.

No entanto, ainda mais nessa época, não é incomum que crianças tenham infecções consecutivas.

Por outro lado, se o quadro de tosse passa de 30 dias e não parece haver sintoma infeccioso associado é NECESSÁRIA a consulta com seu pediatra, ou alergista ou pneumologista.

Não esperem que o pronto-socorro resolva este tipo de queixa.

O pronto-socorro destina-se para queixas agudas, de poucos dias.

7) E não há um remédio para melhorar a imunidade?

Hoje existem diversos multivitamínicos. É só ir em qualquer farmácia e observar.

A verdade é que se houvesse uma vitamina milagrosa para melhorar a imunidade todos saberiam. Essa empresa estaria rica e os pais não estariam buscando o Santo Graal ainda hoje.

Sim, vou chover no molhado, mas a resposta você também sabe.

Resultados a longo prazo necessitam de constância.

Não existe remedinho milagroso para perder peso, não é mesmo?!?

Então, para imunidade ocorre o mesmo.

Aqui vão os passos para uma boa imunidade:

  • Crianças termo (sim, muitas vezes não podemos interferir nessa variante, mas vale lembrar que as grandes causas de prematuridade em nosso país ainda são as doença maternas descompensadas, por falta de um pré-natal adequado…).
  • Leite Materno ao menos até o 6 mês (novamente questões trabalhistas/sociais interferem neste quesito, mas é fato).
  • Na impossibilidade de Leite Materno, uso de Fórmula Adequada até o segundo ano de vida.
  • Evitar apresentação de Leite de Vaca antes de 1 ano de vida.
  • Evitar excesso de Leite.
  • Evitar uso de chupeta e mamadeiras após 2 anos de vida.
  • Evitar tabagismo passivo.
  • Evitar a entrada na escola/creche precocemente.
  • Introdução alimentar após o sexto mês de vida.
  • Boa alimentação (evitar guloseimas).
  • Atividade física regular.

8) E vacinas?

Sim!

1) Pneumocócica

O SUS fornece a vacina Pneumo 10 aos 2-4 meses e reforço com 1 ano.

Quem opta por fazer em Clínicas Particulares recebe a Pneumo 13 aos 2-4-6 meses e um reforço após 1 ano de idade.

Quem não recebeu a vacina 13 valente, pode receber uma nova dose em clínica particulares.

O Pneumococo é um dos principais agentes que causa otites, sinusites, pneumonias e até meningites.

2) Hemófilos Influenza Tipo B

O SUS fornece esta proteção na vacina Pentavalente fornecida aos 2-4-6 meses.

Quem realiza a vacinação em Clínicas Particulares, recebe uma quarta dose após 1 ano de idade com a Vacina Pentavalente Acelular.

É possível substituir a vacina DTP e Pólio Oral (Zé Gotinha) por essa vacina aos 15 meses de idade ou realizar a vacina Hib após 1 ano.

Percebeu? Hemófilos INFLUENZA?

Então, essa bactéria também pode causar otites, sinusites, pneumonias e até meningites.

3) Coronavírus

Pois é, o danado do Corona já podia causar MUITO problema antes da sua mutação em 2019.

Não preciso contar nada sobre ele.

E sabe o melhor? As vacinas são gratuitas!!!

A partir dos 6 meses temos a vacina Pfizer disponível e, após os 3 anos, esta e a Coronavac.

Apesar do medo dos pais e das fake news , nenhum evento adverso grave relatado até o momento.

Não deixem de vacinar os seus filhos.🙏

4) Gripe (Influenza)

A vacina é feita de vírus mortos. Portanto, NÃO causa gripe. Não caia nessa!!!

A Campanha já começou! Em Clínicas Particulares, a vacina cobre quatro tipos de vírus e a pública, três.

Em crianças que nunca receberam a vacina, recomenda-se 2 doses em um intervalo de um mês.

Para todas as outras, uma dose única anualmente.

BÔNUS

* E a vacina de Bronquiolite (Palivizumabe ou Synagis)?

Bom, primeiro gosto de explicar que ela não é uma vacina propriamente dita.

Ela age como um soro, ou seja, contém anticorpos prontos para serem fornecidos aos bebês e por isso deve ser feita mensalmente e durante 5 meses consecutivos, justamente nos meses de circulação do vírus Sincicial (vírus que causa a bronquiolite).

Sendo assim, ela não provê imunidade duradoura.

O SUS fornece a Palivizumabe apenas para:

– Prematuros com menos de 29 semanas no primeiro ano de vida.

– Pneumopatas e cardiopatas (existem condições específicas) nos dois primeiros anos anos de vida.

Ufaaaa!

Por hoje é só.

Cuidem-se. Cuidem dos pequenos!

E caso tenham dúvidas, é só deixar abaixo.

Nos vemos em breve.

Até lá!

Dr. Vinícius F. Z. Gonçalves

Pediatra e Neonatologista

CLÍNICA GONÇALVES- Deixa a nossa família cuidar da sua

Fontes:

  1. Sociedade Brasileira de Pediatria- Você conhece o VSR? Link: https://www.sbp.com.br/especiais/vsr/#:~:text=O%20V%C3%ADrus%20Sincicial%20Respiratório%20(VSR,%2C%20envelopado%2C%20da%20fam%C3%ADlia%20paramyxoviridae.&text=A%20maioria%20das%20crianças%20é,reinfecções%20durante%20toda%20a%20vida.
  2. Sociedade Brasileira de Pediatria. Boletim – Atenção Vírus Sincicial Respiratório. Link: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/Boletim_SBP_VSR_LSRK.pd
  3. Imagens:
  4. Sociedade Brasileira de Pediatria- Você conhece o VSR? Link: https://www.sbp.com.br/especiais/vsr/#:~:text=O%20V%C3%ADrus%20Sincicial%20Respiratório%20(VSR,%2C%20envelopado%2C%20da%20fam%C3%ADlia%20paramyxoviridae.&text=A%20maioria%20das%20crianças%20é,reinfecções%20durante%20toda%20a%20vida.
  5. Site Prefeitura Municipal de São Roque- Campanha de vacinação contra gripe segue em São Roque- https://www.saoroque.sp.gov.br/portal/noticias/0/3/8194/campanha-de-vacinacao-contra-gripe-segue-em-sao-roque

Como tratar piolho?

Olá! Tudo bem com vocês? Espero de todo coração que sim!

Hoje, por sugestão de uma mãe, irei falar sobre os piolhos. Como identificá-los, preveni-los e tratá-los.

Falando nisso, você tem sugestão de temas? Me encaminhe abaixo pela aba “Dúvidas ou Sugestões” ou pelo Instagram @clinicagoncalves ou @drvinicius_goncalves.

Além disso, gostaria de deixar aqui algumas publicações passadas sobre temas também relacionados com a volta às aulas:

  1. O que fazer se seu filho estiver com febre- https://clinicagoncalves.com/2021/01/12/o-medo-da-febre/
  2. Resfriados e dor de garganta- https://clinicagoncalves.com/2019/07/10/551/
  3. Bronquiolite- https://clinicagoncalves.com/2018/02/15/416/
  4. Mão-pé-boca- https://clinicagoncalves.com/2021/11/22/o-surto-de-mao-pe-boca/
  5. Vômitos e diarreia- https://clinicagoncalves.com/2019/05/14/536/

Bem, após todas essas dicas. Vamos aos piolhos!!!

1- Quem causa?

Quem causa a pediculose ou a infecção por piolho, é o ácaro Pediculus humanus capitis.

2- Como ele é transmitido?

Ele é transmitido de pessoa a pessoa, por contato direto. Portanto, não é transmitido a animais e nem é possível que seja transmitido do animal ao homem.

O compartilhamento de objetos pessoais também pode ser um meio de transmissão, como bonés, chapéus, escovas e pentes.

3- Como descobrir que meu filho tem piolho?

Uma pessoa com pediculose costuma ter MUITA coceira (prurido) no couro cabeludo. E por isso, ele também pode ficar avermelhado, com escoriações e casquinhas (crostas).

Além disso, podem aparecer ínguas ou gânglios (linfonodos) aumentados na parte de trás da cabeça, como a nuca ou atrás da orelha (occipital e auricular posterior). Veja a imagem abaixo:

4- Esse tipo de infecção é grave?

Não. Geralmente com o tratamento apropriado a doença é auto-limitada.

Entretanto, nem sempre ele é fácil e rápido.

A única possível complicação da doença seria a infecção do couro cabeludo por bactérias devido ao ato de coçar.

5- Existe prevenção?

Não. Infelizmente…

Ao saber que seu filho teve contato próximo com uma criança que tenha apresentado piolho, você deve realizar a avaliação diária dos cabelos do seu filho, penteando-o.

O uso de Ivermectina ou outros tratamentos não previnem a doença.

6- Como é feito o tratamento?

O tratamento é feito com soluções com Permetrina a 1% e podem ser utilizadas por quaisquer crianças com mais de 2 meses de idade.

E ele deve ser repetido após uma semana (geralmente nove dias após o tratamento).

Idealmente, deve-se lavar o cabelo e secá-lo. Aplicar o produto e deixar agir por 10 minutos e após enxaguá-lo com água morna.

A procura por lêndeas deve ser ATIVA!

Sempre penteie os cabelos com pente fino diluído com solução de vinagre ao meio ou condicionador a cada 2-3 dias.

Mas lembre-se: “Não se auto-medique! Uma avaliação médica é indispensável para a confirmação e para o tratamento adequado.”

7- Por que é preciso procurar as lêndeas e repetir o tratamento?

O piolho vive de 4-6 semanas.

Uma fêmea de piolho põe até- acredite- 140 lêndeas por vez!!! E geralmente, elas se aderem a 4 mm do couro cabeludo.

Como um fio de cabelo cresce cerca de 1cm/mês, é possível estimar o tempo de infestação pelo comprometimento do folículo piloso.

Após sete a nove dias, os ovos geram novos piolhos.

Sendo assim, é importantíssimo repetir o tratamento e realizar a busca e a retirada das lêndeas para um tratamento efetivo.

O tratamento com Ivermectina (comprimido) deve ser reservado apenas para casos refratários e para crianças com mais de 15 kg ou maiores de 5 anos de idade.

*** DICA DE OURO***

Para um tratamento efetivo, não esqueça de lavar os itens de uso pessoal como toalhas e roupas com água quente, preferencialmente acima de 50 graus celsius. E, se possível, secá-las com altas temperaturas e/ou passá-las com ferro quente.

Os pentes utilizados no tratamento, devem ser descartados ou deixados submersos em água quente, por no mínimo 10 minutos.

Fora do couro cabeludo, os piolhos vivem por apenas dois dias e os ovos (lêndeas), por no máximo sete dias.

Espero ter elucidado mais essa.

Como disse acima, se tiverem sugestões para os próximos temas podem deixá-las abaixo.

Nos vemos no próximo mês. Até lá!

Dr. Vinícius F. Z. Gonçalves

Pediatra e Neonatologista

CLÍNICA GONÇALVES- Deixa a nossa família cuidar da sua

Fontes:

  1. Pediculose (Piolho)- Sociedade Brasileira de Pediatria. Informativo para as Escolas- Grupo de Trabalho: Educação é Saúde (gestão 2022-2024). No 46, 17 de Fevereiro de 2023.
  2. Ectoparasitoses- Sociedade Brasileira de Pediatria. Documento Científico- Departamento Científico de Pediatria Ambulatorial. No 5, Outubro de 2020.

Quando cortar o freio da língua?

Imagem 1

Olá! Tudo bem com vocês?

Eu espero que sim!

Hoje vou responder mais essa pergunta: quando devemos cortar o freio da língua do bebê?

Mas, antes de tudo, vale destacar que essa é uma questão MUITO polêmica!

Em 2014, uma lei Federal foi sancionada, a Lei nº 13.002/2014, que oficializou o “Protocolo de Avaliação do Frênulo da Língua em Bebês”(o famoso Teste da Linguinha).

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), imediatamente publicou uma Nota de Esclarecimento em repúdio à expedição da lei. Dentre os motivos para a Nota:

  1. E principal: a SBP não foi consultada em nenhum momento. Desde a elaboração do projeto de lei até a sua promulgação.
  2. A avaliação da língua já era um procedimento realizado de rotina pelos pediatras.
  3. O estudo utilizado para a elaboração do projeto era um estudo brasileiro que avaliou -pasmem- APENAS 10 BEBÊS.
  4. Não havia um protocolo mundial ou consenso para a indicação da cirurgia (frenectomia ou frenotomia).

Para quem quiser ler a nota a fundo, deixo o link ao final do texto.

Muita água rolou e em 2019, a SBP encaminhou um ofício ao Ministério da Saúde solicitando a revogação da Lei nº 13.002, de 20 de junho de 2014.

Dentre os argumentos utilizados, destaco:

“O protocolo brasileiro inicialmente proposto pela lei aponta as maiores prevalências de anquiloglossia relatadas em todo o mundo, causando preocupação quanto a um provável superdiagnóstico. Vale ressaltar, também, que os estudos apontam a importância do seguimento nas primeiras semanas para os recém-nascidos com anquiloglossia que apresentarem dificuldades de amamentação. E este seguimento deve ser sempre realizado pelo pediatra”.

Para esclarecer, anquiloglossia seria a língua-presa “de verdade”. A sua incidência real na população é baixíssima e de fácil diagnóstico.

Mais do que isso, apesar de ser de fácil diagnóstico ele NÃO INDICA CIRURGIA!

Nenhuma ferramenta diagnóstica ou protocolo de triagem para a “língua presa” já criado é apropriado para o corte do freio da língua (frenectomia).

É indispensável a avaliação da mamada na Maternidade e após, ambulatorialmente, no consultório para uma possível indicação cirúrgica.

“E parecia que a Sociedade de Pediatria já estava prevendo o que estava por vir…”


Em 2018 e 2021, o Ministério da Saúde lançou notas técnicas para a orientação dos profissionais de saúde.

Nelas, o indicado seria a realização do Protocolo Bristol de Avaliação da Língua (BTAT) nos recém-nascidos nos primeiros dias de vida. Uma pontuação de 0-2 para 4 critérios seria dada ao paciente, sendo que, quanto menor a nota mais provável a chance de anquiloglossia grave (língua presa).

Veja abaixo:

***IMPORTANTE: Ainda assim, o Protocolo NÃO INDICA A CIRURGIA PARA CORTAR O FREIO LINGUAL!!! A avaliação da mamada ambulatorialmente continua sendo o PADRÃO-OURO.

Por fim, sim… prometo estou terminando.

No ano de 2022, a Sociedade de Cirurgia Pediátrica também se manifestou sobre o enorme aumento do número de frenectomias e frenotomias.

Destaco:

Ou seja, o procedimento NÃO é simples!

NÃO é só um “piquezinho”. NÃO é só um pontinho.

Pode trazer consequências seríssimas, lesões de glândulas e até de musculatura- eu infelizmente conheço e já presencieis alguns casos…

E sim, é necessário um profissional qualificado para realizá-lo.

Mais do que isso, é necessário um profissional qualificado para INDICÁ-LO!

Como havia dito, parece que a SBP já pressentia o que ia acontecer…

Em algumas partes do mundo, houve o aumento de mais de 800% do número de procedimentos cirúrgicos!!!

Uma lástima…

Espero que tenha respondido mais essa!

Nos vemos em breve.

Até lá!

Dr. Vinícius F. Z. Gonçalves

Pediatra e Neonatologista

CLÍNICA GONÇALVES- Deixa a nossa família cuidar da sua

Fontes:

  1. Nota de Esclarecimento (Sociedade Brasileira de Pediatria) Agosto 2014- https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/pdfs/nota_esclarecimento-dc_neo.pdf
  2. SBP solicita ao Ministério da Saúde revogação da lei que torna obrigatório o Teste da Linguinha em recém-nascidos (18/04/2019) – https://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/sbp-solicita-ao-ministerio-da-saude-revogacao-da-lei-que-torna-obrigatorio-o-teste-da-linguinha-em-recem-nascidos/
  3. NOTA TÉCNICA Nº 35/2018- Ministério da Saúde- https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/anquiloglossia_ministerio_saude_26_11_2018_nota_tecnica_35.pdf
  4. NOTA TÉCNICA Nº 11/2021- Ministério da Saúde- Para a Triagem de Anquiloglossia- https://egestorab.saude.gov.br/image/?file=20210601_N_NT11AVALIACAOFRENULOLINGUALRN_772086272972157347.pdf
  5. NOTA TÉCNICA- FREIO LINGUAL – FRENOTOMIA LINGUA- Sociedade de Cirurgia Pediátrica- Maio 2022- https://cipe.org.br/novo/wp-content/uploads/2022/05/NOTA-TECNICA-FREIO-LINGUAL-FRENOTOMIA-LINGUAL.pdf

Imagens:

1. Imagem 1- Retirada: https://www.babocush.com/blogs/news/tongue-tie-in-babies-what-you-need-to-know

Cuidado com a Pipoca!

Olá! Tudo bem com vocês? Espero que sim!

Hoje, Dia de Copa! Mês da Copa! Todos animados. Vamos Brasil!!!

Mas também é uma época de MUITO cuidado!!!

Todos os anos temos diversos casos de crianças que engasgam com alimentos pequenos como: pipoca, amendoim, castanhas, nozes, uvas-passas…

Ainda, devemos ter um cuidado especial com os alimentos arredondados como ovos de codorna, tomates-cereja e uvas.

Existem vários casos de crianças que engasgam com esses alimentos e que precisam de atendimento médico em Unidades de Terapia Intensiva. Alguns casos trágicos como o do exemplo abaixo, infelizmente.

https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2019/11/06/bebe-morre-ao-engasgar-com-pipoca-veja-quais-alimentos-sao-perigosos.amp.htm


Apesar de não haver um consenso, a Academia Americana de Pediatria contra-indica a oferta desses alimentos para crianças com menos de 4 anos.

Muitos pediatras, assim como eu, acham POSSÍVEL a oferta para crianças com mais de 2 anos e SEMPRE com a supervisão dos pais.

Muito cuidado!

É tempo de festa e comemoração, mas também de intensificar os cuidados com os pequenos!

Caso haja engasgo, deixo abaixo o link de um vídeo que publiquei de como desengasgar bebês e crianças com mais de 1 ano de idade. Se liga!

1) Para bebês:

https://www.instagram.com/reel/Cf4_JAJA8vj/?igshid=YmMyMTA2M2Y=

2) Em crianças maiores e adultos:

https://www.instagram.com/reel/Cf4_v1GgBen/?igshid=YmMyMTA2M2Y=

Deixo também o link sobre uma postagem que fiz há alguns meses de como proceder em casos de engasgo com moedas e outros corpos estranhos.

https://clinicagoncalves.com/2022/04/26/meu-filho-engoliu-uma-moeda-e-agora/

Por hoje é só!

Ótimos jogos para nós e redobrem os cuidados com os pequenos.

Até mais.

Dr Vinícius F. Z. Gonçalves- Pediatra e Neonatologista

CLÍNICA GONÇALVES- Deixe a nossa família cuidar da sua

Extensão da licença-maternidade para Mães de Prematuros

Olá! Como estão todos vocês? Espero que bem!

Estamos há menos de um mês do “Dia Mundial da Prematuridade”, o dia 17 de Novembro.

Quer saber mais sobre essa data? Confira aqui: https://clinicagoncalves.com/2019/11/28/novembro-roxo/

Hoje, no Brasil, cerca de 10% dos bebês nascidos são prematuros, cerca de 300 mil bebês/ano.

E, temos MUITO o que comemorar!

No dia 21/10/2022 foi aprovado por UNANIMIDADE a extensão da licença-maternidade para as mães de bebês nascidos prematuros.

Este assunto já vinha sendo discutido desde 2020, mas ainda em caráter provisório…

Há uma semana, a lei foi sancionada pelo Superior Tribunal de Justiça (STF) e diz que: “o início da licença-maternidade começa após alta hospitalar da mãe ou do recém-nascido, o que ocorrer por último.”

O entendimento vale para internações longas, acima do período de duas semanas, e obviamente, engloba os casos de bebê prematuros.

1) Mas qual era a regra antiga? 

O afastamento da gestante poderia ocorrer entre o 28° dia antes do parto e a data de nascimento do bebê. Pela legislação anterior, a licença-maternidade tem duração de 120 dias, período no qual a mulher tem direito ao salário-maternidade, cujos custos devem ser arcados pela Previdência Social.

2) E o que mudou?

Atualmente nos casos em que se a exija internação prolongada da mãe ou da criança, bebês prematuros ou quando houver complicação decorrente do parto e se exija a permanência por mais de 14 dias, internado, esse período não será considerado na contagem dos 120 dias de afastamento remunerado ao qual a gestante tem direito.  

3) Mas a partir de quando o tempo de licença-maternidade é contado?

O início determinado é a partir da alta hospitalar da mãe ou do recém-nascido, o que ocorrer por último.

4) E se houver uma nova internação? O prazo será extendido?

Não. Se porventura aconteça uma internação posterior à alta, o período de internação não será considerado para fins de prorrogação do benefício.

Se restar dúvida, deixo abaixo o link da Portaria Conjunta de N°28, de 19 de março de 2021.

5) Tá certo. Mas o porquê de tanta comemoração?

Hoje, infelizmente, uma minoria das mães conseguem amamentar os seus bebês.

Seja por dificuldades em relação ao parto, à própria amamentação ou devido à pressão externa da família ou amigos…

As famosas frases:

  • ” Seu leite é fraco”
  • ” Seu leite não sustenta”
  • ” É por isso que ele não dorme”
  • ” Dá uma mamadeira para ele que você vai ver como ele passa a noite toda”
  • ” Na minha época, você já estava comendo caldinho de feijão com 2-3 meses”

Enfim, além dessa enormidade de baboseiras, soma-se a necessidade da volta ao trabalho.

Atualmente, no Brasil, a amamentação exclusiva alcança 45,8% dos bebês com até seis meses.

Muitas mulheres têm que ou são estimulas a interromper a amamentação para voltar ao trabalho.

Além das enormes perdas, referentes à nutrição, imunidade, desenvolvimento cognitivo… Temos também a perda do vínculo mãe-bebê.

Em especial, àquelas que já tem a sua maternidade e o seu puerpério interrompidos pelo nascimento prematuro e pela internação prolongada em UTI.

Deixo aqui as palavras Dr. Clóvis Francisco Constantino, Presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP):

“Essa é uma decisão histórica, que vem ao encontro de todos os pleitos que temos feito nos últimos anos no que tange a proteção, promoção e apoio ao aleitamento materno. Todos nós sabemos, e já está mais que comprovado cientificamente, os benefícios do leite materno para as crianças e para as mães que amamentam.”

VAMOS COMEMORAR! TEMOS MUITO O QUE COMEMORAR!!!

Saiba e exija os seus direitos.

Todos a favor da amamentação!!!

Até a próxima.

Dr Vinícius F. Z. Gonçalves- Pediatra e Neonatologista

CLÍNICA GONÇALVES- Deixe a nossa família cuidar da sua.

Fontes:

  1. Portaria Conjunta de N°28, de 19 de março de 2021. Link: https://drive.google.com/file/d/1pAC62_M8VW-6rydvCDurJ9e56L4wSM4v/view
  2. SBP comemora decisão do STF que garante licença-maternidade às mães de prematuros a partir da alta hospitalar. Link: https://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/sbp-comemora-decisao-do-stf-que-garante-licenca-maternidade-as-maes-de-prematuros-a-partir-da-alta-hospitalar/
  3. Licença-maternidade passa a ser contada a partir da alta hospitalar. Link: https://olhardigital.com.br/2022/10/25/medicina-e-saude/licenca-maternidade-passa-a-ser-contada-a-partir-da-alta-hospitalar/
  4. Compreenda as mudanças na licença-maternidade. Link: https://rblh.fiocruz.br/compreenda-mudancas-na-licenca-maternidade
  5. Taxa de amamentação no Brasil. Link: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2022/agosto/ministerio-da-saude-lanca-campanha-na-semana-nacional-de-amamentacao

Como tratar assadura?

Olá! Como estão vocês? Espero que bem!

Depois de um longo inverno- literalmente – cá estou eu.

E, dessa vez, para falar sobre as assaduras.

1) O que causa a assadura?

Acho importante, antes de tudo, dizer que a assadura é chamada, no meio médico, de “dermatite de fraldas” ou “dermatite amoniacal”. E, apenas isto, já nos indica o que pode causá-la.

Ela é causada, portanto, por um processo inflamatório (dermatite) por um irritante primário, geralmente, pelo contato prolongado com as fezes/urina do bebê.

Portanto, o misto de:

  • Abafamento da pele
  • Contato prolongado com o xixi e o cocô*
  • Enzimas digestivas
  • Micro-organismos

É o que costuma gerar a assadura.

*Obs.: o xixi e o cocô tem um pH mais BÁSICO e não ácido, como as pessoas pensam… A ureia é degradada em amônia e pode causar a irritação (por isso também é conhecida como “dermatite amoniacal”). 😉

2) Como posso prevenir e/ou tratar a assadura?

Entendendo o que causa a assadura, também podemos preveni-la e até tratá-la.

Devemos, portanto :

  • Realizar trocas de fraldas frequentemente (em recém-nascidos em 1-2 horas, já em crianças maiores, esse intervalo pode ser um pouco maior, em 3-4 horas)
  • Durante um episódio de diarreia ou durante o uso de antibióticos, otimizar as trocas (geralmente as fezes ficam mais BÁSICAS) aumentando a chance de irritação
  • Realizar a limpeza, preferencialmente, com água morna e algodão (os lenços umedecidos podem conter álcool- mesmo aqueles que dizem que não contêm…- mais explicações a seguir)
  • Logo após a limpeza, secar a pele e/ou deixar a pele secar naturalmente, deixando-a descoberta e expondo-a ao sol
  • Aplicar uma FINA camada de pomada nas áreas de contato com a fralda

3) Existem tipos diferentes de assaduras?

A resposta é: S-I-M!

A dermatite de fraldas convencional comporta-se como uma dermatite de contato. Logo, a lesão ocorre justamente onde há contato com a fralda (lesão em “W”), preservando as áreas em que a fralda não toca. Observe a imagem abaixo:

Em compensação, como disse no começo do texto, pode haver dermatite também por micro-organismos.

Principalmente, após uma dermatite de fraldas convencional, pode haver colonização da pele por fungos, como a Candida sp.

Os fungos adoram áreas quentes, úmidas e abafadas. Sendo assim, a região de dobras, principalmente as dobrinhas dos bebês, são locais excelentes para a infecção. Veja:

Sendo assim, nesse e APENAS nesses casos uma pomada anti-fúngica deve ser usada e com indicação médica.

Lembrando que existem diversos tipos de dermatites (assaduras), sendo indispensável a avaliação médica.

NÃO se auto-medique e nem utilize uma pomada que uma amiga indicou porque “deu certo com o filho dela”…


DICAS DE OURO

Aqui gostaria de deixar algumas dicas.

Às vezes, saber o que você não deve fazer pode ter tanto ou até mais valor, em alguns casos…

Vamos lá!

1) Evite o uso de lenços umedecidos para a limpeza. Mesmo aqueles “sem álcool”.

Uma grande parte dos lenços umedecidos vêm com uma mensagem em destaque em suas embalagens: “SEM ÁLCOOL”.

O que gosto de destacar nas consultas é que alguns fabricantes são mais honestos e optam pela mensagem: “SEM ÁLCOOL ETÍLICO”.

Sim, correto!

A grande maioria dos lenços que dizem que não contém álcool, realmente não apresentam álcool etílico (álcool presentes em bebidas alcoólicas e em combustíveis), mas costumam ter outros tipos de álcool mascarados…

O PEG (polietilenoglicol) também é um álcool. Leia os rótulos

E todo álcool potencialmente desidrata e pode lesionar ainda mais a pele. Principalmente, se friccionado contra ela.

2) Limpeza com água e sabão NEM SEMPRE ajuda

Como as dermatites costumam estar relacionadas com o pH BÁSICO do xixi e do cocô (lembram-se???), o uso de sabonetes básicos pode piorar a lesão de pele.

Prefira sim a limpeza com água morna e algodão.

Utilize na limpeza sabonetes de pH ácido (PH<7,0).

3) Utilize a MENOR quantidade de pomada possível

Aplique uma fina camada de pomada. A ponto de ficar quase translúcida.

Independentemente do tipo de pomada: óxido de zinco e/ou petrolato, de óleo de fígado de bacalhau, aloe bar- badensis, dimeticona ou dexpantenol.

Como a assadura é provocada pelo abafamento da pele, quanto mais pomada, mais abafamento, mais lesão…

Evite retirar a pomada em todas as trocas, caso ela não esteja com fezes/ urina.

4) NÃO utilize pomada de Nistatina sem indicação médica e nem como “prevenção”

Você, por acaso, acha prudente tomar um copo de antibiótico todos os dias para prevenir infecção?

Espero que não!

A Nistatina é uma medicação anti-fúngica.

Infelizmente, vendida sem receita médica…

Muitos pais acabam utilizando a Nistatina sem indicação médica e até para “prevenção” da assadura.

Esta medida pode provocar resistência ao tratamento contra fungos, quando realmente necessário (dermatite fúngica).

Só utilize Nistatina ou qualquer outra pomada anti-fúngica com indicação médica.

5) Trocar a marca da fralda dificilmente irá tratar a assadura

É muito comum que os pais comecem a trocar as marcas de fralda para tratar assadura- muitas vezes sem sucesso.

Atualmente, as marcas de fralda têm um grande poder de absorção, inclusive as ecológicas. Portanto, realizando trocas frequentes e deixando o bebe sequinho deve ser o suficiente para o tratamento das assaduras.

A mudança de marca algumas vezes dá a falsa impressão de melhora devido a mudança do local de contato. Vou explicar!

Imagine que você foi à praia no final de ano e utilizou uma sunga ou biquíni mais cavado e, que você ficou com ele o dia todo, gerando uma assadura. Caso você mantenha utilizando a mesma roupa de baixo nos próximos dias, a tendência é que a lesão só piore.

Então, você tem a ideia de utilizar uma roupa de baixo maior, estilo boxer, e percebe que sente um alívio no local da assadura.

Paralelo feito, é mais ou menos isso que ocorre quando se muda a marca da fralda. Muda-se o local de contato e pode haver uma melhora temporária da lesão.

No entanto, caso o bebê continue úmido, seja utilizada uma grande quantidade de pomada e de lenços umedecidos, as lesões reaparecerão.

Sim, existem dermatites alérgicas (de contato) por componentes específicos da fralda, mas além de mais raras, elas provocam lesões diferentes das citadas até aqui.


Por hoje é só!

Dúvidas ou sugestões? É só deixá-las abaixo.

Até a próxima.

Dr Vinícius F. Z. Gonçalves- Pediatra e Neonatologista

CLÍNICA GONÇALVES– Deixe a nossa família cuidar da sua.

Fontes:

1) Sociedade Brasileira de Pediatria- Documento Científico- Departamento Científico de Dermatologia- Dermatite de Fraldas- Diagnósticos Diferenciais- Outubro 2016

Imagens:

1) Sociedade Brasileira de Pediatria- Documento Científico- Departamento Científico de Dermatologia- Dermatite de Fraldas- Diagnósticos Diferenciais- Outubro 2016

TUDO sobre a nova Hepatite

Olá, tudo bem com vocês? Eu espero que sim!

Hoje falarei sobre a nova Hepatite, também chamada de Hepatite Aguda de Etiologia de Desconhecida ou Hepatite Misteriosa.

Vamos lá?

1) O que é Hepatite?

A Hepatite é uma doença inflamatória do fígado, de origem multifatorial e que pode gerar lesões neste órgão.

O fígado é um dos primeiros órgãos a metabolizar (filtrar) qualquer substância que entramos em contato e que absorvemos pelo sangue.

Portanto, como falei acima, vários fatores podem gerar lesões nele, como medicamentos, excesso de gordura (colesterol), agentes parasitários e infecciosos, como vírus e bactérias.

2) Quem causa a nova Hepatite?

Ainda não foi isolado um fator causal específico.

Em parte dos casos estudados, tem se tentado correlacionar a infecção pelo novo Coronavírus e/ou a coinfecção dele com o Adenovírus, um outro vírus comum que causa resfriado, com a nova Hepatite.

Mas ainda tudo é muito especulativo…

Até por isso, ela continua sendo chamada de “Hepatite Aguda de Etiologia Desconhecida”.

3) Por que as crianças podem ser mais susceptíveis?

Várias fatores estão sendo estudados, como por exemplo:

  • Algum cofator (ou a falta dele) que faça com que as crianças que adquiriram o Adenovírus comum estejam apresentando complicações mais sérias.
  • Um aumento da susceptibilidade devido ao isolamento social na Pandemia.
  • Uma complicação pela infecção pelo novo Coronavírus ou uma infecção associada com o Adenovírus comum
  • Uma complicação pela infecção pela variante Omicron ou uma nova mutação do Sars-Cov-2.
  • Uma toxina, droga ou exposição ambiental ainda não isolada.

4) Existem muitos casos notificados?

A OMS (Organização Mundial de Saúde) iniciou a primeira notificação de casos em 05 de Abril de 2022 na Escócia, totalizando 10 casos em crianças de 11 meses a 5 anos de idade, previamente saudáveis. Sete delas necessitaram de transplante de fígado e, todas, de internação.

Após isto, vários países da Europa também realizaram notificações de novos casos de Hepatites de causa desconhecida, como a Bélgica, Irlanda, França, Itália, Holanda, Espanha…

Na última atualização em 25 de abril, o número total de casos chegou a 145. Dos confirmados, 108 são residentes na Inglaterra, 17 na Escócia, 11 no País de Gales e 9 estão na Irlanda do Norte. Nenhuma criança morreu e nenhuma delas tinha tomado algum tipo de vacina contra covid-19.

5) E no Brasil?

No dia 28 de Abril de 2022, foi notificado o primeiro caso provável de Hepatite Aguda de Etiologia Desconhecida no estado do Rio de Janeiro.

Até o dia 05 de Maio, foram contabilizamos 7 casos prováveis nos estados do Rio de Janeiro e Paraná, os quais estão atualmente em investigação.

6) Quais são os sintomas da infecção?

Os sintomas mais comuns são:

Icterícia- amarelão (74%);
Vômitos (73%);
Acolia/hipocolia-cocô branco (58%);
Diarreia (49%);
Náusea (39,5%);
Letargia (55,6%);
Febre (29,6%)
Sintomas respiratórios (19,8%)

Em geral, os pais devem estar de olho e procurar auxílio médico se seus filhos apresentarem um quadro de diarreia e vômitos associado à icterícia (amarelão no corpo/ olhos).

7) O que é um caso provável?

Um quadro de Hepatite Aguda (com elevação das enzimas do fígado acima de 500 UI/L), após excluídas outras causas de Hepatites, em crianças com menos de 17 anos, após o dia 20 de Abril de 2022.

8) Outras causas de Hepatites?

Sim! Como disse acima, existem diversas causas de Hepatites.

As mais comuns acontecem após infecção por vírus (Hepatites A, B, C, D e E).

Então, só se deve pensar na nova Hepatite, após exclusão de outras causas de Hepatites (infecções, uso de medicamentos…).

9) Existem vacinas contra a Hepatite?

Sim!

Geralmente as crianças recebem a vacina contra a Hepatite B ao nascer. E com 2, 4 e 6 meses recebem reforços contidos na vacina Pentavalente Ou Hexavalente.

Após um ano de idade, as crianças recebem a vacina contra a Hepatite A. O SUS realiza dose única com 15 meses. Em âmbito particular, são realizadas duas doses com intervalo de 6 meses, geralmente com 12 meses e 18 meses.

É possível complementar (e digo que é até recomendável) a vacina feita pelo SUS contra a Hepatite A, 6 meses após a criança ter sido imunizada.

Para adultos que não receberam nenhuma vacina contra as Hepatites, é possível realizar em clínicas particulares a Vacina contra a Hepatite A e B conjuntamente.

*** ATUALIZAÇÃO ***

Enquanto preparava o texto para a publicação, surgiram novas notícias.

No dia 31/05/22, o Brasil notificou o seu primeiro caso provável de Hepatite de Causa Desconhecida.

O fato aconteceu em Ponta Porã, Mato Grosso do Sul, em uma adolescente de 16 anos.

Atualmente, no Brasil, existem 95 casos suspeitos e, 26 descartados. A maioria localizado na região Sudeste.

No mundo, a OMS já contabiliza 650 casos, em 33 países e um total de 9 óbitos pela doença.

Bem, por hoje é só!

Como toda nova doença tudo ainda é muito especulativo. Mais pode e deve ser estudado sobre.

Havendo novidades, eu volto com mais informações.

Nos vemos na próxima.

Até!

Dr Vinícius F. Z. Gonçalves- Pediatra e Neonatologista

CLÍNICA GONÇALVES- Deixe a nossa família cuidar da sua

Fontes:

1) Hepatite Aguda de Causa Desconhecida- Sociedade de Pediatria de São Paulo- Texto divulgado em 16/05/2022. Link: https://www.spsp.org.br/2022/05/16/hepatite-aguda-de-causa-desconhecida/

2) Viver Bem- Portal UOL- Link: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/agencia-estado/2022/06/01/brasil-tem-1-caso-provavel-de-hepatite-misteriosa-que-ataca-criancas.htm – acesso 01/05/22

Meu filho engoliu uma moeda! E agora?!?

Imagem: https://www.todayonline.com/brandstudio/emergency/choking

Olá! Tudo bem com vocês? Espero que sim!

Hoje, aproveitando o novo documento da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), lançado neste mês, irei abordar o tema “Ingestão de Corpos Estranhos”.

O que fazer se seu filho engoliu um objeto? Quando você deve se preocupar?

Falarei disso tudo nas próximas linhas, mas deixo o convite para você ler antes sobre os Acidentes Domésticos e o que fazer se seu filho bater a cabeça (quando levar ao PS):

https://clinicagoncalves.com/2020/06/09/acidentes/

Antes de começarmos, gosto de frisar que os acidentes, estatisticamente falando, acontecem mais na férias, feriados, finais-de-semana, em dias quentes e são mais comuns nos meninos, do que nas meninas.

Então, redobrem os cuidados nestes períodos!

1) Quais são os objetos que costumam ser mais ingeridos?

Nesta ordem: moedas, baterias, objetos perfuro-cortantes e imãs.

Destaque para as baterias, pelo risco de vazamento e complicações graves e para os ímãs, principalmente, os de neodímio, que têm maior poder magnético ou quando ingeridos em mais de uma unidade (dois ou mais)

2) Qual a gravidade da ingestão de corpos estranhos?

É claro que isso irá depender de vários fatores, principalmente, de qual tipo de objeto foi ingerido e há quanto tempo.

No entanto, temos dados tranquilizadores:

Cerca de 70-80% dos corpos estranhos ingeridos por crianças são eliminados espontaneamente, sem nenhuma necessidade de intervenção ou complicação.

Aproximadamente 20% dos casos necessitarão de retirada por endoscopia.

E, apenas, 1% deles necessitarão de retirada por cirurgia.

“Cerca de 70-80% dos corpos estranhos ingeridos por crianças são eliminados espontaneamente, sem nenhuma necessidade de intervenção ou complicação.”

3) Quais exames devem ser feitos para investigação?

Depois de retirada a história do paciente e realizado o exame físico, geralmente a radiografia de cervical (pescoço), tórax e abdômen é suficiente para a realização do diagnóstico.

Fonte: Ingestão de Corpos Estranhos- Sociedade Brasileira de Pediatria

A Tomografia fica reservada para os casos em que o objeto é rádio transparente- ou seja, não aparece na radiografia- e quando há risco de complicações.

Já a Endoscopia pode ser realizada para o diagnóstico e tratamento, em casos específicos (abordados a seguir)

4) Se eu não vi meu filho engolindo um objeto, como posso desconfiar?

Inicialmente, devemos levar em conta a idade.

Crianças de até 3 anos de idade estão em plena fase oral, sendo comum levar objetos à boca para descobri-los. Ainda assim, todo cuidado com os menores de 5 anos.

Além disso, podemos desconfiar de um caso de ingestão de corpo estranho quando a criança apresenta dor ou dificuldade para engolir, salivação, recusa alimentar, vômitos, saliva com sangue ou vômitos com sangue, fezes com sangramento ou dor no pescoço, tórax ou abdômen repentinas.

5) E o que eu faço se meu filho tiver engolido um objeto? Quando devo ir ao Pronto-Socorro?

Se o seu filho não estiver com nenhuma queixa (assintomático), se o que ele ingeriu for arredondado, com um comprimento menor que 2,5 cm de diâmetro ou 6 cm de comprimento, se este objeto não elimina substâncias tóxicas (como baterias, por exemplo) e se ele não tiver nenhuma problema gastrointestinal prévio (não passou por cirurgias anteriormente)- É TOTALMENTE POSSÍVEL AGUARDAR EM CASA.

Esse objeto com certeza será eliminado naturalmente (irá sair com as fezes).

Em caso contrário, principalmente se seu filho estiver sintomático, ou se o objeto ingerido for perfuro-cortante ou se ele for uma bateria, dois ou mais ímãs ou um ímã e um objeto metálico; ou ainda, se este objeto for maior que 2,5 cmx 6 cm, VOCÊ DEVE LEVÁ-LO AO PS.

*** IMPORTANTE ***

Importante! Porém cuidado.

Em regiões MUITO afastadas de hospitais ou na impossibilidade de realização de Endoscopia, nos casos de ingestão de baterias, pode-se realizar a administração de Mel (sempre para maiores de 1 ano de idade) ou Sulcrafato para evitar possíveis complicações.

Mas SEMPRE após a avaliação médica e esta conduta, não deve atrasar a realização de endoscopia.

5) Prevenção

Acidentes são acidentes.

Acontecem algumas vezes, por descuido.

Por esse motivo, muita atenção com as crianças pequenas. Sempre supervisione o seu filho e tenha cuidado na escolha de brinquedos.

Hoje já existem brinquedos com travas, justamente para evitar a retirada de baterias.

Mais do que isso, as empresas já estão produzindo baterias e até cartuchos de videogames com sabor amargo para que, caso a criança chegue a levá-los à boca, seja desencorajada a engoli-los.

Fonte: Olhar Digital
As fitas de Nintendo Switch são cobertas de Benzoato de Denatônio, componente amargo e não tóxico que impede a ingestão pelas crianças.
As fitas de Nintendo Switch são cobertas de Benzoato de Denatônio, componente amargo e não tóxico que impede a ingestão pelas crianças.
Fonte: http://www.arkade.com.br

Vamos cuidar dos nossos pequenos!

Por hoje é só!

Dúvidas ou sugestões? É so deixá-las abaixo.

Nos vemos no próximo mês.

Vejo vocês lá.

Dr Vinícius F. Z. Gonçalves- Pediatra e Neonatologista

CLÍNICA GONÇALVES- Deixe a nossa família cuidar da sua

Fontes:

1) Ingestão de Corpos Estranhos- Departamento Científico de Gastroenterologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Abril de 2022

Qual é o tempo certo para clampear o cordão umbilical?

Olá, tudo bem com vocês? Espero que sim!

Cá estou novamente para responder a mais essa pergunta.

Antes disso, gostaria de falar sobre a Consulta Pré-Natal com o Pediatra e/ou Neonatologista.

Muito recorrente em alguns centros, mas pouco conhecida ou falada aqui, no local em que trabalho e resido.

É incrível que muitas pessoas não sabem que existe ou deveria existir alguém para receber o seu bebê após o nascimento. E que, conhecê-lo antes do parto, poderia ser mágico.

Todas as suas dúvidas e anseios poderiam ser respondidos e discutidos, como por exemplo: “qual é o tempo certo para clampear o cordão umbilical do seu bebê”.

É importante pontuar que para entrarmos a fundo na questão, é imprescindível que dividamos os bebês em dois grupos: Prematuros (menores que 34 semanas) dos Prematuros tardios (maiores que 34 semanas) e Recém-nascidos Termo.

  • Prematuros (menores que 34 semanas)

“…o clampeamento tardio do cordão umbilical (com mais de 30 segundos)…demonstrou redução da mortalidade, redução das taxas de hemorragia intracraniana, melhor estabilização da pressão arterial e menor necessidade de transfusões…”

No caso dos prematuros nascidos em boas condições, com choro forte e bom tônus, o tempo mínimo de clampeamento deveria ser de 30 segundos até a 60 segundos (1 minuto).

Um estudo de revisão da Cochrane, que incluiu mais de 4.000 prematuros e que, comparou os recém-nascidos que tiveram o clampeamento tardio do cordão umbilical (com mais de 30 segundos) com aqueles que não tiveram essa oportunidade, demonstrou redução da mortalidade, redução das taxas de hemorragia intracraniana, melhor estabilização da pressão arterial e menor necessidade de transfusões durante a internação naqueles incluídos no primeiro grupo.

E a ordenha do cordão umbilical?

Não há estudos com boa metodologia, até o momento, comparando o clampeamento precoce com a ordenha do cordão (manobra para tentar deslocar mais sangue do cordão para o bebê) para se dizer qual seria a melhor alternativa neste cenário, entretanto já existem estudos demonstrando o aumento de hemorragia intracraniana em bebês prematuros extremos (com menos de 28 semanas) que foram submetidos a manobra de ordenha ao nascer.

  • Prematuros tardios (maiores que 34 semanas) e Recém-nascidos termo

“…se o bebê termo apresentou um clampeamento precoce (com menos de um minuto de vida), a reposição de ferro deveria começar já nos 3 primeiros meses de vida e que aquilo seria um fator de risco para anemia futuramente.”

Semelhante ao primeiro grupo, este aqui num cenário de nascimento em boas condições (choro forte e bom tônus), deveria-se realizar o clampeamento do cordão umbilical entre 1 a 3 minutos.

Apenas isso, pode afetar na hemoglobina do recém-nascido já nas primeiras horas de vida e garantir um nível de ferritina (estoque de ferro) adequado para os próximos 3-6 meses.

Neste ponto, gostaria também de realizar uma pausa…

A atualização do Consenso de Anemia Ferropriva em Pediatria, em Agosto de 2021, pela Sociedade de Pediatria (SBP) incluiu o tempo de clampeamento do cordão umbilical como fator de risco para anemia.

Nele é pontuado que, se o bebê termo apresentou um clampeamento precoce (com menos de um minuto de vida), a reposição de ferro deveria começar já nos 3 primeiros meses de vida e que aquilo seria um fator de risco para anemia futuramente.

Veja como, o simples ato de aguardar um minuto, pode afetar o seu bebê nos próximos meses e como discutir isso com o seu Pediatra pode ser benéfico.

No entanto, como nem tudo são flores, bebês com mais hemoglobina também tem mais risco de icterícia (amarelão) e devem ser acompanhados de perto durante os primeiros dias de vida.

No que tange a ordenha do cordão umbilical, neste grupo de bebês, as evidências são insuficientes para tal recomendação, independentemente das condições de nascimento.

Para os bebês que não choram ao nascer, a recomendação é que seja feito o estímulo tátil no dorso (costas do bebê) em até duas ocasiões e caso não haja resposta, que seja feito o clampeamento precoce para o início das manobras de reanimação e estabilização pelo Pediatra.

Tudo que está descrito aqui acima foi baseado em uma Diretriz realizada em conjunto pela SBP e pela FEBRASGO (Federação Brasileira de Associações de Ginecologia e Obstetrícia) e publicada em Março deste ano, deixo o link abaixo.

Mais do que conhecer as recomendações é imprescindível que você as discuta (no bom sentido) com a equipe que fará o seu parto antes dele acontecer.

Todos sairão ganhando com isso, mas, principalmente, o seu bebê!

Espero ter respondido a mais essa.

Dúvidas ou sugestões? É só deixá-las abaixo.

Nos vemos em breve.

Até lá!

Dr Vinícius F. Z. Gonçalves- Pediatra e Neonatologista

CLÍNICA GONÇALVES- Deixe a nossa família cuidar da sua

Fontes:

1- Diretriz- Recomendações sobre o Clampeamento do Cordão Umbilical- Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e FEBRASGO (Federação Brasileira de Associações de Ginecologia e Obstetrícia)- 17 de Março de 2022. Link: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/23396c-Diretrizes-Recom_Clamp_CordUmb.pdf

2- CONSENSO SOBRE ANEMIA FERROPRIVA: ATUALIZAÇÃO: DESTAQUES 2021- Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)- Departamento de Nutrologia e Hematologia- atualizado 26/08/21. Link: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/23172c-Diretrizes-Consenso_sobre_Anemia_Ferropriva.pdf