
Olá, tudo bem com vocês? Espero que sim.
Em virtude de tantos casos de maus-tratos contra a criança sendo noticiados ultimamente na mídia, achei que fosse o momento ideal de falar sobre o assunto.
Nem sempre o abuso é físico ou sexual.
Os maus-tratos contra a criança também englobam o abuso psicológico, consistindo na submissão da criança ou adolescente, agressões verbais, desqualificação, culpabilização, cobranças excessivas e punições humilhantes; bem como a violência química, intoxicações e envenenamentos, bullying, a Síndrome de Munchausen, que consiste na simulação de sinais e sintomas na criança pelos pais ou cuidadores para ganho terciário e até na alienação parenteral, quando um dos cuidadores promove ou induz aversão ao outro cuidador, prejudicando o vínculo entre eles.
Números
As causas externas correspondem a uma grande parte das mortes no Brasil. Elas englobam os acidentes de trânsito, quedas, queimaduras, afogamentos, bem como as agressões (violência) e o suicídio ou tentativa de pratica-lo.
Entre os casos fatais, apresentaram o valor de 5,4% nos menores de 5 anos, quase 30% no grupo de 5 a 9 anos, mais de 42% na faixa de 10 a 14 e quase 75% nos adolescentes de 15 a 19 anos.
Uma das formas de reduzirmos a violência é denunciando:

NÃO SE CALE! DISQUE 100. Sua denúncia será registrada anonimamente.
Ou acione a Polícia Militar pelo 190.
NÃO SE CALE!!
Durante a Pandemia- anos 2020 e 2021- tivemos redução do número de denúncias, provavelmente por subnotificação.
Com o maior tempo de pais e filhos em casa, esperaríamos na verdade e infelizmente, um aumento do número de casos de violência contra a mulher e contra a criança…
NÃO SE CALE!!!
Está certo, mas como posso desconfiar que meu filho está sofrendo algum tipo de violência?
Muitas vezes, a criança não apresenta nenhuma alteração no exame físico.
Nenhuma marca ou hematoma, mas isso não significa que esteja tudo bem.
Sempre desconfie se o seu filho ou quem estava com ele, após o surgimento de uma lesão, contar uma história que a justifique que não pareça compatível ou que seja fantasiosa. Ou ainda mais, se ele ou essa pessoa mudar fatos e/ou pontos da história quando confrontado.
Outro fator para desconfiança seria a demora para procurar ajuda, numa história de trauma grave ou o medo expresso da criança e/ou adolescente em contar o mecanismo do trauma, principalmente, se ele estiver próximo do possível agressor.
Além disso, se a queda foi o mecanismo de trauma alegado, sempre tente saber a altura da queda, superfície de contato, se havia testemunhas no local… Uma queda de altura superior a 1,50 metro pode causar lesão grave, uma queda menor que isso, muito possivelmente não.
Traumas repetitivos também suscitam em suspeita. Principalmente se eles não condizerem com a fase evolutiva neurológica da criança, por exemplo, alegar que a criança rolou e caiu em se tratando de um recém-nascido ou a presença de vários hematomas em dorso numa história de queda do berço.
Ainda devemos observar o contexto social em que a criança está inserida.
Se existe história positiva de cuidadores com uso abusivo de álcool ou drogas, história pregressa de agressão a mulher, criança e/ou animais, história de doença mental ou depressão ou de abuso na infância. Tudo isso deve ser considerado.
O comportamento da criança também é muito importante.
Qualquer mudança abrupta como tristeza, depressão, choros inexplicados, apatia, auto-mutilação, falta de apetite, enurese noturna (xixi na cama) ou então agressividade, isolamento social também merecem atenção.
Uma criança que, por outro lado, apresente exposição e manipulação frequente de genitais, jogos eróticos e sexualização que não condizem com a idade, curiosidade sexual excessiva, introdução de objetos no ânus e/ou vagina pode indicar que ela esteja sofrendo abuso sexual.
Ainda, havendo lesão, existem alguns tipos que são mais características de abuso físico:
Vamos cuidar dos nossos pequenos.
NÃO SE CALE! DISQUE 100. Denuncie.
Dúvidas ou sugestões? É só deixar aí abaixo ou no campo “Dúvidas” do Site.
Nos vemos em breve.
Até lá!
Dr Vinícius F. Z. Gonçalves- Pediatra e Neonatologista
CLÍNICA GONÇALVES- Deixe a nossa família cuidar da sua.
Fontes:
- MANUAL DE ATENDIMENTO ÀS CRIANÇAS E ADOLESCENTES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA- 2ª edição-
SOCIEDADE DE PEDIATRIA DE SÃO PAULO – SPSP e SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA – SBP- 2018.
2. Protocolo de Abordagem da Criança ou Adolescente Vítima de Violência Doméstica- Número 2- Setembro de 2018- Departamento Científico de Segurança da Criança e do Adolescente – SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA – SBP.
3. Imagem das lesões em https://repositorio.hff.minsaude.pt/bitstream/10400.10/1997/1/Quando%20mau%20trato%20e%20DD%20%281%29.pdf – acesso em 12/04/21