Qual temperatura é febre? O que mudou?

Olá, tudo bem com vocês? Eu espero que sim!

Em Maio desse ano (deixo o link abaixo) a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) mudou o ponto de corte da temperatura para a definição da febre.

Alguns meses se passaram e vi que o assunto entrou à tona no noticiário, e então, vim falar um pouco sobre isso, por aqui.

1) Qual a temperatura é considerada como febre?

Atualmente, considera-se febre a temperatura AXILAR a partir de 37,5C.

2) Porque você destacou AXILAR?

Em um texto anterior sobre a febre (Segue o link: https://clinicagoncalves.com/2021/01/12/o-medo-da-febre/), destaquei que a temperatura corpórea é diferente em cada parte do corpo. Por exemplo, na medida retal, se considera febre acima de 38C.

Mais do que isso, nesse novo texto, a SBP reitera a medida da temperatura axilar e, até contra-indica, a utilização de termômetros de infra-vermelho, fora do ambiente hospitalar e também em menores de 1 ano!!!

a SBP contra-indica, a utilização de termômetros de infra-vermelho, fora do ambiente hospitalar e também em menores de 1 ano!!!

3) Então, como o “corte” da febre abaixou, eu devo medicar meu filho o quanto antes? Ou melhor, ir correndo ao médico ou ao PS?

NÃO!

As orientações são as mesmas e recomendo MUITO que leia o texto sobre o medo da febre: https://clinicagoncalves.com/2021/01/12/o-medo-da-febre/ .

Principalmente, a parte final.

Como disse, as orientações são as mesmas: se o seu filho estiver com febre, mas confortável, não é preciso e nem recomendado medicar (ou hipermedicar).

Tente dar um banho, ofertar líquidos e retirar um pouco da roupa e levá-lo para um ambiente mais arejado.

Sinais de alerta:

– Febre acima de 39,5 ºC com tremores de frio

– Abatimento acentuado ou forte indisposição (sonolência e irritabilidade, choro inconsolável ou choramingas, gemência) que não melhoram após o efeito da dose de antitérmico

– Aparecimento de sintomas diferentes

– Febre que ultrapassa três dias completos (em crianças maiores de 3 meses)

4) Mas a febre não controlada, principalmente, alta não aumenta a chance de convulsão?

Não.

A convulsão febril ocorre apenas em crianças com histórico pessoal ou familiar de convulsão febril, em crianças de 6 meses a 5 anos de idade.

E, além disso, mais do que a temperatura absoluta, é ascensão rápida da temperatura que pode causar a convulsão.

A novidade nesse novo texto da SBP (link abaixo) foi que o uso de antitérmico profilático para crianças com histórico de convulsão febril, não mostrou ser efetivo.

Sendo assim, mesmo em crianças com histórico de convulsão febril, o uso do antitérmico profilático não mostrou ser efetivo e, portanto, não há evidência na sua recomendação.

4) E para as vacinas?

A recomendação é a mesma!!!

As vacinas que mais causam reação como a Pentavelante e/ou DTP sofrem forte influência negativa do uso do antitérmico profilático, reduzindo a resposta vacinal.

Costumo dizer para os pais: “digitem no Google Paracetamol e vacina Pentavalente e vejam o resultado”.

Existem vacinas, como a Meningo B, que não sofrem essa influência. Mas são exceções.

5) Qual o melhor antitérmico?

Na realidade, não há um melhor.

Mas sim aquele que a família e a criança se adaptem melhor.

A tríade da Pediatria continua sendo:

  • Paracetamol, desde 0 dias de vida
  • Dipirona, a partir de 3 meses de vida.
  • Ibuprofeno, a partir de 6 meses de vida.

O AAS infantil entrou em desuso devido à possibilidade da Síndrome de Reye. Uma reação grave quando ele é utilizado durante quadros febris infeciosos virais.

6) Entretanto, muito cuidado!!!

Os antitérmicos são absorvidos após 30-60 minutos da ingestão.

Tendo um pico de ação após 2-3h.

Cuidado com a hipermedicação, uso inferior a 4-6 horas, pois pode ocorrer superdosagem (verifique que há uma dose máxima diária, na tabela acima).

Além do uso prolongado ou associado com outras medicações.

A Paracetamol pode causar lesão hepática (no fígado), a Dipirona pode causar reações alérgicas e agranulocitose e o Ibuprofeno, dispepsia, sangramentos gástricos e lesões renais.

A diferença entre o medicamento e o veneno esta justamente na dose.

Lembre-se disso!

Embora pareça controversa, essa nova recomendação surgiu justamente para tranquilizar as famílias.

Vamos lembrar que a temperatura corpórea oscila ao longo do dia em mais de 1C e que a febre, não necessariamente, indica doença em si, mas sim que o corpo está combatendo algo.

Tenha tranquilidade!!!

E não esqueça de ver esse texto sobre o “Medo da Febre”: https://clinicagoncalves.com/2021/01/12/o-medo-da-febre/

Vejo vocês numa próxima.

Até lá!

Dr Vinícius F. Z. Gonçalves- Pediatra e Neonatologista

CLÍNICA GONÇALVES- Deixe a nossa família cuidar da sua.

Fontes:

1. Abordagem da Febre Aguda em Pediatria e Reflexões sobre a febre nas arboviroses- Documento Científico da Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamentos Científicos de Pediatria Ambulatorial e Infectologia (gestão 2022-2024). Nº 206, 15 de Maio de 2025. Link: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/sbp/2025/maio/16/24896f-DC_-Abordag_Febre_Aguda_em_Pediatria_e_Reflexoes_VIRTUAL.pdf

2. O Medo da Febre. Clínica Gonçalves. Link: https://clinicagoncalves.com/2021/01/12/o-medo-da-febre/

Como fazer o bebê dormir?

Olá, tudo bem com vocês? Espero que sim!

Hoje vim tentar responder a essa pergunta de mais de um milhão de dólares– hahaha.

Mas antes, eu já havia falado sobre o sono dos bebês e crianças nessa publicação:

Dicas de Sono

Vale muito a leitura!

Então chega de papo e vamos falar mais sobre o sono das crianças e bebês, no velho estilo bate-bola.

1) O que é a Melatonina? Onde produzimos?

A Melatonina é um hormônio produzido a partir de um aminoácido, o Triptofano. E esse, é convertido em Serotonina (já ouviram falar nela? O hormônio do prazer?), para então virar a Melatonina.

Ela é produzida, principalmente, no nosso cérebro, em uma glândula chamada Pineal. Mas também na retina, nas plaquetas e pelo intestino.

Confira a imagem:

2) O que a Melatonina faz e quem controla a sua produção?

A Melatonina é o famoso “hormônio do sono”.

Ela é quem controla nosso ciclo cicardiano (noite-dia) ou relógio biológico.

A sua produção é EXTREMAMENTE prejudicada pela exposição à luz, principalmente a AZUL (presente em dispositivos eletrônicos, como celulares, tablets e telas).

Esse hormônio é produzido exclusivamente à noite, requerendo um ambiente estritamente escuro. Mesmo uma luz fraca pode inibir a sua produção.

Veja a imagem acima, novamente.

Vale destacar que, em estados de forte estresse físico ou psicológico, há a liberação de hormônios no nosso corpo, como o Cortisol e a Adrenalina, que inibem a produção da Melatonina também.

3) A Melatonina só regula o Sono?

Não!

Ela também é responsável pelo controle do apetite (jejum noturno)/ secreção da insulina, redução da temperatura corporal, da frequência cardíaca e da pressão arterial, além da inibição da micção noturna.

Veja só, muitas crianças com problemas de sono também tem: sobrepeso/obesidade, resistência insulínica ou diabetes, pressão alta e enurese noturna (fazem xixi na cama).

Uma boa rotina de sono pode regular vários sistemas do nosso corpo.

4) Um bebê produz Melatonina? A partir de quando?

Os bebês já recebem Melatonina durante toda a gestação, via placenta.

E continuam a recebê-la até 12-20 semanas (3 a 5 meses), após o nascimento, pelo leite materno.

Entretanto, um bebê só começa a produzir Melatonina, de fato, aos 3 meses de vida.

Ainda assim, veja como o leite materno é importante para consolidar o ciclo sono-vigília dos bebês até que o próprio organismo dê conta da sua produção.

5) Quanto dorme um bebê/ uma criança?

A cada ano de vida, dormimos menos.

Entretanto, as sonecas durante o dia, são importantes e cruciais ao sono noturno até os 3-5 anos de idade.

Confira a tabela:

Veja que, os adolescentes dormem menos, e a Melatonina também controla a produção de hormônios sexuais.

Após a pandemia, observou-se um aumento do número de casos de puberdade precoce em crianças e muito provavelmente, isso ocorreu pelo excesso/abuso de telas, nesse período.

6) Está certo. Muito blábláblá, mas vamos ao que interessa… Quanto de Melatonina eu preciso dar para meu filho dormir?

Aí que está o “X” da questão.

A ANVISA proibiu a venda de produtos que contenham Melatonina para crianças. Estando liberada apenas para adultos (acima de 19 anos).

Embora, ela possa ser utilizada em alguns casos específicos, na pediatria, é importante frisar que em ambulatórios que acompanham o sono, mais de 50% dos casos são tratados com a correção dos hábitos de sono não saudáveis.

Essa deve ser a primeira linha de tratamento.


Hey, mas não vá embora ainda!!!🙏🏻

Tem muita informação legal, que pode ajudar no sono do seu filho:

  • Rotina é crucial!

Mesmo que seja um final de semana, feriado, viagem… É muito importante que seu filho tenha um horário para dormir e acordar.

Pode reparar que, após as férias ou em um final de semana muito atribulado, o sono do seu filho sofrerá um impacto até se ajustar ao longo da semana novamente.

Acredite, as crianças gostam de rotina.

  • Escuro

Acho que deixei bem claro no texto que a LUZ, mesmo que mínima, impacta e MUITO na produção da Melatonina.

O quarto deve ser escuro e silencioso.

O blecaute é uma ótima opção!

  • Eletrônicos

Como também mencionei, os dispositivos eletrônicos (tablets, TVs e celulares) emitem muita luz, principalmente, a AZUL, que é a que mais impacta na produção de Melatonina!!!

Evite o uso deles, ao menos, 1h antes da hora de dormir. Preferencialmente, até 2-3h antes.

  • Relaxamento

Tem pais que imaginam que gastar a energia antes de dormir vai ajudar no sono e… NÃO!

Próximo do horário de dormir, reduza a atividade da casa, as luzes e os ruídos.

Prepare o ambiente com o mínimo de estímulos.

Abaixe a luz, ou utilize cores quentes e fracas (vermelha). E na hora do sono, evite qualquer tipo de luz.

Reduza o som ou utilize músicas instrumentais, canções de ninar tranquilas e em baixo volume. O ruído branco pode acalmar os bebês.

Leia um livro antes de dormir e, como disse antes, evite celulares, tablets e vídeos na cama.

  • Refeição

Evite alimentos pesados próximo do horário de dormir.

Bebidas com cafeína como: café, chá preto ou mate, refrigerantes e chocolates , podem impactar negativamente no sono.

Sabia que existem alguns alimentos que ajudam na síntese da Melatonina?

Como disse no início desse texto, a Melatonina é convertida do Triptofano, um aminoácido que é presente em alguns alimentos.

E segue aqui, uma tabela de alimentos, que podem ajudar no sono do seu filho (dica de ouro):

  • Atividade física

Realizar atividades físicas, ao longo do dia, ajudam na rotina de sono.

No entanto, evite que seu filho faça atividades intensas, próximo do horário de dormir.

Crianças que passam longos períodos nas telas, não apenas pela LUZ AZUL, mas também pelo baixo gasto energético, costumam a apresentar mais problemas de sono.

  • Conforto

Nada mais gostoso do que nossa casa, nosso quarto, nossa cama, não é?

Bom, pelo menos deveria ser.

E também deve ser para as crianças!

Prepare um ambiente com lençóis, mantas e colchões confortáveis.

Retire objetos que causem distração ou causem desconforto da cama ou do berço.

Ps.: Lembrem-se que, ao falarmos de bebês menores de 4-6 meses (que ainda não rolam) o berço deve ser o mais simples possível! Evitem travesseiros, almofadas, pelúcias ou protetores de berço, devido ao risco de sufocamento.

  • Consistência e Paciência (MUITA)

Não espere resultados rápidos.

A rotina de sono depende de uma: ROTINA. E desde pequeno.

Se seu filho despertar ao longo da noite, evite acender as luzes, realizar barulho e retirá-lo da cama ou berço, ou ainda, trazê-lo para a sua cama (solução mais fácil, mas que pode ter um impacto grande e difícil de ser contornado).

Tente acalmá-lo na própria cama ou berço, e se não for possível, no colo, mas sempre tente colocá-lo de volta no seu local de dormir.

Segue o resumo das dicas:

Todas as Sociedades de Pediatria desaconselham que os pais durmam na mesma cama que seus filhos, principalmente, os bebês.

Após 4-6 meses, após o rolamento e o sustento do pescoço, os bebês já tem autonomia para dormirem sozinhos, no próprio quarto.

Como pediatra, mas principalmente como pai, eu vejo e presencio momentos que são desafiadores.

Muitas vezes, a solução mais fácil, para aquele momento, seria tirar a criança do berço, trazer para a cama e passar a noite toda dormindo…

Para aquele momento!

Os resultados, a longo prazo, são menos promissores. E essa associação, mais difícil de se desfazer, no futuro.

O sono depende de rotina, consistência e paciência.

Acreditem, com um pouco de tudo isso, o resultado vem. Acreditem!!!

Se seu filho não estiver dormindo, reveja como foi o dia dele, ou melhor, os últimos dias dele.

Veja como foi a rotina de exercícios, se houve muita exposição à tela (principalmente antes de dormir), se vocês tiveram um momento de relaxamento antes do sono, como foi a alimentação e se não há nenhuma mudança drástica na rotina dele como: brigas em casa, mudança de casa ou escola, nascimento de um irmãozinho, óbito de algum familiar, nascimento de dentes, doença aguda ou, até mesmo, um salto de desenvolvimento.

Releia as dicas acima.

Pratique.

Tenho certeza que dará certo!

Sigam firmes!!!

Nos vemos, em breve.

Dr. Vinícius F.Z. Gonçalves- Pediatra e Neonatologista

Fontes:

  1. Sociedade Brasileira de Pediatria- Distúrbios da melatonina: o que o pediatra precisa saber.
    Documento Científico Departamento Científico de Endocrinologia (gestão 2022-2024)Nº 209, 27 de Maio de 2025. Link:https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/sbp/2025/maio/27/24834c-DC_-_Dist_melatonina_o_que_pediatra_precisa_saber.pdf

Fimose

Olá, tudo bem com vocês? Eu espero que sim!!!

Ultimamente, venho recebendo muitas perguntas sobre o tema “Fimose”.

Vejo muita apreensão dos pais e muuuitas dúvidas- algumas em virtude das opiniões de terceiros- e que, nem sempre são corretas…

Vamos então tentar saná-las?

1) É normal os meninos terem fimose?

SIM!!!

Para não dizer que todos os meninos nascem com fimose, a estatística real ao nascimento é de 96%.

Ou seja, quase todos.

2) Mas a fimose é algo “normal” ou é uma doença?

Depende.

Como vocês podem observar acima, a fimose pode ser algo “normal”.

Grande parte dos meninos nascem com fimose, também chamada de fimose fisiológica ou primária. E, ao longo do tempo, a quase totalidade deles (90%) terão resolução espontânea da fimose até os 3 anos de idade.

Entretanto, existem casos de fimose secundária

E isso abre espaço para a próxima pergunta:

3) Eu preciso fazer as “massagens” ou “manobras” para abrir a fimose do meu filho?

A resposta é um categórico NÃO!!!

Culturalmente orientada e disseminada, infelizmente, até mesmo por profissionais de saúde, as ditas “manobras” ou “massagens” NÃO DEVEM SER REALIZADAS. ELAS podem causar traumas físicos e, até mesmo psicológicos.

Esses pequenos traumas ao cicatrizar, podem levar ao estreitamento do canal (fibrose), a chamada fimose secundária, cuja resolução é apenas cirúrgica.

Culturalmente orientada e disseminada, infelizmente, até mesmo por profissionais de saúde, as ditas “manobras” ou “massagens” NÃO DEVEM SER REALIZADAS.

4) O que fazer então?

O que é recomendado, atualmente, seria realizar uma ligeira tração, sem machucar, durante o banho apenas, para a higiene local.

5) Qual o tratamento?

É importante ressaltar para os pais e cuidadores que, na imensa maioria das vezes, a abertura da fimose é um processo natural e que haverá resolução espontânea nos primeiros anos de vida.

E que, portanto, não requer nenhum tipo de tratamento.

A depender do grau e idade do paciente (persistência), veja a tabela:

Graus de Fimose

O médico poderá escolher entre o tratamento conservador x cirúrgico.

6) Quando a cirurgia deve ser indicada?

A cirurgia é indicada formalmente nos casos de:

  1. Presença de afecções do trato urinário (refluxo vesico uretral, válvula de uretra
    posterior, síndrome de Prune Belly, megaureter)
  2. Balanite xerótica obliterante

Embora, existam indicações realizadas pela maioria dos cirurgiões pediátricos

  1. Impossibilidade de exposição da glande em criança acima de 3 anos de idade
    (tratamento conservador refratário)
  2. Episódio prévio de para-fimose
  3. Balanopostites ou infecções urinárias de repetição

Apesar disso, gostaria de endossar que a fimose tem um caráter de resolução espontânea, na maioria das vezes, e compartilhar esse estudo que acompanhou crianças por sete anos:

“Take Home Message”

Acho que é isso!

Ficaram dúvidas? Então, é só deixá-las abaixo que eu respondo.

Até a próxima!

Nós vemos em breve.

Dr Vinícius F. Z. Gonçalves- Pediatra e Neonatologista

CLÍNICA GONÇALVES- Deixa a nossa família cuidar da sua!

Fontes:

  1. Fimose: Tratamento Clínico X Tratamento Cirúrgico. Documento Científico- Departamento Científico de Pediatria Ambulatorial e Grupo de Trabalho de Cirurgia Pediátrica (gestão 2022-2024). Sociedade Brasileira de Pediatria- 25 de Maio de 2023. Link:https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/23978c-DC_-_Fimose_tratam_Clinico_x_Tratam_Cirurgico.pdf
  2. FIMOSE: QUANDO A CIRURGIA É INDICADA?- DEPARTAMENTO CIENTÍFICO DE CLÍNICA CIRÚRGICA EM PEDIATRIA DA SOCIEDADE DE PEDIATRIA DE SÃO PAULO- 13 de Novembro de 2020. Link: https://www.spsp.org.br/PDF/SPSP-DC-Cirurgia%20Pedi%C3%A1trica-13.11.2020.pdf
  3. Manual de Uropediatria. Sociedade Brasileira de Pediatria e Sociedade Brasileira de Urologia. Link: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/Manual_Uropediatria-Final.pdf

Como tratar conjuntivite?

Olá! Tudo bem com vocês? Eu espero que sim!

Hoje vou falar sobre as conjuntivites nas crianças.

Como diagnosticar? Como tratar? Precisa afastar da escola em todos os casos?

Mas antes de começarmos, é importante conceituar o que é conjuntivite.

1) O que é conjuntivite?

Tudo o que termina com o sufixo “ite”, em medicina, significa inflamação.

A Conjuntiva é uma membrana transparente que fica sobre a esclera, a parte branca do olho, e a sua função é a de proteger os olhos de agentes externos.

Imagem 1- Conjuntiva

Logo, a conjuntivite é a inflamação de uma parte do olho.

Reitero: inflamação.

Não obrigatoriamente infecção.

2) Quais as causas de conjuntivites?

As conjuntivites podem ser causadas por agentes infecciosos, como vírus, fungos e bactérias, corpos estranhos, alérgenos e agentes irritantes.

3) Todo olho vermelho é conjuntivite?

A resposta é não.

No entanto, toda conjuntivite costuma cursar com o olho vermelho.

4) Quais são os sintomas?

As conjuntivites, independentemente da causa, geram:

  • Olhos vermelhos
  • Prurido (coceira)
  • Sensação de areia nos olhos
  • Fotofobia (incômodo com a luz)
  • Lacrimejamento
  • Secreção nos olhos

5) Como diferenciar uma conjuntivite viral de uma bacteriana?

Essa, de fato, não é uma tarefa fácil…

Entretanto, a história clínica ajuda e MUITO!

  • Conjuntivite Viral

É comum haver uma história de resfriado associado ao quadro ou de pessoas próximas resfriadas.

Portanto, febre por 2 a 3 dias, coriza hialina (clara) e tosse são sintomas comuns.

Falando especificamente sobre a conjuntivite:

– Pode acometer um olho, apenas. Mas geralmente acomete ambos os olhos em 48h.

– A secreção é mais mucosa (aquosa).

– Presença de linfonodos pré-auriculares (ínguas).

Imagem 2- Linfonodos pré-auriculares (à frente da orelha)

  • Conjuntivite bacteriana

Começa de forma aguda, sem história prévia de resfriado.

A irritação e a vermelhidão são importantes. Mas também:

– Acomete, normalmente, apenas um dos olhos. Pode haver o acometimento de ambos os olhos através do ato de coçar.

– A secreção é abundante. Mais espessa. Podendo ser amarelada ou esverdeada.

– Geralmente, sem linfonodos (ínguas) aumentados durante o quadro.

6) Qual o tratamento?

Seja qual for a causa, realizar higienize com soro fisiológico 0,9% e aplicar compressas com água fria sobre os olhos já pode ajudar bastante e até ser o suficiente para o tratamento de uma conjuntivite.

No caso de conjuntivite viral, não há um tratamento específico. O uso de colírios de lubrificação pode auxiliar na resolução dos sintomas.

Já num caso de conjuntivite bacteriana, pode ser necessário o uso de colírios com antibióticos. Eventualmente, antibiótico sistêmico (por boca).

7) É necessário o afastamento escolar?

Sim!

Em se tratando de um quadro de conjuntivite infecciosa (viral ou bacteriana) é necessário o afastamento escolar.

A transmissão se dá pelo contato direto com as secreções ou compartilhamento de objetos.

Geralmente em 7-10 dias já costuma haver melhora dos sintomas.

*** FAIXA BÔNUS ***

a conjuntivite infecciosa é rara em bebês

É bastante comum, na primeira ou nas primeiras consultas de um recém-nascido, eu receber a seguinte queixa:

“Meu filho acorda com os olhos com muita secreção, quase grudados. Será que ele está com conjuntivite?”

Imagem 3- Secreção abundante SEM olho vermelho

E, na grande maioria das vezes, a resposta é não.

Tirando a possibilidade de conjuntivite química causada pelo colírio de Nitrato de Prata aplicado na maternidade e que, costuma haver resolução espontânea em 48h, e das conjuntivites neonatais provocadas por agentes infecciosos que podem estar presentes no canal de parto, como N. gonorrhoeae (gonorreia) e C. trachomatis (clamidíase), a conjuntivite infecciosa é bastante rara em bebês.

O que pode estar acontecendo então?

Possivelmente, um dos principais motivos de secreção abundante nos olhos dos recém-nascidos advém da obstrução do ducto nasolacrimal.

Imagem 4- Obstrução de ducto nasolacrimal

O ducto nasolacrimal é uma estrutura que liga os olhos ao nariz e que auxilia na drenagem das lágrimas.

Devido ao seu tamanho diminuto em bebês, não é incomum que haja obstrução.

Nesses casos, pode haver o acúmulo de secreções no canto dos olhos, principalmente, pela manhã. A vermelhidão não é tão comum, entretanto.

Realizar higiene com soro, compressas com água fria e, principalmente, a massagem de Crigler costuma ser suficiente para a resolução do problema.

Imagem 5- Massagem de Crigler

Bem, por hoje é só!

Espero ter elucidado mais essa.

Nos vemos em breve em mais uma publicação.

Espero vocês.

Até lá!

Dr. Vinícius F. Z. Gonçalves– Pediatra e Neonatologista

CLÍNICA GONÇALVES- Deixe a nossa família cuidar da sua

Fontes:

1) Nem todo olho vermelho é conjuntivite- Sociedade Paulista de Pediatria- Atualização de Condutas em Pediatria- Maio 2018.

2) Profilaxia da Oftalmia Neonatal por Transmissão Vertical- Sociedade Brasileira de Pediatria- Documento Científico- Dezembro de 2020.

Imagens:

Imagem 1- https://www.allaboutvision.com/pt-br/anatomia-ocular/conjuntiva/

Imagem 2- https://www.passeidireto.com/arquivo/59864626/linfonodos

Imagem 3- https://eyekids.med.br/obstrucao-congenita-das-vias-lacrimais-2/

Imagem 4- https://www.saudeocular.com.br/vias-lacrimais/

Imagem 5- https://www.nationwidechildrens.org/family-resources-education/health-wellness-and-safety-resources/helping-hands/eye-tear-duct-massage

Quando cortar o freio da língua?

Imagem 1

Olá! Tudo bem com vocês?

Eu espero que sim!

Hoje vou responder a mais essa pergunta: quando devemos cortar o freio da língua do bebê?

Mas, antes de tudo, vale destacar que essa é uma questão MUITO polêmica!

Em 2014, uma lei Federal foi sancionada, a Lei nº 13.002/2014, que oficializou o “Protocolo de Avaliação do Frênulo da Língua em Bebês”(o famoso Teste da Linguinha).

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), imediatamente publicou uma Nota de Esclarecimento em repúdio à expedição da lei. Dentre os motivos para a Nota:

  1. E principal: a SBP não foi consultada em nenhum momento. Desde a elaboração do projeto de lei até a sua promulgação.
  2. A avaliação da língua já era um procedimento realizado de rotina pelos pediatras.
  3. O estudo utilizado para a elaboração do projeto era um estudo brasileiro que avaliou -pasmem- APENAS 10 BEBÊS.
  4. Não havia um protocolo mundial ou consenso para a indicação da cirurgia (frenectomia ou frenotomia).

Para quem quiser ler a nota a fundo, deixo o link ao final do texto.

Muita água rolou e em 2019, a SBP encaminhou um ofício ao Ministério da Saúde solicitando a revogação da Lei nº 13.002, de 20 de junho de 2014.

Dentre os argumentos utilizados, destaco:

“O protocolo brasileiro inicialmente proposto pela lei aponta as maiores prevalências de anquiloglossia relatadas em todo o mundo, causando preocupação quanto a um provável superdiagnóstico. Vale ressaltar, também, que os estudos apontam a importância do seguimento nas primeiras semanas para os recém-nascidos com anquiloglossia que apresentarem dificuldades de amamentação. E este seguimento deve ser sempre realizado pelo pediatra”.

Para esclarecer, anquiloglossia seria a língua-presa “de verdade”. A sua incidência real na população é baixíssima e de fácil diagnóstico.

Mais do que isso, apesar de ser de fácil diagnóstico ele NÃO INDICA CIRURGIA!

Nenhuma ferramenta diagnóstica ou protocolo de triagem para a “língua presa” já criado é apropriado para o corte do freio da língua (frenectomia).

É indispensável a avaliação da mamada na Maternidade e após, ambulatorialmente, no consultório para uma possível indicação cirúrgica.

“E parecia que a Sociedade de Pediatria já estava prevendo o que estava por vir…”


Em 2018 e 2021, o Ministério da Saúde lançou notas técnicas para a orientação dos profissionais de saúde.

Nelas, o indicado seria a realização do Protocolo Bristol de Avaliação da Língua (BTAT) nos recém-nascidos nos primeiros dias de vida. Uma pontuação de 0-2 para 4 critérios seria dada ao paciente, sendo que, quanto menor a nota mais provável a chance de anquiloglossia grave (língua presa).

Veja abaixo:

***IMPORTANTE: Ainda assim, o Protocolo NÃO INDICA A CIRURGIA PARA CORTAR O FREIO LINGUAL!!! A avaliação da mamada ambulatorialmente continua sendo o PADRÃO-OURO.

Por fim, sim… prometo estou terminando.

No ano de 2022, a Sociedade de Cirurgia Pediátrica também se manifestou sobre o enorme aumento do número de frenectomias e frenotomias.

Destaco:

Ou seja, o procedimento NÃO é simples!

NÃO é só um “piquezinho”. NÃO é só um pontinho.

Pode trazer consequências seríssimas, lesões de glândulas e até de musculatura- eu infelizmente conheço e já presencieis alguns casos…

E sim, é necessário um profissional qualificado para realizá-lo.

Mais do que isso, é necessário um profissional qualificado para INDICÁ-LO!

Como havia dito, parece que a SBP já pressentia o que ia acontecer…

Em algumas partes do mundo, houve o aumento de mais de 800% do número de procedimentos cirúrgicos!!!

Uma lástima…

Espero que tenha respondido mais essa!

Nos vemos em breve.

Até lá!

Dr. Vinícius F. Z. Gonçalves

Pediatra e Neonatologista

CLÍNICA GONÇALVES- Deixa a nossa família cuidar da sua

Fontes:

  1. Nota de Esclarecimento (Sociedade Brasileira de Pediatria) Agosto 2014- https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/pdfs/nota_esclarecimento-dc_neo.pdf
  2. SBP solicita ao Ministério da Saúde revogação da lei que torna obrigatório o Teste da Linguinha em recém-nascidos (18/04/2019) – https://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/sbp-solicita-ao-ministerio-da-saude-revogacao-da-lei-que-torna-obrigatorio-o-teste-da-linguinha-em-recem-nascidos/
  3. NOTA TÉCNICA Nº 35/2018- Ministério da Saúde- https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/anquiloglossia_ministerio_saude_26_11_2018_nota_tecnica_35.pdf
  4. NOTA TÉCNICA Nº 11/2021- Ministério da Saúde- Para a Triagem de Anquiloglossia- https://egestorab.saude.gov.br/image/?file=20210601_N_NT11AVALIACAOFRENULOLINGUALRN_772086272972157347.pdf
  5. NOTA TÉCNICA- FREIO LINGUAL – FRENOTOMIA LINGUA- Sociedade de Cirurgia Pediátrica- Maio 2022- https://cipe.org.br/novo/wp-content/uploads/2022/05/NOTA-TECNICA-FREIO-LINGUAL-FRENOTOMIA-LINGUAL.pdf

Imagens:

1. Imagem 1- Retirada: https://www.babocush.com/blogs/news/tongue-tie-in-babies-what-you-need-to-know

Extensão da licença-maternidade para Mães de Prematuros

Olá! Como estão todos vocês? Espero que bem!

Estamos há menos de um mês do “Dia Mundial da Prematuridade”, o dia 17 de Novembro.

Quer saber mais sobre essa data? Confira aqui: https://clinicagoncalves.com/2019/11/28/novembro-roxo/

Hoje, no Brasil, cerca de 10% dos bebês nascidos são prematuros, cerca de 300 mil bebês/ano.

E, temos MUITO o que comemorar!

No dia 21/10/2022 foi aprovado por UNANIMIDADE a extensão da licença-maternidade para as mães de bebês nascidos prematuros.

Este assunto já vinha sendo discutido desde 2020, mas ainda em caráter provisório…

Há uma semana, a lei foi sancionada pelo Superior Tribunal de Justiça (STF) e diz que: “o início da licença-maternidade começa após alta hospitalar da mãe ou do recém-nascido, o que ocorrer por último.”

O entendimento vale para internações longas, acima do período de duas semanas, e obviamente, engloba os casos de bebê prematuros.

1) Mas qual era a regra antiga? 

O afastamento da gestante poderia ocorrer entre o 28° dia antes do parto e a data de nascimento do bebê. Pela legislação anterior, a licença-maternidade tem duração de 120 dias, período no qual a mulher tem direito ao salário-maternidade, cujos custos devem ser arcados pela Previdência Social.

2) E o que mudou?

Atualmente nos casos em que se a exija internação prolongada da mãe ou da criança, bebês prematuros ou quando houver complicação decorrente do parto e se exija a permanência por mais de 14 dias, internado, esse período não será considerado na contagem dos 120 dias de afastamento remunerado ao qual a gestante tem direito.  

3) Mas a partir de quando o tempo de licença-maternidade é contado?

O início determinado é a partir da alta hospitalar da mãe ou do recém-nascido, o que ocorrer por último.

4) E se houver uma nova internação? O prazo será extendido?

Não. Se porventura aconteça uma internação posterior à alta, o período de internação não será considerado para fins de prorrogação do benefício.

Se restar dúvida, deixo abaixo o link da Portaria Conjunta de N°28, de 19 de março de 2021.

5) Tá certo. Mas o porquê de tanta comemoração?

Hoje, infelizmente, uma minoria das mães conseguem amamentar os seus bebês.

Seja por dificuldades em relação ao parto, à própria amamentação ou devido à pressão externa da família ou amigos…

As famosas frases:

  • ” Seu leite é fraco”
  • ” Seu leite não sustenta”
  • ” É por isso que ele não dorme”
  • ” Dá uma mamadeira para ele que você vai ver como ele passa a noite toda”
  • ” Na minha época, você já estava comendo caldinho de feijão com 2-3 meses”

Enfim, além dessa enormidade de baboseiras, soma-se a necessidade da volta ao trabalho.

Atualmente, no Brasil, a amamentação exclusiva alcança 45,8% dos bebês com até seis meses.

Muitas mulheres têm que ou são estimulas a interromper a amamentação para voltar ao trabalho.

Além das enormes perdas, referentes à nutrição, imunidade, desenvolvimento cognitivo… Temos também a perda do vínculo mãe-bebê.

Em especial, àquelas que já tem a sua maternidade e o seu puerpério interrompidos pelo nascimento prematuro e pela internação prolongada em UTI.

Deixo aqui as palavras Dr. Clóvis Francisco Constantino, Presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP):

“Essa é uma decisão histórica, que vem ao encontro de todos os pleitos que temos feito nos últimos anos no que tange a proteção, promoção e apoio ao aleitamento materno. Todos nós sabemos, e já está mais que comprovado cientificamente, os benefícios do leite materno para as crianças e para as mães que amamentam.”

VAMOS COMEMORAR! TEMOS MUITO O QUE COMEMORAR!!!

Saiba e exija os seus direitos.

Todos a favor da amamentação!!!

Até a próxima.

Dr Vinícius F. Z. Gonçalves- Pediatra e Neonatologista

CLÍNICA GONÇALVES- Deixe a nossa família cuidar da sua.

Fontes:

  1. Portaria Conjunta de N°28, de 19 de março de 2021. Link: https://drive.google.com/file/d/1pAC62_M8VW-6rydvCDurJ9e56L4wSM4v/view
  2. SBP comemora decisão do STF que garante licença-maternidade às mães de prematuros a partir da alta hospitalar. Link: https://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/sbp-comemora-decisao-do-stf-que-garante-licenca-maternidade-as-maes-de-prematuros-a-partir-da-alta-hospitalar/
  3. Licença-maternidade passa a ser contada a partir da alta hospitalar. Link: https://olhardigital.com.br/2022/10/25/medicina-e-saude/licenca-maternidade-passa-a-ser-contada-a-partir-da-alta-hospitalar/
  4. Compreenda as mudanças na licença-maternidade. Link: https://rblh.fiocruz.br/compreenda-mudancas-na-licenca-maternidade
  5. Taxa de amamentação no Brasil. Link: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2022/agosto/ministerio-da-saude-lanca-campanha-na-semana-nacional-de-amamentacao

Qual é o tempo certo para clampear o cordão umbilical?

Olá, tudo bem com vocês? Espero que sim!

Cá estou novamente para responder a mais essa pergunta.

Antes disso, gostaria de falar sobre a Consulta Pré-Natal com o Pediatra e/ou Neonatologista.

Muito recorrente em alguns centros, mas pouco conhecida ou falada aqui, no local em que trabalho e resido.

É incrível que muitas pessoas não sabem que existe ou deveria existir alguém para receber o seu bebê após o nascimento. E que, conhecê-lo antes do parto, poderia ser mágico.

Todas as suas dúvidas e anseios poderiam ser respondidos e discutidos, como por exemplo: “qual é o tempo certo para clampear o cordão umbilical do seu bebê”.

É importante pontuar que para entrarmos a fundo na questão, é imprescindível que dividamos os bebês em dois grupos: Prematuros (menores que 34 semanas) dos Prematuros tardios (maiores que 34 semanas) e Recém-nascidos Termo.

  • Prematuros (menores que 34 semanas)

“…o clampeamento tardio do cordão umbilical (com mais de 30 segundos)…demonstrou redução da mortalidade, redução das taxas de hemorragia intracraniana, melhor estabilização da pressão arterial e menor necessidade de transfusões…”

No caso dos prematuros nascidos em boas condições, com choro forte e bom tônus, o tempo mínimo de clampeamento deveria ser de 30 segundos até a 60 segundos (1 minuto).

Um estudo de revisão da Cochrane, que incluiu mais de 4.000 prematuros e que, comparou os recém-nascidos que tiveram o clampeamento tardio do cordão umbilical (com mais de 30 segundos) com aqueles que não tiveram essa oportunidade, demonstrou redução da mortalidade, redução das taxas de hemorragia intracraniana, melhor estabilização da pressão arterial e menor necessidade de transfusões durante a internação naqueles incluídos no primeiro grupo.

E a ordenha do cordão umbilical?

Não há estudos com boa metodologia, até o momento, comparando o clampeamento precoce com a ordenha do cordão (manobra para tentar deslocar mais sangue do cordão para o bebê) para se dizer qual seria a melhor alternativa neste cenário, entretanto já existem estudos demonstrando o aumento de hemorragia intracraniana em bebês prematuros extremos (com menos de 28 semanas) que foram submetidos a manobra de ordenha ao nascer.

  • Prematuros tardios (maiores que 34 semanas) e Recém-nascidos termo

“…se o bebê termo apresentou um clampeamento precoce (com menos de um minuto de vida), a reposição de ferro deveria começar já nos 3 primeiros meses de vida e que aquilo seria um fator de risco para anemia futuramente.”

Semelhante ao primeiro grupo, este aqui num cenário de nascimento em boas condições (choro forte e bom tônus), deveria-se realizar o clampeamento do cordão umbilical entre 1 a 3 minutos.

Apenas isso, pode afetar na hemoglobina do recém-nascido já nas primeiras horas de vida e garantir um nível de ferritina (estoque de ferro) adequado para os próximos 3-6 meses.

Neste ponto, gostaria também de realizar uma pausa…

A atualização do Consenso de Anemia Ferropriva em Pediatria, em Agosto de 2021, pela Sociedade de Pediatria (SBP) incluiu o tempo de clampeamento do cordão umbilical como fator de risco para anemia.

Nele é pontuado que, se o bebê termo apresentou um clampeamento precoce (com menos de um minuto de vida), a reposição de ferro deveria começar já nos 3 primeiros meses de vida e que aquilo seria um fator de risco para anemia futuramente.

Veja como, o simples ato de aguardar um minuto, pode afetar o seu bebê nos próximos meses e como discutir isso com o seu Pediatra pode ser benéfico.

No entanto, como nem tudo são flores, bebês com mais hemoglobina também tem mais risco de icterícia (amarelão) e devem ser acompanhados de perto durante os primeiros dias de vida.

No que tange a ordenha do cordão umbilical, neste grupo de bebês, as evidências são insuficientes para tal recomendação, independentemente das condições de nascimento.

Para os bebês que não choram ao nascer, a recomendação é que seja feito o estímulo tátil no dorso (costas do bebê) em até duas ocasiões e caso não haja resposta, que seja feito o clampeamento precoce para o início das manobras de reanimação e estabilização pelo Pediatra.

Tudo que está descrito aqui acima foi baseado em uma Diretriz realizada em conjunto pela SBP e pela FEBRASGO (Federação Brasileira de Associações de Ginecologia e Obstetrícia) e publicada em Março deste ano, deixo o link abaixo.

Mais do que conhecer as recomendações é imprescindível que você as discuta (no bom sentido) com a equipe que fará o seu parto antes dele acontecer.

Todos sairão ganhando com isso, mas, principalmente, o seu bebê!

Espero ter respondido a mais essa.

Dúvidas ou sugestões? É só deixá-las abaixo.

Nos vemos em breve.

Até lá!

Dr Vinícius F. Z. Gonçalves- Pediatra e Neonatologista

CLÍNICA GONÇALVES- Deixe a nossa família cuidar da sua

Fontes:

1- Diretriz- Recomendações sobre o Clampeamento do Cordão Umbilical- Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e FEBRASGO (Federação Brasileira de Associações de Ginecologia e Obstetrícia)- 17 de Março de 2022. Link: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/23396c-Diretrizes-Recom_Clamp_CordUmb.pdf

2- CONSENSO SOBRE ANEMIA FERROPRIVA: ATUALIZAÇÃO: DESTAQUES 2021- Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)- Departamento de Nutrologia e Hematologia- atualizado 26/08/21. Link: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/23172c-Diretrizes-Consenso_sobre_Anemia_Ferropriva.pdf

Dia 19 de Maio- Dia de doação do leite humano

Olá!

O ato de doar e ajudar o próximo é o um dos mais belos que o ser humano pode realizar.

Estamos acostumados a ouvir sobre doação de sangue e de órgãos, mas muito pouco se sabe sobre doação de leite e agora, no dia 19 de Maio, comemoramos o “Dia de doação de leite humano”.

Não há data melhor para informar, conscientizar e orientar as mães sobre a doação de leite.

O leite materno contém vários macro e micronutrientes, elementos bioativos, anticorpos, células de defesa e bactérias necessárias para a formação e maturação do intestino do bebê (microbioma) e do seu sistema imune.

Indiscutivelmente, ele é a melhor opção para a nutrição da crianças, exclusivamente, até o sexto mês de vida e de forma complementar, ao menos até o segundo ano de vida.

No entanto, é notório o número crescente de mães que não podem amamentar ou que possuem baixa produção láctea, principalmente quando falamos de mães de prematuros que estão internados em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal.

Apesar da possibilidade de complementação com fórmula adequada para a idade, nesses casos, o leite materno é a melhor opção para esses bebês que possuem uma enorme emergência nutricional e imune.

Quando falamos de doação de leite, é importante deixar claro que NÃO estamos falando ou incentivando a amamentação cruzada, ou seja, o ato de uma mãe que possui grande quantidade de leite passar a amamentar o filho de outra mãe com baixa ou nula produção. Isso é perigosíssimo e CONTRA-INDICADO, pelo risco de transmissão de doenças.

Estamos falando da doação a partir dos Bancos de Leite Humano.

Hoje o Brasil dispõe de 223 Bancos de Leite Humano e de 220 Postos de Coleta, que não representam apenas unidades de captação de leite. São locais que fornecem ajuda, esclarecimento e incentivo para as mães continuarem amamentando, sendo elas doadoras ou não.

O leite doado passa por um processo de pasteurização, impedindo a possibilidade de transmissão de doenças, a qual a amamentação cruzada poderia resultar.

Entretanto, nesse processo, algumas das propriedades do leite são perdidas, como fatores que estimulam a imunidade e que diminuem a atividade bacteriana.

O mesmo não se pode dizer dos fatores imunomoduladores, que ao contrário, são curiosamente aumentados e que protegem os prematuros de doenças como a displasia broncopulmonar, retinopatia, sepse e enterocolite. Bem como, os componentes nutricionais, que são mantidos como no leite cru.

Em 2020, apesar da pandemia e da redução do número de doações, foram realizados mais de UM MILHÃO de atendimentos nos Bancos de Leite e foram doados cerca de 200.000 litros de leite humano, o que beneficiou exatos 180.763 neonatos.

PARABÉNS A TODAS MAMÃES ENVOLVIDAS!!!

Você é lactante e quer ajudar?

Deixo abaixo os locais aqui na nossa região que aceitam a Doação do Leite Humano:

  1. Banco de Leite Humano do Conjunto Hospitalar de Sorocaba

Avenida Comendador Pereira Inácio, 564 Lageado18031-000 SOROCABA , SP

Telefone: 15-3332-9405

Horario Funcionamento: DOM – SEGUNDA – TERÇA – QUARTA – QUINTA – SEXTA – SÁB

Manhã: de 07:00:00 às 11:00:00

Tarde: de 12:00:00 às 19:00:00

Coleta Domiciliar: Sim

Hora Marcada: Não

2. Hospital Santa Lucinda


Rua Cláudio Manoel da Costa, 57 – Jd. Vergueiro
Sorocaba – SP

Telefone: (15) 3212.9900

Se você não for dessa região e quer saber qual o banco de leite mais próximo, ligue para o Disque-Saúde: 136.

Vamos fazer essa corrente de bem e amor!

Até a próxima.

Dr Vinícius F. Z. Gonçalves- Pediatra e Neonatologista

CLÍNICA GONÇALVES- Deixe a nossa família cuidar da sua.

Fontes:

Nota de Destaque: 19 de maio – Dia de doação de leite humano- “Aumentando a conscientização sobre a doação de leite humano”- Sociedade Brasileira de Pediatra- 14 de Maio de 2021

Os 10 Maiores Mitos em Pediatria

Hoje falaremos sobre “Os 10 Maiores Mitos em Pediatria”.

E desmistificaremos todos eles!!!

Bora lá?

  1. Bebê precisa tomar água.

Mentira!

Os bebês, até a introdução alimentar, devem receber leite materno preferencialmente ou fórmula láctea adequada para a idade EXCLUSIVAMENTE.

NÃO é adequado e nem necessário dar qualquer outro tipo de líquido como água, chás ou sucos.

A oferta de outros líquidos pode fazer o bebê mamar menos e é um fator de risco para infecções gastrointestinais e cólicas.

Acredite, o leite materno tem TUDO aquilo que seu bebê precisa, inclusive líquido.

E caso você não consiga amamentar exclusivamente, a fórmula também já tem a quantidade de líquido exata para seu bebê.

Então tire da cabeça a ideia de dar água para ele no começo da vida.

2. Chá de picão e banho de sol reduzem o amarelão (icterícia).

Mentira!

Não há nenhuma comprovação científica de que o chá de picão possa reduzir a icterícia dos bebês.

No entanto, também não há indícios de que o banho de imersão com a erva possa trazer qualquer malefício ao bebê.

Bem como, não há nenhuma recomendação formal ao banho de sol como forma de redução do amarelão.

Ainda, essa exposição solar direta e por longos períodos pode ser prejudicial ao bebê.

Guia de Fotoproteção da Criança e Adolescente- Sociedade Brasileira de Pediatria

3. Funchicórea é eficaz contra a cólica.

Quando o tema é a cólica do lactente, nenhuma medicação foi comprovadamente eficaz para combatê-la.

A Funchicórea foi retirada do mercado, há alguns anos, pois a Anvisa desconfiou sobre a variação da quantidade de um dos componentes da formulação, o ruibarbo.

Apesar de ser um fitoterápico, o excesso da medicação pode provocar efeitos adversos graves aos recém-nascidos, como sonolência e sedação.

Além disso, uma das formas de ofertá-la aos bebês é adicionando-a na chupeta, o que além de promover o desmame precoce, pode provocar pneumonias aspirativas devido ao pó inalado.

Se não bastasse, um dos motivos de deixar o bebê mais calmo é a presença de sacarina, ou em outras palavras, açúcar.

Bula da Funchicórea

Portanto, além da eficácia controversa, pode trazer efeitos indesejáveis ao bebê.

Contra-indico.

4. Nenê Dent ou similares melhoram a dor relacionada ao surgimento dos dentes nos bebês.

Alguns países já retiraram esses produtos de mercado.

O Brasil ainda não, mas a Sociedade de Pediatria Brasileira (SBP) contra-indica o seu uso.

O motivo?

Eles geralmente contém Lidocaína, que é um anestésico tópico. Em doses altas, ele já foi responsável pela morte e intoxicação de crianças em todo mundo.

E adivinha o que mais tem na composição?

Bula do Nenê Dent

Isso mesmo! Mais açúcar. O que já configuraria um fator de risco para cáries nos bebês.

Mais uma mentira! Não indico.

5. Introdução alimentar deve ser feita com frutas e sucos.

Apesar de ser prática ainda comum. A introdução alimentar não precisa ser feita exclusivamente com frutas.

Sabe o famoso suquinho de laranja lima que a vovó adora recomendar assim que seu pequeno começa a comer?

Então, caiu por terra!

A SBP não recomenda a introdução de sucos antes do primeiro ano de vida. E, sim, estou falando dos naturais mesmo.

Por quê?

Porque este fato está intimamente relacionado ao sobrepeso e à obesidade infantil.

Manual de Alimentação da Infância À Adolescência- Departamento de Nutrologia

6. A melhor posição para dormir é de lado, correto?

Errado!

A melhor posição para dormir é de BARRIGA PARA CIMA!

Esta posição pode prevenir a morte súbita em até 70%.

Os bebês, no início da vida, tem uma respiração exclusivamente nasal. Então temos que evitar que qualquer objeto cause obstrução do narizinho e a asfixia. Cobertores, bichinhos de pelúcia e outros objetos fofos para fora do berço!

Além disso, o bebê possui um reflexo de defesa próprio, caso regurgite e ele naturalmente inclinará a cabeça para um dos ombros.

A via aérea também fica anatomicamente mais protegida quando o bebê está de barriga para cima.

De barriga para baixo, o caminho natural do leite, caso regurgitado, seria para a traqueia (pulmões). Observe como de barriga para cima o bebê fica mais protegido.

7. Não devo dar ovos ou peixe no início da introdução alimentar.

Mentira.

Assim como a introdução alimentar precoce, antes do quarto mês de vida, pode acarretar alergias e obesidade/sobrepeso; retardar a introdução de alimentos como o peixe e o ovo, pode ser fator de risco para alergia alimentar futura.

Por exemplo, não introduzir o ovo até o nono mês de vida pode aumentar o risco de alergia em 1,5 vezes. E não introduzi-lo até o primeiro ano de vida aumento o risco de alergia em 3 vezes.

A criança deve aproveitar a Janela Imunológica e ser apresentada a TUDO o que for natural até os 9 meses, extendendo no máximo até o primeiro ano de vida.

Guia de Alimentação da Criança ao Adolescente- Departamento de Nutrologia

8. Se o bebê ficar alguns dias sem fazer cocô devo ficar preocupada e fazer uso de supositório o quanto antes.

Os recém-nascidos possuem um reflexo chamado “reflexo gastrocólico”. Assim que o alimento cai no estômago, o intestino começa a fazer movimentos peristálticos e, em pouco tempo, ele elimina gases e fezes.

Entretanto, por volta do primeiro mês de vida, o bebê pode passar mais dias sem fazer cocô e isso pode ser perfeitamente normal.

Muitos bebês podem chegar a ficar quase uma semana sem evacuar, fazerem muita força para fazer cocô, ficarem vermelhos e isso não chega a ser configurado como constipação ou intestino preso.

Isto, inclusive tem nome: “Disquesia”.

Site da Sociedade Brasileira de Pediatria

Não estimule com cotonete. Não faça uso de supositórios.

Se seu bebê estiver bem, realize apenas massagens na barriguinha e movimentos com as perninhas.

Este é um processo normal de aprendizagem de como ele deve fazer a força correta para fazer cocô. Deixe seu bebê aprender mais essa!

9. Meu filho tem fimose. Devo fazer massagens e estourá-la o quanto antes para que ele não tenha que fazer cirurgia no futuro.

Mentira. Mentira. Mentira. M-E-N-T-I-R-A!

Quase a totalidade dos meninos nascem com fimose. A chamada “fimose fisiológica”, ou seja, normal.

E cerca de 90% deles terão resolução total até os 3 anos de idade.

A recomendação de fazer massagens e “estourar” a fimose não é verdadeira. Deve-se fazer movimentos suaves durante o banho ou limpeza para retirar o excesso de secreção apenas.

Estas manobras mais bruscas podem causar traumas psicológicos e físicos, gerando tecido cicatricial secundário que só poderá ser resolvido com cirurgia.

Portanto não os faça. Tenha tranquilidade!

10. Apesar de colocar meu bebê de pé após a mamada, nem sempre ele arrota. Pior ainda, ele quase sempre regurgita ou vomita. Acho que ele tem refluxo. Vou começar a dar uma medicação que uma amiga minha dá para o filho dela que também tem refluxo.

Recomendamos que após a mamada, o bebê sempre seja colocado em posição vertical por 20 a 30 minutos, porque isso pode ajudar a evitar que ele regurgite.

Entretanto, NÃO ele não precisa arrotar após todas as mamadas. Nem todos bebês arrotam.

Por outro lado, mais de 70% dos bebês regurgitam. E, se o seu bebê está com bom ganho de peso, altura, evoluindo bem, sem mais nenhum sintoma de gravidade… Tenha tranquilidade!

O pico do refluxo fisiológico acontece com 4 meses. Após isso e, principalmente, quando ele estiver sentando e iniciando a introdução alimentar, o refluxo deve reduzir naturalmente.

Não se auto-medique.

Existem medicações específicas para a Doença do Refluxo Gastroesofágico, que nada tem a ver com o Refluxo Fisiológico (normal). Se você quiser saber mais, cheque nessa postagem : https://clinicagoncalves.com/2017/12/07/mamae-tenho-refluxo-estou-doente-parte-1/

Além do que, mesmo para a Doença do Refluxo Gastroesofágico, grande parte das medicações caiu por terra. A Ranitidina (Label), que era comumente prescrita, saiu de mercado em 2020 pois havia um componente- a nitrosamina- que se ingerida por longo período de tempo estava relacionada ao surgimento de cânceres.

Todo cuidado com qualquer medicação dada ao seu bebê.

Sempre siga as recomendações do seu médico.

PERGUNTA BÔNUS

O SURGIMENTO DOS DENTES CAUSA FEBRE?

Essa resposta vou deixar com a publicação passada.

Confira aqui: https://clinicagoncalves.com/2021/02/27/febre-do-dente-verdade-ou-mito/

Bem, por hoje é só!

Dúvidas ou sugestões? É só deixar aí abaixo ou no campo “Dúvidas” do Site.

Nos vemos em breve.

Até lá!

Dr Vinícius F. Z. Gonçalves- Pediatra e Neonatologista

CLÍNICA GONÇALVES- Deixe a nossa família cuidar da sua.

Fontes:

Manual de Alimentação da Sociedade de Pediatria (Água para o recém-nascido) -https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/publicacoes/14617a-pdmanualnutrologia-alimentacao.pdf

Chá de picão- ( http://bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/EPN/EPN13/REIS-jaciara-MACHADO-janete-GOIS-maria-textuais.pdf )

Banho de sol para evitar icterícia- Guia de Fotoproteção da Sociedade Brasileira de Pediatria

( https://www2.isend.com.br/iSend/external/magazine?encrypt=856C7AD3F35DE85DA917FC6D79749975342476CDB528F629880FDD92D0E28577 )

Funchicórea- http://portal.crfsp.org.br/comunicacao-/4423-funchicorea.html

Nenê Dent- https://veja.abril.com.br/saude/gel-para-denticao-pode-fazer-mal-a-saude-do-bebe-diz-e-estudo/

https://paisefilhos.uol.com.br/bebe/estudo-mostra-que-gel-para-denticao-pode-fazer-mal-a-saude-do-bebe/

Posição para dormir- https://www.instagram.com/p/CLxsebOHsj0/

Introdução alimentar e janela imunológica- https://www.minhavida.com.br/familia/materias/37225-como-alimentar-os-bebes-com-base-na-janela-imunologica

Disquesia- https://www.sbp.com.br/especiais/pediatria-para-familias/cuidados-com-o-bebe/disquesia/

Massagens para Fimose- Manual de Uropediatria- Sociedades Brasileiras de Pediatria e Urologia- https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/Manual_Uropediatria-Final.pdf

Refluxo em bebês- https://clinicagoncalves.com/2017/12/07/mamae-tenho-refluxo-estou-doente-parte-1/

https://clinicagoncalves.com/2017/12/07/mamae-tenho-refluxo-estou-doente-parte-2/

Febre do dente- Verdade ou Mito?

Olá, como estão vocês? Espero que bem.

Hoje responderemos a mais esta questão: “Febre do dente: Verdade ou Mito?”

Mas antes de falar sobre isso, se você tem dúvidas de como é o nascimento dos dentes dos bebês e quando ele deveria ocorrer, recomendo que veja esta publicação do site:

https://clinicagoncalves.com/2017/06/07/primeiro-post-do-blog/

Para responder a esta questão, usei como base um dos maiores estudos já feito sobre o assunto, uma Meta-análise, que é um conjunto de vários estudos, publicado na Revista Pediatrics em Março de 2016: “Sinais e sintomas da erupção primária dos dentes: uma meta-análise” (link no final deste artigo).

Nele, é pontuado que junto com o surgimento dos dentes os pais citam como sintomas:

  • Inflamação da gengiva
  • Vermelhidão
  • Redução do apetite
  • Aumento da salivação
  • Problemas com o sono
  • Diarreia
  • Vômitos
  • FEBRE

Bem, e no estudo eles foram medir a temperatura destas crianças que estavam em pleno período de erupção dos dentes e descobriram que:

Na imensa maioria dos estudos, a temperatura dos bebês, nos dias que antecediam o nascimento dos dentes, oscilava entre 36,3 a 36,9°C e, no dia exato da erupção dos dentes, entre 36,2 a 37°C.

Portanto, a resposta para a nossa pergunta é: NÃO!

O nascimento dos dentes NÃO provoca febre.

Ele pode provocar elevação da temperatura do corpo, mas não a febre propriamente dita.

Mas doutor, eu juro que quando os dentes do meu bebê estão para nascer, ele tem febre, saliva mais, tem diarreia, tosse e escorre o nariz. O que pode estar acontecendo então?

O estudo também explica isso, assim como a Sociedade de Pediatria (link abaixo).

Justamente, no período em que os dentes vão nascer, as crianças estão em plena fase oral.

Levando objetos à boca, descobrindo o mundo com a boca. E não devemos barrar este processo importantíssimo.

Além disso, esta fase costuma coincidir com a introdução alimentar e com a maior exposição dos bebês a outras crianças/início da creche.

E, é justamente por isso, que ocorre o aumento das infecções respiratórias e gastrointestinais, que cursam com febre, vômitos, diarreias, coriza e tosse.

Ainda, por volta dos 5 ou 6 meses, as glândulas salivares aumentam a sua produção e tornam as suas secreções mais volumosas e espessas, o que justifica aquela “babação” característica da fase.

Por fim, assim que surgirem os dentes, já se recomenda o acompanhamento com o Odontologista Pediátrico, para o início das orientações, cuidados com os dentinhos e até mesmo para a criança já se acostumar com o ambiente do consultório do dentista.

Por hoje é só!

Espero que tenha elucidado mais esta questão.

Nos vemos, em breve.

Até a próxima!

Dr Vinícius F. Z. Gonçalves- Pediatra e Neonatologista

CLÍNICA GONÇALVES- Deixe a nossa família cuidar da sua.

Fontes:

Artigo Pediatrics: https://pediatrics.aappublications.org/content/pediatrics/137/3/e20153501.full.pdf

https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2016/03/17/febre-alta-em-bebes-nao-deve-ser-atribuida-ao-nascimento-dos-dentes.htm

FOUSP na mídia: Nascimento dos dentes do bebê causa febre?