
Olá! Tudo bem com vocês? Eu espero que sim.
Depois de um longo e tenebroso inverno, cá estou. E venho trazer um dos temas que mais assusta os pais e que mais me perguntam também: a Pneumonia.
Bora no nosso tradicional bate-bola?
1) O que é Pneumonia?
A Pneumonia é uma doença inflamatória dos pulmões. Geralmente, causada por agentes infecciosos como vírus, fungos e bactérias.
2) É comum e também muito grave “pegar” Pneumonia?
A resposta é sim e depende, respectivamente.
A Pneumonia é a principal causa de morbidade (doença) e de mortalidade em crianças menores de cinco anos em todo o mundo!!! Ou seja, ela é comum.
No entanto, para tranquilizar aqui quem está lendo esse texto, eu sempre digo que é improvável/impossível que seu filho ou você acordem de um dia para o outro com Pneumonia.
Ela é uma doença arrastada- em muitos lugares que você for ler/procurar refere-se como um quadro de gripe ou resfriado “mal tratados”.
Portanto, a pneumonia PODE ser grave. A depender da sua evolução, da idade do seu filho e de possíveis comorbidades que ele possua.
E, apesar de não concordar muito com a parte do “mal tratado”, como se a culpa fosse dos pais por não cuidarem de forma adequada dos seus filhos; eu vou de encontro com opinião de que a Pneumonia é precedida de um quadro, geralmente viral, de gripes ou resfriados que se arrasta, cursa com febre, tosse produtiva muito cansaço.
Portanto, a pneumonia PODE ser grave. A depender da sua evolução, da idade do seu filho e de possíveis comorbidades que ele possua.
O tema é tão importante que desde 2018 a Sociedade Brasileira de Pediatria tem publicado anualmente atualizações sobre ele, as quais utilizo para escrever esse texto (Fontes abaixo).
3) Como é feito o Diagnóstico?
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde, com a Atenção Integrada às Doenças na Infância (AIDPI), criaram e disseminaram critérios exclusivamente clínicos para o diagnóstico de Pneumonias em crianças (de 2 meses a 5 anos), com alto grau de sensibilidade.
Basicamente, uma criança com febre persistente, tosse produtiva, sinais de desconforto respiratório- cansaço, como marcações abaixo das costelas, entre elas, na região do pescoço- e/ou taquipneia, respiração aumentada (veja tabela abaixo com os valores de corte para cada faixa etária), já teria critérios para se pensar em um quadro de Pneumonia.

Claro, a história clínica é muito importante.
Uma criança com um quadro arrastado de gripe ou resfriado, com um novo quadro de febre ou febre persistente, cansaço, prostração, sonolência, que não melhoram após o uso de antitérmicos, recusa alimentar extrema… Faz pensar na possibilidade de Pneumonia.
Ainda, no exame físico, a presença de estertores e não sibilos (chiado)- difícil de entender? Explico a diferença entre eles na Live de Maio no meu perfil do Instagram @drvinicius_goncalves– corroboram para o diagnóstico.
O cansaço e a saturação baixa também ajudam a pensar no quadro.
Confira o quadro abaixo:

4) E o Raio-X (radiografia de tórax), não é necessário?
Não!
Todos os artigos- deixo as referências abaixo- são UNÂNIMES: a radiografia de tórax não deve ser realizada em quadros simples como os de gripes/resfriados ou Pneumonias não complicadas, de tratamento ambulatorial (em casa).”
O Raio-x deve ser reservado para os casos graves, que demandem internação, ou nos casos em que não haja melhora a despeito do tratamento.
O exame não é capaz de diferenciar quadros virais de bacterianos. Inclusive, nem mesmo os exames de sangue, como o Hemograma ou PCR/VHS…
Além de tudo isso, cada vez mais é discutido o impacto do número elevado e repetitivo de exames de imagens em crianças, como radiografia e tomografias. Bem como, sua íntima relação no aumento da incidência de cânceres no futuro.
“…a radiografia de tórax não deve se realizada em quadros simples como os de gripes/resfriados ou Pneumonias não complicadas, de tratamento ambulatorial (em casa).“
5) Quem causa as Pneumonias?
Depende da faixa etária.
Mas observe o quadro abaixo:

Importante pontuar que, em crianças com de 2 meses até 5 anos de idade, os agentes mais relacionados são os VÍRUS!!!
Seguidos das bactérias: Streptococcus pneumoniae (Pneumococo), Staphylococcus aureus e Haemophilus influenzae do tipo B (Hemófilos do tipo B).
6) Como posso prevenir que meu filho “pegue” Pneumonia?
Ótima pergunta!
São fatores de risco:
- Desmame precoce (antes de 6 meses de idade)
- Início precoce em creche/escolinha
- Desnutrição
- Baixo nível de saneamento/ condições de higiene
- Tabagismo passivo
- Comorbidades (doenças pulmonares, cardíacas, anemia falciforme, doenças auto-imunes, imunodeficiência)
- BAIXA COBERTURA VACINAL
Sim, manter as vacinas do seu filho em dia é um ótimo caminho!
Comentei sobre as vacinas do Pneumococo há uns meses, confira: https://clinicagoncalves.com/2023/10/26/a-nova-vacina-de-pneumococo/.
É possível complementar as vacinas públicas com as vacinas particulares de Pneumococo e Hemófilos, principais agentes que causam Pneumonia bacteriana em crianças.
Mas não se esqueçam, os VÍRUS são os principais agentes que causam Pneumonias e também são eles que geralmente predispõem a um quadro bacteriano.
Portanto, é importantíssimo manter atualizadas as vacinas de Gripe (Influenza) e COVID. E quem sabe, num futuro próximo, a de Bronquiolite (contra o VSR)???
7) E Pneumonia Silenciosa? Morro de medo!!!
Não sei ao certo porque houve esse “BOOM”de anseios, dúvidas e perguntas sobre a chamada “Pneumonia Silenciosa”.
A Pneumonia Silenciosa ou Assintomática, como o nome indica, não cursa com TODOS os sintomas típicos de uma Pneumonia comum.
Entretanto, ALGUM SINTOMA TÍPICO DE PNEUMONIA HÁ DE HAVER.
Sendo assim, pode não haver febre alta ou constante, mas deve haver cansaço, prostração, tosse…
Sinceramente, não encontrei documentos da Sociedade de Pediatria Brasileira abordando sobre o tema.
Quando se faz uma busca na internet, é mais provável que se encontre uma página de notícias comentando sobre a Pneumonia Silenciosa do que uma página médica.
Então para tranquilizar o coração de pais e mães, mesmo que não seja típico, em um caso de Pneumonia, o seu filho terá sintomas mais arrastados, que diferenciem de uma gripe ou de um resfriado. Algum grau de prostração ou cansaço mais persistentes.
E sim, num caso como esse, a avaliação médica de seu Pediatra é crucial!
Então é isso.
Espero que tenha elucidado mais essa.
Dúvidas ou sugestões? É só deixá-las abaixo.
Nos vemos em breve.
Até lá!!!
Dr. Vinícius F. Z. Gonçalves– Pediatra e Neonatologista
CLÍNICA GONÇALVES- Deixe a nossa família cuidar da sua
Fontes:
1) Documento Científico- Departamento Científico de Pneumologia- Pneumonia adquirida na Comunidade na Infância. Julho 2018. Link: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/Pneumologia_-20981d-DC-_Pneumonia_adquirida_na_comunidade-ok.pdf
2) Documento Científico- Departamento Científico de Pneumologia-Abordagem Diagnóstica e Terapêutica das Pneumonias Adquiridas
na Comunidade Não Complicadas. Maio 2021. Link: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/23054d-DC-Pneumonias_Adquiridas_Nao_Complicadas.pdf
3) Documento Científico- Departamento Científico de Pneumologia- Pneumonia adquirida na Comunidade na Infância- Fevereiro 2022. Link: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/23053i-DC-Pneumonias_Adquiridas_Complicadas.pdf
4) Documento Científico- Departamento Científico de Pneumologia- Pneumonias Adquiridas na Comunidade Complicadas: Atualização 2024- Abril 2024- Link: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/24347d-DC_PneumoniaAdquiridas_ComunidadeComplicada-Atualiza2024.pdf
5) Ministério da Saúde, Organização Pan-Americana da Saúde e Fudo das Nações Unidas para a Infância- Manual de Quadros de Procedimentos AIDPI- Brasília 2017- Link: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_quadros_procedimentos_aidpi_crianca_2meses_5anos.pdf
