Olá, tudo bem com vocês? Espero que sim!

Hoje eu vou falar sobre tudo o que você tem curiosidade de saber sobre o Coronavirus envolvendo as crianças.
Bora lá?
1. As crianças pegam COVID?
A resposta é SIM! As crianças têm a mesma chance de adquirir a doença assim como os adultos.
Inclusive, elas também transmitem-na da mesma forma.
O que acontece é que pelo fato das crianças muitas vezes não apresentarem sintomas e/ou apresentarem sintomas mais leves, o número real de afetados pode ser subestimado. Além de muitas vezes elas não serem testadas.
2. Quais são os sintomas da COVID-19 em crianças?
Nos últimos estudos, foi estimado um tempo médio de incubação de cerca de 5 dias após o contato com alguém doente.
Os principais sintomas são gripais como febre, tosse, congestão nasal, coriza, dor de garganta, mas também podem haver sintomas mais graves como cansaço, chiado (sibilos) e pneumonia.
IMPORTANTE: os sintomas gastrointestinais, como vômitos e diarreia, são mais comuns nas crianças do que nos adultos.
3. Quais são os testes disponíveis?
Existem muitos tipos, mas vou destacar aqui os 3 principais:
- RT-PCR: É o exame padrão-ouro para o diagnóstico da COVID-19. Realizado com cotonete (swab) da naso e orofaringe (nariz e boca) ou a partir da saliva- o que reduz a sensibilidade do teste. Pode ser colhido do 3º ao 10º dia de sintomas e pode demorar dias para o resultado final.
- Teste Rápido de Antígeno: Exame colhido de nasofaringe, apenas. Tem um sensibilidade menor que o RT-PCR. Pode ser colhido até o quinto dia de sintomas, embora seja melhor entre o 3º ou 4º dia. O resultado costuma sair em horas.
- Sorologia: Também conhecido como IgM e IgG. É um exame de sangue destinado ao diagnóstico retroativo, ou seja, para saber se você já teve COVID e não propriamente para o diagnóstico. O melhor momento para fazê-lo seria a partir da segunda semana do contato, idealmente a partir de 10 dias.
A ótima notícia é que a Anvisa acaba de liberar o “autoteste”. Exame que poderá ser comprado em farmácias e ser feito em casa.
De sensibilidade menor, o exame não substitui os anteriores, mas servirá para desafogar a demanda por testes, os quais estão escassos…
Entretanto, ele ajudará na identificação, isolamento das pessoas doentes e, assim, prevenindo a transmissão da doença.
4. As crianças precisam fazer o teste?
Depende!
Se a criança teve contato com pessoas que testaram positivo para a COVID-19, principalmente, pessoas do convívio, como os pais e irmãos, há uma grande chance dela também ter adquirido a doença, sendo neste caso, dispensável a coleta do exame.
5. Se meu filho testar positivo, o que devo fazer?
A primeira medida é CALMA!
Sim, estamos vivenciando um período de aumento do número de casos de COVID em crianças.
Com mais crianças acometidas, mais casos graves são documentados, naturalmente. Mas não podemos nos esquecer, que apesar disso, uma parte considerável das crianças terão formas leves ou assintomáticas da doença.
NOTA IMPORTANTE: NÃO EXISTE TRATAMENTO ESPECÍFICO CONTRA A COVID-19 LIBERADO PARA AS CRIANÇAS.
Portanto, o tratamento é exclusivamente de SUPORTE. Com antitérmicos, hidratação e repouso. Bem como realizamos há anos para a maioria das infecções virais, como a Dengue.
O uso de antibióticos está destinado apenas para crianças que apresentem infecções bacterianas associadas, como otites ou pneumonias.
Não acredite em fórmulas mágicas para o tratamento da COVID.
Nem utilize o mesmo tratamento de outra criança que conhece para o seu filho. O caso dele, não necessariamente, será igual ao de outro.
6. As aulas estão voltando. Eu deixo me filho ir para a Escola?
Este é um tema bastante polêmico.
A Sociedade Brasileira de Pediatria é fortemente favorável ao retorno às aulas em virtude da imensa perda social que tivemos nestes últimos anos de isolamento.
Pesa-se, no entanto, que o Brasil por ser um país muito heterogêneo possui particularidades que devem ser consideradas quanto a uma recomendação universal e irrestrita.
As escolas devem estar preparadas para receber as crianças em um ambiente seguro, evitando aglomerações, respeitando o distanciamento social, realizando a limpeza de superfícies recorrentemente, disponibilizando álcool em gel, exigindo o uso de máscaras e orientando os pequenos.
Os pais devem conversar com seus filhos e orientá-los, incentivando o uso de máscaras e a higiene das mãos.
A qualquer suspeita de COVID ou contato com pessoa doente, a criança deve realizar isolamento social e não frequentar a escola até passado o período de isolamento ou até ser descartada a doença.
7. Quanto tempo uma pessoa deve seguir isolada?
As recomendações mudaram recentemente.
O Ministério da Saúde orienta que caso a pessoa que adquiriu a doença esteja assintomática há 24h, sem febre e sem uso de medicações e que teste negativa por RT-PCR ou Teste de Antígenos no 5º dia do quadro (sendo o dia 1 o primeiro dia dos sintomas), ela poderá sair do isolamento social. Respeitando as medidas do Quadro 2 abaixo.
Caso ela fique assintomática no 7 dia da doenca, ela também poderá sair do isolamento SEM TESTAGEM. Caso permaneça sintomática, ela deve testar no 8º dia, se o resultado do teste for negativo ela poderá sair do isolamento respeitando as medidas do Quadro 2 abaixo. Se o resultado for positivo, ela deverá completar 10 dias de isolamento social.
Por fim, se ela ficar assintomática apenas no 10º dia, ela também poderá sair do isolamento social respeitando as medidas do Quadro 2 abaixo, SEM TESTAGEM.


8. Quero vacinar meu filho. As vacinas são seguras? Quem pode tomar as vacinas e quais estão disponíveis?
Todas as vacinas testadas já estão indo para a Fase IV (quer entender mais sobre isso? Confira a postagem sobre as vacinas em: https://clinicagoncalves.com/2021/02/06/estou-amamentando-posso-tomar-a-vacina-contra-o-coronavirus-e-meu-filho/ ), também chamada de Farmacovigilância, momento em que milhões de doses são aplicadas na população e são estudados os seus possíveis eventos adversos.
Importante destacar, que é justamente nesta Fase que a minoria dos eventos adversos são apontados.
Apenas nos Estados Unidos, mais de 7 milhões de doses da Vacina Pfizer foram aplicadas em crianças e a imensa maioria dos eventos adversos foram classificados como leves, como dor no local da aplicação, febre ou mal-estar.
Um dos principais medos dos pais, a miocardite após a vacina, foi documentada em apenas OITO CASOS e, em todos eles, a evolução clinica foi favorável (não ocorreu óbito).
No entanto, gosto de destacar que a miocardite, normalmente, é causa da por vírus comuns de resfriado… A infecção pelo SARS-Cov-2, vírus que causa a COVID, traz cerca de 20 vezes mais chance de miocardite do que a vacina.
A infecção pelo SARS-Cov-2, vírus que causa a COVID, traz cerca de 20 vezes mais chance de miocardite
A vacina Coronavac, por sua vez, já foi testada em mais de 3 milhões de crianças de 6-11 anos no Chile e mais de 211 milhões de crianças de 3-17 anos na China. Os estudos mostram que houve apenas 0,01% de eventos adversos e que, na sua imensa maioria, eram leves.
No Brasil, dispomos atualmente as duas vacinas citadas anteriormente:
Pfizer-BioNTech: Para crianças de 5-11 anos. Dose 10 microgramas (1/3 da dose dos adultos). Frasco de cor laranja. Intervalo de 8 semanas entre as doses- em estudo para o encurtamento deste tempo. Para adolescentes acima de 12 anos, a dose será igual a dos adultos, assim como o frasco de cor roxa. Intervalo de, pelo menos, 21 dias entre as doses.
Coronavac-Sinovac: Para crianças de 6-17 anos. Doses de 3 microgramas e intervalo de 28 dias entre as doses, o mesmo utilizado na população adulta. Em estudo para a inclusão de crianças menores (acima de 3 anos).
Por fim, deixo aqui o meu apelo e a minha sugestão de que vacinem os seus filhos.
Como venho insistindo nos meus canais, vacinar é um ato de amor.
Um ato de amor com o seu filho e com o próximo.
Apesar de, como falei anteriormente, muitas crianças serem assintomáticas ou apresentarem quadros leves, a COVID pode causar complicações tardias gravíssimas, como a própria miocardite, a COVID longa e a doença inflamatória multissistêmica pediátrica.
Tivemos 2.500 mortes de crianças pela COVID e suas complicações que poderiam ter sido evitadas pela vacinação.
Ainda, como as crianças são o atual grupo vulnerável, em virtude da não vacinação e da alta transmissibilidade da variante Ômicron, são justamente elas que devemos priorizar.
Quanto mais pessoas vacinadas, menor a circulação, transmissão e propagação do vírus! Mais cedo sairemos dessa!
Jamais se esqueçam: VACINAS SALVAM VIDAS!!!
Dúvidas ou sugestões? É só deixá-las abaixo.
Até a próxima!
Dr Vinícius F. Z. Gonçalves- Pediatra e Neonatologista
CLÍNICA GONÇALVES- Deixe a nossa família cuidar da sua
Fontes:
- SBP- Vacina Covid- https://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/o-brasil-deve-temer-a-doenca-nunca-o-remedio-1/
- SBP- Volta às aulas- https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/SBP-RECOMENDACOES-RETORNO-AULAS-final.pdf
- SBP- Orientações a Respeito da Infecção pelo SARS-CoV-2- https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/Covid-19-Pais-DC-Infecto-DS__Rosely_Alves_Sobral_-convertido.pdf
- SBP- Criança precisa fazer exames de COVID?- https://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/crianca-precisa-fazer-exame-da-covid-19-especialistas-explicam-quando-e-necessario/
- SBP- COVID – 19: Protocolo de Diagnóstico e Tratamento em Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica- https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/22487d-NA_-_COVID-_Protoc_de_Diag_Trat_em_UTI_Pediatrica.pdf