No mês de março é comemorado o Dia Internacional da Mulher e junto a isso é também o Mês de Conscientização da Endometriose. Aproveitando essas datas, chamamos a atenção para os cuidados com a saúde da mulher.
Calcula-se que, em todo o mundo, 176 milhões de mulheres sofram com a endometriose. É como se quase a população inteira do nosso país fosse formada por mulheres com o problema. Apesar de serem muitas as afetadas, conseguir um diagnóstico ainda é um desafio comum à maior parte delas. Um estudo feito nos Estados Unidos, no Reino Unido e na Austrália calculou em 9,28 anos o tempo que se leva desde o surgimento da doença até o diagnóstico.
Metade desse período (4,67 anos) costuma ser o tempo que a própria paciente leva até buscar ajuda médica. A outra metade geralmente é gasta de médico em médico, de exame em exame, até ser realizado o diagnóstico correto.
1) O que é endometriose ?
Pedaços do revestimento do útero (endométrio) migram para fora dele e ficam incrustados em outros tecidos abdominais. Exemplificando melhor: o sangue que deveria ser expelido pela vagina, migra para outras regiões do corpo.
Todo mês, quando o estrogênio e outros hormônios induzem um espessamento do revestimento uterino, essas células externas também se expandem. O revestimento uterino descama normalmente. Entretanto, as células deslocadas não têm um local para liberar o sangue acumulado e, com isso, são gerados cistos, cicatrizes ou aderências.
2) Quais os sintomas da endometriose?
A endometriose pode ser assintomática.
Quando os sintomas aparecem, merecem destaque:
• dismenorréia — cólica menstrual que, com a evolução da doença, aumenta de intensidade e pode incapacitar as mulheres de exercerem suas atividades habituais;
• sangramento menstrual muito intenso, frequentemente com grandes coágulos;
• dispareunia — dor durante as relações sexuais;
• dor e sangramento intestinais e urinários durante a menstruação;
• infertilidade.
3) Qual o tratamento da endometriose?
Por se manifestar de diversas maneiras, cada quadro de endometriose deve ser estudado de forma individual para definir a melhor linha de tratamento. A suspeita diagnóstica é, em um primeiro momento, clínica, baseada nos sintomas e no exame físico, que podem encontrar alterações muito sugestivas da doença. Porém, em muitos casos é necessário realizar exames complementares, como a ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal ou ressonância magnética, ambos muito eficazes para identificação e localização das lesões da endometriose.
Na Clínica Gonçalves, oferecemos exames que podem auxiliar no diagnóstico da doença, como as ultrassonografias: pélvica, transvaginal e transvaginal com preparo intestinal.
O tratamento é sempre individualizado, de acordo com as queixas e objetivos de cada mulher, incluindo muitas vezes analgésicos e anti-inflamatórios para a dor, além do uso de hormônios para controlar sintomas e lesões. Alguns casos podem necessitar de intervenção cirúrgica, principalmente quando os medicamentos não atingem controle sintomático suficiente ou na presença de massas pélvicas ou de infertilidade.
Isso mostra a importância de se educar tanto as pacientes quanto os profissionais de saúde sobre os sintomas e os métodos de diagnóstico da endometriose, uma doença que, além de muita dor, pode levar à infertilidade. Se todos estiverem atentos aos sinais dados pela doença, é possível descobri-la muito mais rapidamente, tornando o tratamento muito mais efetivo. Por essa razão, foi criado o mês de conscientização sobre a endometriose.
Dra. Francine Z. Gonçalves- Ginecologista e Obstetra