Hoje, Dia de Copa! Mês da Copa! Todos animados. Vamos Brasil!!!
Mas também é uma época de MUITO cuidado!!!
Todos os anos temos diversos casos de crianças que engasgam com alimentos pequenos como: pipoca, amendoim, castanhas, nozes, uvas-passas…
Ainda, devemos ter um cuidado especial com os alimentos arredondados como ovos de codorna, tomates-cereja e uvas.
Existem vários casos de crianças que engasgam com esses alimentos e que precisam de atendimento médico em Unidades de Terapia Intensiva. Alguns casos trágicos como o do exemplo abaixo, infelizmente.
Hoje falarei sobre a nova Hepatite, também chamada de Hepatite Aguda de Etiologia de Desconhecida ou Hepatite Misteriosa.
Vamos lá?
1) O que é Hepatite?
A Hepatite é uma doença inflamatória do fígado, de origem multifatorial e que pode gerar lesões neste órgão.
O fígado é um dos primeiros órgãos a metabolizar (filtrar) qualquer substância que entramos em contato e que absorvemos pelo sangue.
Portanto, como falei acima, vários fatores podem gerar lesões nele, como medicamentos, excesso de gordura (colesterol), agentes parasitários e infecciosos, como vírus e bactérias.
2) Quem causa a nova Hepatite?
Ainda não foi isolado um fator causal específico.
Em parte dos casos estudados, tem se tentado correlacionar a infecção pelo novo Coronavírus e/ou a coinfecção dele com o Adenovírus, um outro vírus comum que causa resfriado, com a nova Hepatite.
Mas ainda tudo é muito especulativo…
Até por isso, ela continua sendo chamada de “Hepatite Aguda de Etiologia Desconhecida”.
3) Por que as crianças podem ser mais susceptíveis?
Várias fatores estão sendo estudados, como por exemplo:
Algum cofator (ou a falta dele) que faça com que as crianças que adquiriram o Adenovírus comum estejam apresentando complicações mais sérias.
Um aumento da susceptibilidade devido ao isolamento social na Pandemia.
Uma complicação pela infecção pelo novo Coronavírus ou uma infecção associada com o Adenovírus comum
Uma complicação pela infecção pela variante Omicron ou uma nova mutação do Sars-Cov-2.
Uma toxina, droga ou exposição ambiental ainda não isolada.
4) Existem muitos casos notificados?
A OMS (Organização Mundial de Saúde) iniciou a primeira notificação de casos em 05 de Abril de 2022 na Escócia, totalizando 10 casos em crianças de 11 meses a 5 anos de idade, previamente saudáveis. Sete delas necessitaram de transplante de fígado e, todas, de internação.
Após isto, vários países da Europa também realizaram notificações de novos casos de Hepatites de causa desconhecida, como a Bélgica, Irlanda, França, Itália, Holanda, Espanha…
Na última atualização em 25 de abril, o número total de casos chegou a 145. Dos confirmados, 108 são residentes na Inglaterra, 17 na Escócia, 11 no País de Gales e 9 estão na Irlanda do Norte. Nenhuma criança morreu e nenhuma delas tinha tomado algum tipo de vacina contra covid-19.
5) E no Brasil?
No dia 28 de Abril de 2022, foi notificado o primeiro caso provável de Hepatite Aguda de Etiologia Desconhecida no estado do Rio de Janeiro.
Até o dia 05 de Maio, foram contabilizamos 7 casos prováveis nos estados do Rio de Janeiro e Paraná, os quais estão atualmente em investigação.
Em geral, os pais devem estar de olho e procurar auxílio médico se seus filhos apresentarem um quadro de diarreia e vômitos associado à icterícia (amarelão no corpo/ olhos).
7) O que é um caso provável?
Um quadro de Hepatite Aguda (com elevação das enzimas do fígado acima de 500 UI/L), após excluídas outras causas de Hepatites, em crianças com menos de 17 anos, após o dia 20 de Abril de 2022.
8) Outras causas de Hepatites?
Sim! Como disse acima, existem diversas causas de Hepatites.
As mais comuns acontecem após infecção por vírus (Hepatites A, B, C, D e E).
Então, só se deve pensar na nova Hepatite, após exclusão de outras causas de Hepatites (infecções, uso de medicamentos…).
9) Existem vacinas contra a Hepatite?
Sim!
Geralmente as crianças recebem a vacina contra a Hepatite B ao nascer. E com 2, 4 e 6 meses recebem reforços contidos na vacina Pentavalente Ou Hexavalente.
Após um ano de idade, as crianças recebem a vacina contra a Hepatite A. O SUS realiza dose única com 15 meses. Em âmbito particular, são realizadas duas doses com intervalo de 6 meses, geralmente com 12 meses e 18 meses.
É possível complementar (e digo que é até recomendável) a vacina feita pelo SUS contra a Hepatite A, 6 meses após a criança ter sido imunizada.
Para adultos que não receberam nenhuma vacina contra as Hepatites, é possível realizar em clínicas particulares a Vacina contra a Hepatite A e B conjuntamente.
*** ATUALIZAÇÃO ***
Enquanto preparava o texto para a publicação, surgiram novas notícias.
No dia 31/05/22, o Brasil notificou o seu primeiro caso provável de Hepatite de Causa Desconhecida.
O fato aconteceu em Ponta Porã, Mato Grosso do Sul, em uma adolescente de 16 anos.
Atualmente, no Brasil, existem 95 casos suspeitos e, 26 descartados. A maioria localizado na região Sudeste.
No mundo, a OMS já contabiliza 650 casos, em 33 países e um total de 9 óbitos pela doença.
Bem, por hoje é só!
Como toda nova doença tudo ainda é muito especulativo. Mais pode e deve ser estudado sobre.
Havendo novidades, eu volto com mais informações.
Nos vemos na próxima.
Até!
Dr Vinícius F. Z. Gonçalves- Pediatra e Neonatologista
CLÍNICA GONÇALVES- Deixe a nossa família cuidar da sua
Hoje, aproveitando o novo documento da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), lançado neste mês, irei abordar o tema “Ingestão de Corpos Estranhos”.
O que fazer se seu filho engoliu um objeto? Quando você deve se preocupar?
Falarei disso tudo nas próximas linhas, mas deixo o convite para você ler antes sobre os Acidentes Domésticos e o que fazer se seu filho bater a cabeça (quando levar ao PS):
Antes de começarmos, gosto de frisar que os acidentes, estatisticamente falando, acontecem mais na férias, feriados, finais-de-semana, em dias quentes e são mais comuns nos meninos, do que nas meninas.
Então, redobrem os cuidados nestes períodos!
1) Quais são os objetos que costumam ser mais ingeridos?
Nesta ordem: moedas, baterias, objetos perfuro-cortantes e imãs.
Destaque para as baterias, pelo risco de vazamento e complicações graves e para os ímãs, principalmente, os de neodímio, que têm maior poder magnético ou quando ingeridos em mais de uma unidade (dois ou mais)
2) Qual a gravidade da ingestão de corpos estranhos?
É claro que isso irá depender de vários fatores, principalmente, de qual tipo de objeto foi ingerido e há quanto tempo.
No entanto, temos dados tranquilizadores:
Cerca de 70-80% dos corpos estranhos ingeridos por crianças são eliminados espontaneamente, sem nenhuma necessidade de intervenção ou complicação.
Aproximadamente 20% dos casos necessitarão de retirada por endoscopia.
E, apenas, 1% deles necessitarão de retirada por cirurgia.
“Cerca de 70-80% dos corpos estranhos ingeridos por crianças são eliminados espontaneamente, sem nenhuma necessidade de intervenção ou complicação.”
3) Quais exames devem ser feitos para investigação?
Depois de retirada a história do paciente e realizado o exame físico, geralmente a radiografia de cervical (pescoço), tórax e abdômen é suficiente para a realização do diagnóstico.
Fonte: Ingestão de Corpos Estranhos- Sociedade Brasileira de Pediatria
A Tomografia fica reservada para os casos em que o objeto é rádio transparente- ou seja, não aparece na radiografia- e quando há risco de complicações.
Já a Endoscopia pode ser realizada para o diagnóstico e tratamento, em casos específicos (abordados a seguir)
4) Se eu não vi meu filho engolindo um objeto, como posso desconfiar?
Inicialmente, devemos levar em conta a idade.
Crianças de até 3 anos de idade estão em plena fase oral, sendo comum levar objetos à boca para descobri-los. Ainda assim, todo cuidado com os menores de 5 anos.
Além disso, podemos desconfiar de um caso de ingestão de corpo estranho quando a criança apresenta dor ou dificuldade para engolir, salivação, recusa alimentar, vômitos, saliva com sangue ou vômitos com sangue, fezes com sangramento ou dor no pescoço, tórax ou abdômen repentinas.
5) E o que eu faço se meu filho tiver engolido um objeto? Quando devo ir ao Pronto-Socorro?
Se o seu filho não estiver com nenhuma queixa (assintomático), se o que ele ingeriu for arredondado, com um comprimento menor que 2,5 cm de diâmetro ou 6 cm de comprimento, se este objeto não elimina substâncias tóxicas (como baterias, por exemplo) e se ele não tiver nenhuma problema gastrointestinal prévio (não passou por cirurgias anteriormente)- É TOTALMENTE POSSÍVEL AGUARDAR EM CASA.
Esse objeto com certeza será eliminado naturalmente (irá sair com as fezes).
Em caso contrário, principalmente se seu filho estiver sintomático, ou se o objeto ingerido for perfuro-cortante ou se ele for uma bateria, dois ou mais ímãs ou um ímã e um objeto metálico; ou ainda, se este objeto for maior que 2,5 cmx 6 cm, VOCÊ DEVE LEVÁ-LO AO PS.
***IMPORTANTE ***
Importante! Porém cuidado.
Em regiões MUITO afastadas de hospitais ou na impossibilidade de realização de Endoscopia, nos casos de ingestão de baterias, pode-se realizar a administração de Mel (sempre para maiores de 1 ano de idade) ou Sulcrafato para evitar possíveis complicações.
Mas SEMPRE após a avaliação médica e esta conduta, não deve atrasar a realização de endoscopia.
5) Prevenção
Acidentes são acidentes.
Acontecem algumas vezes, por descuido.
Por esse motivo, muita atenção com as crianças pequenas. Sempre supervisione o seu filho e tenha cuidado na escolha de brinquedos.
Hoje já existem brinquedos com travas, justamente para evitar a retirada de baterias.
Mais do que isso, as empresas já estão produzindo baterias e até cartuchos de videogames com sabor amargo para que, caso a criança chegue a levá-los à boca, seja desencorajada a engoli-los.
Fonte: Olhar DigitalAs fitas de Nintendo Switch são cobertas de Benzoato de Denatônio, componente amargo e não tóxico que impede a ingestão pelas crianças. Fonte: http://www.arkade.com.br
Vamos cuidar dos nossos pequenos!
Por hoje é só!
Dúvidas ou sugestões? É so deixá-las abaixo.
Nos vemos no próximo mês.
Vejo vocês lá.
Dr Vinícius F. Z. Gonçalves- Pediatra e Neonatologista
CLÍNICA GONÇALVES- Deixe a nossa família cuidar da sua
Fontes:
1) Ingestão de Corpos Estranhos- Departamento Científico de Gastroenterologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Abril de 2022
Mas nem tanto! Todo mundo acredita que sabe sobre nutrição adequada, mas definitivamente não é o que vemos na prática.
As mães deveriam amamentar o seu bebê EXCLUSIVAMENTE até os seis meses de vida – sim e quando digo exclusivamente, é sem chás, sucos ou água. O leite materno tem tudo aquilo que o bebê precisa e NADA mais.
O que acontece é que atualmente grande parte das mães, muitas vezes, devido ao retorno ao mercado de trabalho tem de iniciar a complementação com fórmulas artificiais.
Atualmente, as fórmulas estão cada vez mais semelhantes ao leite materno, mas ainda estão distantes de serem iguais tanto em quantidade, quanto em qualidade ou tipo de proteínas ou nutrientes.
Existem diversos trabalhos demonstrando como o emprego de uma proteína heteróloga, ou seja, diferente da proteína contida no leite materno – no caso, do leite de vaca – pode estar associada à obesidade.
Rebote adiposo- Crianças que ingerem fórmulas com alto teor de proteína (como o leite integral de vaca) antes dos 2 anos de idade apresentam um acúmulo de tecido gorduroso precoce e maior
Mais um dado ASSUSTADOR:
– Até 70% das crianças brasileiras já ingeriram leite de vaca integral antes de 1 ano de idade
Quando o recomendado seria o aleitamento materno até PELO MENOS os dois anos de vida e na impossibilidade, o uso de uma fórmula infantil adequada para a idade.
E a partir daí, centenas e centenas de erros:
Introdução alimentar precoce, o que predispõe à obesidade e às alergias alimentares
Apresentação de suco de frutas antes de um ano de vida ao invés da fruta in natura
Adição de sal à Papa Principal
Alimentos batidos em liquidificador, mixer ou peneirados que ficam sem a fibra alimentar e os deixam com textura monótona
Apresentação do mel antes do primeiro ano de vida
Apresentação do AÇÚCAR REFINADO antes do segundo ano de vida, principalmente, antes do primeiro ano de vida
Vamos a mais um dado ASSUSTADOR?
– 56% das crianças brasileiras já ingeriram refrigerantes antes do primeiro ano de vida!!!
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A famosa mamadeira de Coca-Cola que mata qualquer pediatra do coração.
Quando vou iniciar a alimentação complementar de um bebê, particularmente, faço um acordo com os pais.
O primeiro deles é que preciso dividir com eles o compromisso da introdução de uma alimentação saudável que não irá se restringir apenas à infância, mas sim a toda vida daquela criança.
A criança precisa ser apresentada, neste início, cerca de 15 vezes a um mesmo alimento para sabermos que ela não gosta dele. Isto é importantíssimo!
Um bebê restrito, que não foi apresentado algumas vezes a vários tipos de alimentos, com certeza será uma criança e, também, um adulto seletivo.
Costumo comentar também que o único gosto inato, ou seja, que já nascemos com é justamente o gosto doce. E precisamos ser apresentados a outros sabores, desde de pequenos, para abertura de novos leques de gostos.
E é justamente nesta fase de aprendizagem e apresentação que… BOOOM! Acontece uma quebra!
Quando finalizo a consulta sobre a alimentação complementar e destaco o item: “ALIMENTOS NÃO RECOMENDADOS” e pontuo o açúcar entre eles, vejo muitas vezes um sorriso no rosto dos pais esboçando um “é obvio que não vou dar açúcar para o meu filho…”.
No entanto, o que vejo um pouquinho após, são pais ofertando Danoninho, Yakult, bolachas industrializadas, achocolatados e a fins para um bebê de 9 meses sem achar necessariamente isto um absurdo como antes.
O sabor doce destes alimentos, bem como o sabor salgado e a gordura de salgadinhos ou outros produtos industrializados pervertem o paladar em desenvolvimento do bebê.
O sabor natural dos alimentos não consegue competir com o dos produtos industrializados e, o que naturalmente acontece a partir daí, são inúmeros erros alimentares.
A criança não tem o discernimento- e nem esperamos isto, não é mesmo? – para saber qual é o alimento mais adequado para ela.
Quem deve fazer essa triagem é o adulto.
O adulto deve dizer qual alimento, em que momento, por quanto tempo e o local da alimentação.
A criança ditará dentre de todas estas variantes, a quantidade apenas.
Lembrando que o pouquinho para ela, naquele momento, pode ser o suficiente.
Evite a barganha!!!
O famoso: “se você comer o brócolis, comerá a sobremesa depois”.
Inclusive evite o doce como sobremesa, prefira e institua a fruta.
Evite insistir em demasia! Não brigue! Se no almoço a criança não quiser almoçar ou comer bem pouco, respeite-a!
Não dê mamadeira – este inclusive é outro acordo que faço na introdução alimentar, o de que reduziremos drasticamente a ingesta de leite e que isto é NORMAL- ou outros alimentos no intervalo da próxima refeição, a qual deve ser a cada 2-3h.
O leite é altamente calórico e por isso é normal que a criança não sinta fome para almoçar ou para jantar, quando ela toma uma mamadeira 1 hora antes da refeição principal.
Existem casos em que os pais ficam assustados com seus filhos, achando que eles estão comendo pouco. Mas, quando vamos contabilizar, a criança está ingerindo cerca de 5 ou 6 mamadeiras ao dia o que dá cerca de UM LITRO E MEIO DE LEITE POR DIA!!! Bastante até mesmo para nós adultos, não é mesmo?!?
Outro argumento para possíveis falhas alimentares que escuto recorrentemente são: “Mas ele fica olhando, tenho certeza que está com vontade!” “Ele está com vontade e se ele ficar com vontade pode dar verme ou quebranto…”
Mais uma balela.
Faço um paralelo fácil com os pais e geralmente pergunto se eles tem vontade de ir para Lua. A resposta é sempre um sonoro não ou não sei.
Pois é, então imagino que a resposta de um bebê, se ele pudesse falar, seria a mesma quando perguntasse sobre a vontade de comer algo que ele nunca experimentou.
A criança passa por uma Fase Oral em que tudo que chega à sua mão passará invariavelmente à sua boca. Isto inclui a sua chave do carro, o controle remoto e por aí vai… Isto não quer dizer que ela esteja com vontade de comer estes objetos, mas pura e simplesmente que ela conhece o mundo pela sua boca, nesta fase.
Outro erro comum é dar o alimento por “dó”.
A criança aprende por repetição e o que ela vê os pais fazendo, ela copiará no início da vida.
O ambiente ideal para uma refeição seria com toda a família sentada à mesa, sem televisores, tablets ou celulares, evitando distrações ou fazendo com que a criança se alimente sem perceber e sem saciamento.
Além disto, todos deveriam desfrutar do mesmo alimento- as crianças com idade próxima a de um ano de vida já podem e devem comer a mesma comida dos pais. Assim, caso sinta vontade do seu prato, não haverá problema algum você compartilhá-lo com seu filho.
Por falar no uso de telas (televisores, celulares e tabletes), você tem ideia de qual é o tempo médio de uso adequado para uma criança de 2 anos ou menos? Vamos às alternativas:
a) 3 horas de uso
b) 2 horas de uso
c) 1 hora de uso
A resposta correta é ZERO! Uma criança com menos de dois anos não deveria ser exposta aos famosos vídeos e joguinhos de celulares… SIM! Tchau Baby-Shark!!!
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Os estudos mostram a associação entre excesso de exposição a telas na primeira infância e atraso no desenvolvimento cognitivo, na linguagem, atrasos sociais e descontrole emocional, além de comportamentos agressivos, alterações sociais e de sono – SIM, não faça seu filho a aprender a dormir com um vídeo ou televisão ao lado.
Desligue estes aparelhos 1- 2 horas antes do horário de dormir.
A estimulação faz com que a criança tenha dificuldade em diminuir o seu ritmo e acalmar-se para uma boa noite de sono e a luz emitida pelos aparelhos prejudica na eliminação do hormônio Melatonina, que regula nosso ritmo circadiano (sensação de noite-dia). Sendo assim, no cérebro do bebê é dia a noite toda!
Como esperar que ele durma então?
Além disso, Zimmerman & Bell10 mostraram que meninos que excedem 2 horas por dia de uso de mídia sedentária têm 1,7 vezes mais chances de desenvolver obesidade em comparação com aqueles que não excedem 2 horas por dia de uso de mídia sedentária.
É muito comum em ambulatórios de obesidade infantil os pais culparem os filhos sobre seus hábitos de alimentação inadequados. Mas é importante lembrar também que quem faz a compra da casa são os próprios pais, logo pais com hábitos alimentares inadequados, terão filho com hábitos alimentares inadequados.
E a obesidade segue a mesma equação…
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Vejo pessoas estritamente rigorosas com a alimentação de seus bichinhos de estimação, comprando ração adequada para o peso, idade e raça. Sendo totalmente inflexíveis, até com razão, com a oferta de alguns alimentos naturais como o abacate ou uvas para os seus pets, no entanto, não vejo o mesmo ímpeto na alimentação e, principalmente, no bloqueio dos desvios alimentares dos seus filhos.
A criança até dois anos, passa por um enorme crescimento físico e do seu sistema nervoso (80% do seu cérebro se desenvolve nesta fase), sendo imperativo o aporte nutricional adequado nesta fase para um bom desenvolvimento cognitivo e emocional, inclusive na fase adulta.
Atualmente, existe um MANTRA para os bons hábitos alimentares na infância, conhecido como 5-2-1-0.
Já ouviu falar?
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Lembrem-se sempre do 5-2-1-0! Ela é fórmula secreta da prevenção à obesidade.
Ficamos por aqui.
Nos vemos em breve!
Dr. Vinícius F. Z. Gonçalves– Pediatra e Neonatologista
Nesta última semana tive o prazer de assistir ao documentário “Muito além do peso”, o qual recomendo a todos e está disponível no Youtube gratuitamente. Ele aborda o tema da Obesidade Infantil e os dados são ASSUSTADORES:
– cerca de 33% das crianças brasileiras ESTÃO obesas ou com sobrepeso
– 80% por cento destas serão adultos obesos
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E o porquê desta epidemia? O que podemos fazer para melhorar?
Bem, antes de tudo é importante citar a Teoria da Epigenética, a qual correlaciona maus hábitos alimentares, tabagismo, sedentarismo de, ao menos, duas gerações passadas com possíveis doenças autoimunes, cânceres e alergias existentes na geração presente.
Em outras palavras, tudo aquilo que os seus avós, em especial a sua avó, experienciou durante anos até a gestação da sua mãe, e também tudo o que esta experienciou, podem ter colaborado para a sua programação genética. E isto ser um dos motivos da obesidade.
Existe uma outra teoria, que precede a esta, a do “indivíduo poupador”.
O “indivíduo poupador” era um ser privilegiado na era pré-histórica, época de grandes fomes e carências, e que conseguiu sobreviver e ser selecionado devido ao fato de conseguir acumular grandes reservas de gordura e energia e, assim, sobreviver às intempéries.
Mas o que aconteceu? O “indivíduo poupador” venceu a seleção natural e hoje vive num mundo de grande oferta calórica e não de miséria. Ambiente ideal para a epidemia da obesidade.
Já ouviram falar ou vocês mesmos já se pegaram falando que uma pessoa é “magra de ruim”? Que ela pode comer de tudo e que ela não engorda? Então a Epigenética e a Teoria do “indivíduo poupador” podem explicar isso. Maaaas, não tudo!
E da Teoria dos 1000 dias ou dos 1100 dias? Já ouviram falar?
A Sociedade Paulista de Pediatria neste mês comemora o Fevereiro Safira- Primeiros Mil Dias: pelo futuro das crianças.
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Se somarmos os 9 meses de gestação (40 semanas= 270 dias) mais os dois primeiros anos de vida (730 dias) – alguns autores consideram os meses antecedentes à gestação, associados a bons hábitos alimentares, atividade esportiva adequada e suplementação de vitaminas; principalmente o ácido fólico, como cruciais também ao desenvolvimento e programação genética do feto- chegaremos assim aos 1000 ou 1100 dias.
E aqui, novamente, entraremos na Epigenética e como o material genético de um bebê pode ser alterado por fatores extrínsecos e, como, escolhas feitas neste período poderão afetar toda a sua vida.
Mães com doenças crônicas ou doenças agudizadas não controladas, como a hipertensão, associadas ou não à obesidade, ao tabagismo, ao sedentarismo e ao uso do álcool e/ou drogas podem ter um papel crucial na programação genética de um futuro bebê.
Além disto, bebês prematuros, de baixo peso, restritos ou então aqueles muito grandes (macrossômicos), geralmente filhos de mães diabéticas, também têm um risco aumentado para a obesidade, hipertensão, diabetes e dislipidemia (colesterol alto).
Mas tudo isso, sem ainda nem termos entrado em nutrição ou atividade física? O bebê então, antes de nascer, que possuir alguma destas características já pode ter um risco aumentado para obesidade?
A resposta é SIM!!! Com todas as letras.
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Tá certo? E depois o que mais pode influenciar?
Bom aqui seria a parte fácil da conversa… Mas ficamos por aqui, por hoje!
O que é, como diagnosticá-las e tratá-las. Vamos nessa?
Mas antes…
Um pouco de história…
Segundo à Organização Mundial da Saúde (OMS) ocorreu uma redução drástica na mortalidade infantil causada por diarreia, nos últimos anos.
Para exemplificar, na década de 80, a diarreia ocupava o segundo lugar como causa de mortalidade infantil, sendo responsável por quase 25% dos óbitos.
Entretanto, já em 2005, ela passou para a quarta posição e foi responsável por menos de 5% das mortes, apenas.
1) Como sei que meu filho tem diarreia?
A diarreia é definida como o aumento do número de evacuações (mais de três episódios em 24 horas) e/ou alteração da consistência das fezes.
2) Até quanto tempo é “normal” meu filho ter diarreia?
A diarreia aquosa aguda costuma ter até 14 dias de duração, embora normalmente não ultrapasse sete dias.
Diferentemente da disenteria, ela não cursa com evacuações com sangue ou muco (pus) e nem persiste por mais de 14 dias, como na diarreia persistente.
3) O que causa a diarreia e como posso adquiri-la?
Já ouviu falar na famigerada virose?
Pois bem, a GRANDE MAIORIA dos episódios diarreicos são causados por vírus, como o Rotavírus, o Norovírus, o Adenovírus, dentre outros.
Nos casos de diarreia com sangue, devemos pensar em infecções bacterianas causadas pela Shigella, Salmonella, vírus da Cólera ou E. coli.
Ainda podem haver episódios diarreicos causados por parasitas ou fungos.
A infecção é transmitida pela secreção das vias aéreas, gotículas, objetos, água e alimentos contaminados, além da via fecal-oral. A lavagem de mãos e higiene é o melhor método de combatê-la.
4) Tá certo, mas o governo não dá a vacina contra o Rotavírus. Porque meu filho está com diarreia?
A vacinação contra o Rotavírus no Brasil iniciou-se em 2006, pelo Programa Nacional de Imunizações.
Após esse período, além de uma grande redução nos casos de diarreia grave e, por conseguinte, da mortalidade infantil; vimos um redução nas hospitalizações por desidratação e outras complicações dessas infecções.
No entanto, como citado, o Rotavírus não é o único agente causador possível.
Além do que, vale lembrar, que a vacina em âmbito particular é pentavalente, enquanto que a pública é monovalente.
5) Como é possível fazer o diagnóstico? É necessário colher exames?
O diagnóstico é clínico!
Toda criança com o aumento do número de evacuações e/ou com alteração do padrão das fezes (mais líquidas ou pastosas), sem episódio de sangramento, deve estar com um quadro diarreico agudo e , muito provavelmente, de origem VIRAL.
Desta forma, a coleta de exames faz-se desnecessária, principalmente, nos casos de desidratação leve.
A técnica de PCR para identificação do agente causador só é realizada em caráter de estudo e não é necessária, na totalidade dos casos.
6) Além da mudança das fezes, o que mais meu filho pode sentir? Ele pode ter febre?
A resposta é SIM.
Além de febre, a criança pode apresentar náuseas, vômitos, dor no abdome, distensão abdominal, aumento dos gases , redução do apetite e até manchinhas no corpo.
No entanto, deve-se atentar para os sinais de desidratação.
7) Quando devo levar meu filho ao Pronto-Socorro?
Os pais devem observar os sinais de desidratação: olhos encovados e sem lágrimas, moleira mais rebaixada, boca sem saliva, diminuição do xixi e hipoatividade.
Observe a tabela abaixo:
Caso o seu filho apresente um sinal de desidratação mais grave (coluna B ou C), você deve levá-lo ao Pronto-Socorro para reidratação.
8) Tá certo! Meu filho não possui nenhum sinal de gravidade, mas está apresentando muitos episódios de diarreia. O que posso fazer em casa?
Reitero, que grande parte das diarreias são causadas por vírus. Portanto, o próprio organismo é que precisa “dar conta” da infecção e o uso de antibióticos fica restrito aos casos de disenteria.
Ainda assim, podemos e devemos hidratar a criança com o Soro de Reidratação Oral.
Lembram-se desta colher?
Então, NÃO RECOMENDAMOS mais que seja feito o soro caseiro. Devido aos vários erros de preparação/diluição, hoje temos soluções prontas ou em forma de pó para diluir.
A quantidade a ser dada a cada episódio diarreico está descrita na tabela abaixo:
O leite materno deve ser mantido e encorajado.
Todos os líquidos podem e devem ser dados, como água, chá (não adoçado), sucos naturais e água de coco.
No entanto, os refrigerantes e sucos industrializados devem ser evitados. O excesso de açúcar pode piorar a diarreia.
O excesso de alimentos com fibras/bagaço, condimento e gordura também pode piorar o quadro.
Estimule a alimentação mais leve e natural possível.
9) E não há mais nada??? O que mais posso fazer?
Zinco: A OMS recomenda a reposição de Zinco, micronutriente envolvido em várias reações enzimáticas do corpo e no crescimento celular, já no início do quadro diarreico podendo ser mantido até a melhora do quadro, cerca de 10-14 dias. Existem “soros” com acréscimo de Zinco e medicações que podem aumentar a oferta dele para a criança e que, assim, reduzem o tempo da diarreia e a chance de recorrência nos próximos três meses da infecção atual.
Probióticos: Eles ajudam na restauração da “flora intestinal” e podem reduzir a duração dos episódios diarreicos. Podendo ser ofertados na primeira semana de tratamento.
Antieméticos: A OMS não recomendo o uso de antieméticos, medicações para o tratamento dos vômitos, devido à possibilidade de sedação e redução da ingesta de líquidos, o que pode piorar a desidratação. No entanto, a diretriz íbero-latinoamericana e a ESPHGAN acreditam que o uso da ondansetrona pode reduzir o número de vômitos e a chance de internação hospitalar, já que é um antiemético que não produz sedação.
Racecadotrila: Medicação muito utilizada em adultos para redução dos episódios diarreicos. Nas crianças, apesar de liberado, seu uso deve ser restrito. Devemos lembrar que apesar de incômoda, a diarreia é um mecanismo de defesa do corpo e que ela deve ser tolerada o máximo possível.
10) Tentei tudo isso e meu filho continua tendo muitos episódios diarreicos e não consegue tomar o Soro. O que eu faço?
Caso a criança apresente muitos episódios de diarreia e/ou vômito, não consiga tomar o soro de reidratação oral e apresente sinais de desidratação, você deve procurar o Pronto-Socorro.
Por fim, apesar de ocorrem muitos episódios de diarreia no verão, é agora no outono/inverno que ocorre a circulação do Rotavírus e de outros vírus responsáveis por este tipo de infecções. Portanto, devemos redobrar os cuidados nesta época do ano.
Espero que tenha ajudado vocês com estas dicas!
Dúvidas ou sugestões? É só deixar abaixo.
Até mais!
Dr Vinícius F. Z. Gonçalves- Pediatra e Neonatologista
Referências:
Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)- Diarreia Aguda- Diagnóstico de Tratamento- Março de 2017.
Olá! O assunto da semana de hoje será a “Cólica do Lactente”, distúrbio que deixa mães e bebês de cabelo em pé.
Vamos entender um pouco mais sobre ele?
1) O que é “Cólica do Lactente”?
Costumo frisar sempre para os pais que a “Cólica do Lactente” é um distúrbio BENIGNO e TEMPORÁRIO que costuma afetar bebês a partir dos 15 dias de vida até os 3 meses de idade.
2) Porque ele acontece?
O motivo é multifatorial, mas costumo destacar 3 grandes causas: os gases e a dificuldade em digerir o leite, a microbiota intestinal em formação e a dismotilidade intestinal. Esse tripé de causas será a base do tratamento das cólicas.
3) Como sei que o meu bebê tem “Cólica do Lactente”? Como faço o diagnóstico?
O diagnóstico é CLÍNICO. Devemos antes excluir outros motivos de choro:
Ou seja, será que o bebê não está com fome, com gases, irritado, com sono, com a fralda cheia, com os dentes em erupção, solto física ou emocionalmente? Antes de dizer que é cólica, devemos excluir isso tudo.
Veja o vídeo a seguir, que mostra um “truque” para tentar acalmar seu bebê, se o caso dele não for de cólica:
Excluídas outras causas de choro, a “Cólica do Lactente” é provável e deve seguir a famosa regra dos 3:
3 horas de choro diários
Por , pelo menos, 3 vezes na semana
Durante 3 semanas
4) Tá certo, meu bebê tem a famigerada “Cólica do Lactente” . Como eu consigo tratá-la?
Insisto em dizer que a “Cólica do Lactente” é um distúrbio BENIGNO e TEMPORÁRIO, visto que, nenhum tratamento é 100% eficaz e que a única coisa que parece findá-lo é justamente o tempo- ou seja, o passar dos 3 meses.
Ainda, que cada criança responde de um jeito diferente e parece “preferir” um tratamento ao outro.
Além do que, costumo dizer que as próprias mães e os pais vão começar a entender melhor o seu bebê após 3 a 4 semanas de vida; diferenciando cada choro para cada exigência dele.
Como havia citado quando falei das causas, o tratamento baseia-se naquele tripé :
Dismotilidade
Parece que até o quarto mês de vida, o bebê; em especial o prematuro, possui um certo grau de dismotilidade intestinal.
O que isso quer dizer? Parece que ele não sabe conduzir bem seus gases e fezes num único sentido; sendo assim, eles ficam indo e voltando, de lá para cá, o que pode gerar tanto a cólica quanto um certo grau de refluxo gastroesofágico.
Sendo assim, uma coisa fácil e barata que pode ajudar nas cólicas são as massagens e o aquecimento da barriga do bebê.
E não, você não precisa ser massoterapeuta ou especialista em Shantala!!! Segue um vídeo e um link ensinando técnicas básicas de massagens:
O aquecimento pode ser feito com compressas mornas, bolsas de água quente (existem algumas no mercado com cheirinho de ervas e que acalmam o bebê), banho morno ou ofurô.
Gases e dificuldade em digerir o leite
O leite não é um alimento de fácil digestão, definitivamente. As fórmulas, ainda mais que o leite materno.
Além disso, o bebê parece apresentar um certo grau de intolerância ao leite, como se as enzimas necessárias para sua digestão ainda não estivessem totalmente formadas ou efetivas.
Desta forma, pode ocorrer a digestão incompleta/ fermentação do leite, gerando a formação de gases e desconforto.
Já existem formulações com enzimas que ajudam na digestão do leite e medicamentos para ajudar na eliminação dos gases, além das massagens explicadas acima.
Microbiota Intestinal
O bebê nasce com o intestino sem nenhuma Flora ou Microbiota intestinal e ele começa a ser colonizado a partir do momento que nasce.
A nossa Flora ajuda na digestão do alimento e é indispensável para o bebê.
Sendo assim, muitos bebês apresentam cólica por não conseguirem digerir o leite completamente, parecido com o que foi explicado acima.
Já temos também medicações que ajudam na formação desta Microbiota e que podem ajudar a combater a cólica, reduzindo o tempo do choro – em especial, as crianças que recebem seio materno exclusivo.
5) E os chás e a Funcho-chicoria? Minha Vó usava e dizia que era muito bom!
Pois é, nem tudo que usávamos e fazíamos antes, nós usamos e fazemos hoje- que bom!!!
Como preconizado pela Sociedade Brasileira de Pediatria, a criança deve receber exclusivamente Leite Materno ou Fórmula Láctea específica até os 6 meses de vida.
Os chás podem fazer com que a criança diminua a quantidade de leite ingerido e assim, perca peso. Além do que, não devemos dar açúcares ou adoçantes para crianças, nesta idade.
A Funcho-chicoria (extrato de erva-doce e chicoria) foi retirada do mercado em 2012 pela ANVISA. E apesar de ser um medicamento fitoterápico, não existem doses seguras recomendadas em bula (nem pelo fabricante).
Ela vem em pó e muitos pais dissolvem-na no leite ou na água (o que pode resultar no mesmo problema do chá) e ofertam para as crianças.
Outros, molham a chupeta no pó e ofertam para os bebês, o que pode acarretar em microaspirações, pneumonias aspirativas e problemas respiratórios futuros.
Infelizmente, a empresa que produz a funcho-chicoria conseguiu vencer a liminar que retirou a medicação das prateleiras e hoje vemos ela sendo vendida, sem bula e sem nada, em todas as farmácias…
Eu formalmente CONTRA-INDICO o seu uso.
Por outro lado, temos outros extratos de plantas , que também contém a funcho-chicoria, que são aprovados pela FDA (órgão americano que fiscaliza alimentos e medicações) e que são vendidos pela internet. Contém a inconveniência do preço e da necessidade de importação.
6) E a alimentação da mãe, pode causar e/ou piorar a cólica?
A resposta é…. SIM!
De certa forma, parte daquilo que a mãe ingere pode passar ao leite materno e, assim, para o bebê.
Já temos alguns vilões conhecidos, que são basicamente os mesmos alimentos que causam o refluxo gastroesofágico no adulto: café, chá preto, refrigerantes, energéticos, embutidos e alimentos processados, frituras, molho de tomate, pimenta ou molhos condimentados, chocolate…
Dica básica? É só a mãe comer o mais naturalmente possível e sempre que for sair da dieta, não exagerar nas besteiras.
Ainda assim ,segue uma lista abaixo dos alimentos associados à colica:
7) O que fazer então?
Por fim, como sempre digo, toda doença que possui inúmeros tratamentos é porque nenhum deles é realmente efetivo.
Na minha vivência, observo que cada caso é um caso.
Que cada bebê responde de uma forma aos diversos tratamentos e medicações.
O que vale sempre a pena é os pais tentarem entender se aquele desconforto do bebê é realmente cólica. Se sim, qual parte do tripé deve ser o causador do desconforto? Gases, dismotilidade ou microbiota? E só então tentar tratá-lo.
Meu único e último alento é que a cólica VAI PASSAR! E o seu pediatra sempre estará ao lado para tentar ajudá-los nesta fase.
Hoje vou ficando por aqui.
Uma ótima semana a todos e até a próxima.
Dr. Vinícius F.Z. Gonçalves- Pediatra e Neonatologista
Pois bem, mas para entender o tratamento da DRGE devemos entender porque ela ocorre.
Na verdade, não há apenas um fator relacionado à sua gênese… O aumento da pressão no estômago ou no abdome, por uso de roupas apertadas ou faixas; o refluxo ácido; o esvaziamento lento do estômago; a posição mais verticalizada do estômago na criança e a redução da pressão da parte final do esôfago – o tubinho que liga a boca ao estômago- por causas intrínsecas, como doenças neurológicas, ou extrínsecas, como o tabagismo passivo (inalação da fumaça do cigarro) podem causar a DRGE.
Sendo assim, temos várias linhas de tratamento. E como eu SEMPRE digo, quando temos várias medicações para a mesma doença é porque nenhuma delas é realmente efetiva.
O que é mais importante salientar, é que na grande maioria dos casos as crianças tem RGE e não DRGE; sendo assim, a grande tarefa do Pediatra é tranquilizar os pais e mostrar que não está ocorrendo nenhum impacto no crescimento e no desenvolvimento da criança, que as crianças NORMALMENTE regurgitam e que grande parte delas são as chamadas “Regurgitadoras Felizes”.
Em todo caso, o passo básico para o Tratamento é:
Manter a criança em posição vertical de 20 a 30 minutos após a mamada
Elevar a cabeceira do berço em 30 graus- podendo-se lançar mão do travesseiro anti-refluxo
Posicionar a criança em decúbito dorsal ou seja DE BARRIGA PARA CIMA!!! Isto reduz a chance de “Morte Súbita do Lactente”. Apesar das várias campanhas, é impressionante o número de pais que ainda deixam seus filhos recém-nascidos dormindo “de lado” ou de “barriga para baixo”, acreditando ser essa a melhor posição. A criança ainda não tem coordenação, no início da vida, para respirar pela boca, sendo assim qualquer coisa que obstrua o seu narizinho pode provocar asfixia, desde almofadas e bichinhos-de-pelúcia, que não devem ser deixados no berço; até mesmo uma pequena quantidade de leite que seu filho tenha regurgitado (desculpa o textão, mas esse assunto me intriga um pouco….)
Fracionar o número de mamadas e evitar a sucção não nutritiva, se a criança estiver em Seio Materno Exclusivo
Tentar as Fórmulas AR, se estiver recebendo Fórmula Infantil Convencional
Apenas com essas medidas, mais de 60% das crianças apresentam melhora nos episódios de regurgitação.
No entanto, existem aqueles casos em que ainda há a suspeita de DRGE. O que fazer?
Segundo as Sociedades Europeia (ESPGHAN) e Norte- Americana (NASPGHAN), deve-se aventar a possibilidade de Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV) nesses casos e realizar um teste com Fórmulas Hidrolisadas por duas a quatro semanas. Muito dos sintomas de DRGE, quanto os de APLV se confundem, dificultando o diagnóstico de ambas; além do que cerca de 40% das crianças podem apresentar as duas doenças concomitantemente- além da Cólica do Lactente…
Além disso, segundo estudos, cerca de 80% das crianças que iniciaram o uso da Fórmula Hidrolisada apresentaram melhora dos sintomas de DRGE.
Restando, por fim, uma pequena parcela das crianças que realmente vão precisar de tratamento medicamentoso.
Os fármacos mais usados são aqueles que aceleram o esvaziamento gástrico -Procinéticos, como a Domperidona- ou os que reduzem a acidez do estômago, como a Ranitidina e o Omeprazol.
Entretanto, todos podem produzir efeitos colaterais como cólicas, irritabilidade, sonolência, dor de cabeça, tonturas e movimentos de balançar a cabeça; o que pode prejudicar ainda mais no diagnóstico, tratamento e estabelecimento de causa-efeito-consequência.
Os anti-ácidos, em especial, devem ser usados em casos específicos, visto que a grande maioria dos refluxos em crianças é de origem básica e não ácida, como demonstrado nos exames de Impedanciometria Esofágica, o exame padrão-ouro para o diagnóstico de DRGE, atualmente.
Além do que, a Ranitidina possui um efeito de tolerância, perdendo sua ação ao longo de semanas, em caso de uso crônico.
E o Omeprazol apresentou um “boom” de prescrição, nos últimos anos, após a sua liberação para crianças com mais de um mês de vida pelo FDA (órgão que regulariza os medicamento nos EUA). No entanto, sabe-se que o seu uso crônico pode provocar polipose intestinal, chance aumentada para infecções respiratórias e/ou gastrointestinais, além de afetar na absorção do Ferro e da Vitamina B12. Seu uso deve ser criterioso, portanto.
Em último caso, pode-se recorrer para a correção cirúrgica associada à realização da válvula anti-refluxo. No entanto, este recurso terapêutico reserva-se para crianças com outras doenças associadas ou refratariedade do tratamento clínico.
Espero que tenha ajudado a solucionar parte da dúvida dos papais e das mamães.
O mais importante é sempre conversar com seu Pediatra e ele, após avaliar o caso específico do seu filho, irá recomendar o melhor tratamento!
Nem sempre o que funciona para uma criança, funcionará para a outra.
É importante também entender que, na grande maioria dos casos, a criança possui apenas RGE e os seus sintomas serão transitórios.
Por hoje é só- e UFA… quanta coisa!
Dúvidas e/ou sugestões para os próximos temas? É só escrever no espaço abaixo!
Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria- Regurgitação do lactente (Refluxo Gastroesofágico Fisiológico) e Doença do Refluxo Gastroesofágico em Pediatria- Dezembro de 2017.
Uma das dúvidas mais recorrentes, tanto no consultório, quanto nos Hospitais e UTIs em que trabalho é: ” Doutor, meu filho tem Refluxo . Já passei em vários médicos, já dei diversas medicações e nada que eu tenha feito ou dado para ele parece que melhore. O que eu faço?”.
A primeira coisa que gosto de destacar é que atualmente há uma abundância de diagnósticos de Doença do Refluxo Gastro-esofágico (DRGE), assim como o de Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV), e os motivos são inúmeros…
Acredito que atualmente haja mesmo mais informação , o que implica no aumento do número de diagnósticos, além da melhora na assistência à Saúde, o que aumentou a sobrevida de crianças que são mais sujeitas à DRGE, como os prematuros; mas não posso deixar de destacar a imensa pressão da indústria farmacêutica e, porque não, dos próprios pais em diagnosticar e iniciar o tratamento farmacológico em seus filhos.
Antes de tudo, vale aqui diferenciar o Refluxo Fisiológico ou Refluxo Gastro-Esofágico (RGE) da Doença do Refluxo Gastro-Esofágico (DRGE).
O Refluxo Fisiológico ou Refluxo Gastro-Esofágico tem as seguintes características:
Ocorre em crianças e adultos saudáveis- ou seja, é NORMAL
Afeta 60% do Bebês
Tem um pico de ocorrência com 4 meses de idade
Resolve-se em até 95% dos casos com 1 ano de idade
NÃO AFETA O GANHO DE PESO DA CRIANÇA
NÃO afeta outras partes do corpo, como a DRGE
NÃO afeta o sono ou causa irritabilidade
Já a Doença do Refluxo Gastro- Esofágico:
Geralmente acomete crianças com problemas neurológicos, com doenças respiratórias crônicas e/ou malformações congênitas, como a hérnia diafragmática, prematuros, obesos
Cursa com BAIXO ganho de peso (importante marcador), dificuldade em aceitar os alimentos, vômitos intensos, irritabilidade, alteração da posição do pescoço da criança
Além de poder causar crises de apneia e/ou cianose, chiado/asma/tosse crônica, rouquidão, infecções respiratórias de repetição, erosão do esmalte dos dentes
Mais importante do que a gama de sintomas que a DRGE pode causar, é o enorme número de diagnósticos diferenciais que podemos ter, como mostra o quadro abaixo:
Sendo assim, só um profissional na área poderá dizer com certeza se seu filho tem RGE ou DRGE.
No entanto, o mais importante frisar aqui é que o diagnóstico de RGE ou DRGE é ESTRITAMENTE CLÍNICO. Ou seja, não demanda de nenhum exame complementar, ainda mais quando estamos falando de crianças menores de 1 ano de idade.
Para dizer que uma criança tem apenas RGE, ela deve preencher obrigatoriamente dois critérios, segundo o ROMA IV (um protocolo sobre as doenças do trato gastrointestinal atualizado em 2016 por especialistas na área) :
Apresentar dois ou mais episódios de regurgitação em pelo menos 3 semanas
Ausência dos sinais citados acima, em negrito, e que caracterizam a DRGE
E, assim, elas ganham a alcunha de “Regurgitadores felizes” ou “happy “spiter” (termo em inglês).
“Tá certo, Doutor! Entendi tudo isso até agora. Mas como posso tratar o meu pequeno?”
Como o assunto é vasto e se estendeu um pouco, irei continuá-lo na Parte 2 :
Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria- Regurgitação do lactente (Refluxo Gastroesofágico Fisiológico) e Doença do Refluxo Gastroesofágico em Pediatria- Dezembro de 2017.