Vamos tecer alguns comentários sobre abortamentos, para tentar dirimir a ansiedade dos casais que passam por esta situação.
O aborto é uma situação muito mais frequente do que se pode imaginar e, na maioria das vezes, está associado à uma patologia fetal com chances mínimas de se repetir em uma gestação futura.
O aborto espontâneo acomete de 15 a 20 % das gestações e pode trazer transtornos de ordem física e psíquica para o casal. Pode ser primário quando acontece na primeira gestação ou secundário quando acontece após gestações anteriores bem sucedidas.
Ele pode ser precoce quando ocorre antes de 12 semanas de gestação ou tardio quando ocorre entre 12 e 22 semanas, com feto com peso inferior a 500 gramas. O aborto precoce habitualmente está associado à patologia fetal, muitas vezes associado a causas gênicas ou cromossômicas, endocrinopatias ou síndrome fosfolípide. Quando ocorre de modo isolado não necessita de investigação.
Já no abortamento tardio, as causas mais comuns são as malformações uterinas, a incompetência istmo cervical e as trombofilias.
O abortamento de repetição ou recorrente (dois ou mais abortos consecutivos) acomete de 0,5 a 2% das gestações. Na ocorrência de abortamentos consecutivos, o casal necessita de investigação para tentar elucidar a sua etiologia.
A investigação necessita de exames para afastar malformações uterinas; causas endócrinas; causas infecciosas como a sífilis, a toxoplasmose, o citomegalovírus, a vaginose bacteriana; trombofilias (doenças relacionadas com a coagulação do sangue) de causas adquiridas ou hereditárias e, mais raramente, a investigação do cariótipo do casal.
Nas mulheres acima de 35 anos, 40% dos óvulos apresentam alterações cromossômicas, sendo que as principais são: alteração nos cromossomos sexuais, cromossomos 13, 18, 21, o que pode acarretar em síndromes tais como Síndrome de Turner, Síndrome de Patau, Síndrome de Edwards e Síndrome de Down, sendo que tais doenças cromossômicas estão associadas à maior incidência de abortamentos e óbitos intrauterino e neonatal.
Portanto, as mulheres com idade acima de 35 anos habitualmente apresentam uma incidência um pouco maior de abortamento, assim como risco maior de complicação durante a gestação com o aumento da incidência de malformações fetais.
A perda de um bebê é uma situação bastante delicada e, quando recorrente, traz mais aflição para o casal.
Porém, mesmo quando a investigação não consegue demonstrar a causa do aborto; o prognóstico é bom, sendo que a chance de se obter uma gestação de termo e viável encontra-se na faixa de 65 a 70%, mesmo após três perdas consecutivas sem causa evidente.
Portanto, tenha em mente que o aborto é geralmente uma ocorrência única. A maioria das mulheres que abortam podem ter uma gravidez saudável posteriormente.
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Até Breve!
Dr. José Francisco Gonçalves Filho– Ginecologista e Obstetra. Fundador da Clínica Gonçalves.