
Olá! Tudo bem com vocês? Eu espero que sim!
E aí? Será que faz mal para o bebê assistir TV, usar tablets ou smartphones?
A resposta é SIM!
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda ZERO horas de tela para crianças com menos de 2 anos.

O excesso de telas pode predispor a alterações de sono, a problemas visuais e à obesidade.
Falei sobre isso numa postagem anterior.
Confira aqui: https://clinicagoncalves.com/2020/03/01/obesidade-infantil-a-epidemia-parte-2/
Além disso, pode causar distúrbios de atenção e irritabilidade, a chamada Síndrome Visual do Computador.
Por acaso, você não percebeu que algo mudou nas crianças pós-pandemia?
Pois é, as telas podem ser a chave de muitas respostas.
Mas hoje vamos nos ater aos problemas visuais. E os principais são:
1) Efeitos na acomodação
A acomodação é o efeito que os músculos dos olhos (ciliares) fazem no cristalino para que consigamos focar um objeto, principalmente de perto.
Após 2 horas de telas, já pode haver o comprometimento de 20% da acomodação visual.
E isso pode causar visão embaçada, dor de cabeça, olhos vermelhos e até mesmo problemas de convergência (estrabismo).
2) Efeitos na Superfície Ocular
Crianças que ficam nas telas piscam menos e de forma menos efetiva.
Ao piscar, distribuímos o filme lacrimal de forma uniforme.
A exposição prolongada a telas pode provocar queimação nos olhos, sensação de areia, vermelhidão e secura.
Sabe aquela criança que não para de piscar e que parece ter um tique? Pois bem, isso pode ser um efeito resposta para a tentativa de melhorar a hidratação.
Por bem, apenas com um mês de redução do uso de telas já vemos uma melhora nesses sintomas.
3) Efeitos na motilidade ocular
Temos visto um aumento no número de crianças que apresentavam a visão normal e desenvolveram estrabismo, nos últimos anos.
Em alguns desses casos, os pais referem que as crianças muitas vezes fechavam um dos olhos para melhorar a visão, que se apresentava dupla, principalmente ao longe.
O abuso das telas pode “forçar” os músculos retos mediais dos olhos e ser um fator de risco para o estrabismo adquirido (“olho vesgo”).
Ficar em frente aos smartphones por mais de 5 horas por dia demonstrou ser um fator de risco elevado para a condição.
4) Incidência e progressão da Miopia
Tem se notado um aumento no números de Míopes no mundo.
Estima-se que até 2050, metade das pessoas do mundo serão Míopes.
E credita-se a essa tendência ao aumento do uso de telas e ao menor tempo gasto ao ar livre.
Após a COVID, um estudo notou um aumento de quase 3x na incidência de Miopia em crianças de 6-8 anos.
Na Ásia, 90% dos adolescentes e adultos são míopes.
Estima-se que até 2050, 50% das pessoas do mundo serão Míopes.
MEU DEUS!!!!
Então o que fazer?!?
1) Primeiro e óbvio
Reduzir o tempo de tela e expor os pequenos ao ar livre.
Expor as crianças de 11-14h semanais ao ar livre e à luz solar mostrou ser um fator de proteção para o desenvolvimento de miopia.
2) Distância
Uma distância de um braço da tela e a um ângulo abaixo do rosto seriam as ideais.
Ajuste o brilho e o contraste.
Evite a utilização da tela ao ar livre ou em ambientes muito iluminados e com reflexo.
3) Piscar
Conhecem a regra 20-20-20?
Simples (não tanto…).
A cada 20 minutos de tela, PARE!
Olhe para um objeto a 20 pés de distância (6 metros).
Por 20 segundos e PISQUE. Aproveite e relaxe o braço e os ombros.
Isso pode ajudar a lubrificação dos olhos.
O mesmo efeito pode ser efeito ao olhar para mais longe, em ambientes com luz natural e em intervalos maiores.
Para pessoas (adultos) que trabalham com telas, o uso de colírios lubrificantes também podem ajudar.
Como disse acima o mais importante seria limitar a tela, por mais difícil que isso possa parecer.
Incluir atividades ao ar livre, aproximará você e os seus filhos.
Além de ser um ótimo incentivo para a prática de exercícios e atividades físicas!
Termino o texto e deixo vocês com esse triste dado:

Vamos mudar isso!!! 😉
Nos vemos na próxima postagem.
Espero vocês lá!
Dr. Vinícius F. Z. Gonçalves– Pediatra e Neonatologista
CLÍNICA GONÇALVES- Deixe a nossa família cuidar da sua
Fontes:
– Documento Científico: Grupo de Trabalho Oftalmologia Pediátrica (gestão 2022-2024)
No 67, 12 de Maio de 2023. Sociedade Brasileira de Pediatria.