Meu filho bateu a cabeça. Devo ir ao PS?!?

Olá, papais!

Hoje falaremos sobre os acidentes domésticos e como preveni-los.

Sabemos que os acidentes são a principal causa de óbito, atualmente, entre crianças de 1 a 14 anos de idade, chegando a cifra assustadora de 13 óbitos/dia e de 20.000 óbitos/ano. Além disso, a grande maioria deles ocorrem dentro da própria residência da criança ou no seu entorno e que, acreditem, 90% (NOVENTA POR CENTO) poderiam ser prevenidos.

Somado a isso, vemos um aumento na taxa de acidentes – um incremento de aproximadamente 25%- durante o período de quarentena que vivemos.

Diante deste contexto, vamos então ao nosso tradicional quadro de “Perguntas e Respostas”:

1) Por que as crianças sofrem tantos acidentes?

As crianças são naturalmente curiosas, aventureiras e estão descobrindo o mundo com as suas experiências e brincadeiras diárias. No entanto, vale lembrar que elas são também inexperientes, que muitas vezes ficam “em seu mundo” enquanto brincam, que são sujeitas às distrações e que não possuem o mesmo campo visual de um adulto, necessitando de supervisão constante.

2) Quem são as crianças mais propensas aos acidentes domésticos?

As crianças em idade pré-escolar, de dois a seis anos de idade, são as mais propensas a sofrer acidentes.

Além disso, existem outras características associadas: baixa idade, sexo masculino, baixo nível socioeconômico familiar e mal estado de conservação da residência (instalações elétricas e de gás precárias, lajes e terraços sem proteção…).

3) Quando os acidentes ocorrem mais?

Eles acontecem mais nas férias, feriados e finais de semana, principalmente no final de tarde e início da noite, na época de calor (verão).

Por isso, o cuidado nesse período de quarentena com as crianças.

4) Existe relação entre os acidentes com a faixa etária da criança?

Sim!

No primeiro ano de vida:

  1. Asfixias
  2. Quedas
  3. Queimaduras
  4. Aspiração de Corpo Estranhos

A partir de 2 anos de idade:

  1. Quedas
  2. Asfixias
  3. Queimaduras
  4. Afogamentos

Em maiores de 5 anos:

  1. Quedas
  2. Traumas com fraturas ósseas
  3. Choques elétricos

5) Onde mais acontecem os acidentes dentro de casa?

Eles acontecem nesta ordem de prevalência: cozinha, banheiro, corredor, escada, quarto e sala.

6) Certo! Mas o que fazer para prevenir os acidentes?

Após todas essas recomendações, vamos à pergunta principal:

“Quando devo levar meu filho ao Pronto- Socorro após uma queda?”

Devemos ter um cuidado especial com as crianças menores de 2 anos, principalmente, as menores de 3 meses. No entanto, são justamente elas que apresentarão o maior número de traumatismos cranianos devido ao tamanho maior e desproporcional de suas cabeças em relação ao corpo, além de estarem começando a melhorar a sua coordenação motora e aprendendo a andar. Vale destacar, que a grande maioria dos traumas é leve e não necessitará de avaliação médica.

Então quando se preocupar e levar a criança ao PS?

  • Menores de 3 meses
  • Quedas maiores de 1 metro em menores de 2 anos ou maior que 1,5 metro em crianças maiores de 2 anos
  • Galos na região de trás da cabeça
  • Perda de consciência por mais de 1 minuto
  • Vômitos de repetição -mais de 5 vezes seguidamente
  • Movimentos convulsivos
  • Sangramento de nariz ou ouvidos
  • Sinais de fratura do crânio

E o porquê dessa preocupação? Por que devo observar esses sinais? 

Porque todos esses sinais podem significar que pode estar acontecendo um sangramento (hematoma) dentro da cabeça da criança e, desta forma e nessas ocasiões, ela deve ser avaliada por um médico que deve solicitar a realização de Tomografia de Crânio.

Quer dizer que o médico deve solicitar sempre uma Tomografia de Crânio quando a criança sofre uma queda? E o Raio X?

A Radiografia de Crânio (raio X) não é capaz de avaliar um sangramento (hematoma) intracraniano. Desta forma, ele não é o melhor exame para este tipo de avaliação- exceto se houver suspeita de fratura.

No entanto, devemos lembrar que a grande parte das crianças sofrem quedas leves e de baixa intensidade e que a exposição à radiação recorrente pode ser deletéria à criança.

Sendo assim, a Tomografia pode ser útil em alguns casos mas deve ser evitado exagero em crianças cujo exame neurológico é normal.

Então o que eu faço quando meu filho cair? Posso deixar ele dormir?

Se ele sofreu uma queda leve, de uma altura baixa, não perdeu a consciência por mais de 1 minuto, não apresentou movimentos convulsivos (abalos de braços, pernas, mastigação, desvio do olhar) e nem apresentou vômitos de repetição, você pode sim só observar a criança em casa, num período de 4-6 horas.

É importante frisar que grande parte das crianças choram após uma queda e que, algumas delas, apresentam um episódio de vômito após. Muitas delas se esgotam e querem dormir e você pode e DEVE deixá-la dormir. Apenas observando se alguns dos sinais citados anteriormente aparecem.

Sendo assim, grande parte das vezes você pode e deve ficar em casa e observar seu filho e só ir ao Pronto-Socorro se houver piora do quadro.

Por hoje é isto.

Dúvidas adicionais? É só deixá-las abaixo

Até a próxima!

Dr Vinícius F. Z. Gonçalves- Pediatra e Neonatologista

CLÍNICA GONÇALVES- Deixe a nossa família cuidar da sua

Fontes:

https://pebmed.com.br/tce-na-emergencia-pediatrica-o-que-fazer/- Acesso em 08/06/2020

https://www.spsp.org.br/2012/07/23/traumatismo_craniano/- Acesso em 08/06/2020

https://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/acidentes-domesticos/- Acesso em 08/06/2020

Imagens:

https://www.sbp.com.br/especiais/pediatria-para-familias/prevencao-de-acidentes/- Acesso em 08/06/2020

http://www.pediatricabh.com.br/preven–o-de-acidentes.html- Acesso em 11/06/2020